Eleições 2020: jovens e idosos vão às urnas em Jaraguá do Sul mesmo com voto facultativo

Por: Natália Trentini

31/10/2020 - 06:10

Mais de 114.223 pessoas estão aptas a participar das eleições municipais em Jaraguá do Sul. Desse total, 4.660 eleitores escolhem efetivamente fazer parte do processo: são jovens de 16 e 17 anos e idosos acima dos 70 que não são obrigados a votar.

No Brasil, o voto é facultativo para quem está nessas duas faixas etárias. Entre os jovens, estão cadastrados 49 eleitores com 16 anos e outros 194 com 17 anos – entre eles está Júlia Lenzi Chaves e Gabriel Arnold de Souza. Ambos decidiram participar pela primeira vez de uma eleição.

Para a jovem estudante, votar é importante, pois acredita que é uma maneira de interferir de forma positiva na sociedade, buscando mais justiça e união.

“Votar é importante, pois é uma ótima maneira de interferir de forma positiva para a sociedade. Quando votamos, mudamos a vida das pessoas, e para mim, votar é isto: ajudar a construir uma sociedade mais justa e unida, através de alguns toques numa urna”, comenta.

Júlia Chaves acredita que jovens devem ter voz ativa na política I Foto Fábio Junkes/OCP News

Gabriel complementa destacando que votar é um direito obtido pela democracia e, por isso, enxerga como uma responsabilidade enquanto cidadão ativo.

Pretendo ter mudanças no cotidiano da cidade que vivo, a minha participação hoje, foi decidida para ter uma participação e peso de responsabilidade nas decisões tomadas na minha cidade que influenciam a minha vida como cidadão jaraguaense”, diz.

Escolha consciente

São mais de 4,4 mil idosos acima de 70 anos que estão entre os eleitores cadastrados. Eles representam 4% do eleitorado.

Isolda Altini Longui, 84 anos, está entre as 497 pessoas com mais de 79 anos que irá às urnas no dia 20 de novembro. Algo que ela faz questão de fazer. “Eu defendo a minha pátria com unhas e dentes”, afirma.

Isolda acredita que a falta de obrigatoriedade não deve impedir o voto I Foto Natália Trentini/OCP News

Não participar ativamente do pleito é algo que nem passa pela cabeça dela, que votou pela primeira vez com 18 anos, no início dos anos 50. Ela conta que o pai era extremamente ligado com política, o que passou para ela.

Isolda faz questão de analisar bem as propostas apresentadas. “A gente vota no melhor, na nossa consciência. Todos tem que votar, a opinião de todos valem”, afirma.

A aposentada considera que as pessoas que deixam de votar quando se torna facultativo estiveram apenas votando “obrigadas”.

“Precisa votar com uma ideia boa, com convicção”, comenta sobre a importância de analisar os candidatos com muita atenção.

Da mesma forma, o consultor José Dalmarco Filho, 74 anos, ressalta a importância de estar consciente dessa escolha que leva aos órgãos públicos pessoas responsáveis por decidir direitos e obrigações da população.

Para, ele a política é uma das maiores ciências da humanidade, sendo praticamente impossível tomar qualquer atitude sem ter relação com ela.

“Entendo que os seres humanos precisam envolver-se mais neste mundo, conhecendo o campo teórico e participar de alguma forma dos processos políticos eleitorais”, reforça.

Votar para melhorar

Isolda e José comentam que ao longo de tantas e tantas eleições, houveram muitas decepções com candidatos, mas a esperança segue firme, entendendo os altos e baixos e buscando sempre votar conscientemente.

“As pessoas não têm objetivo. Eu não vou deixar de votar porque está ruim, eu voto para melhorar”, declara Isolda.

Mesmo quem está para votar pela primeira vez acredita que essa dinâmica precisa ser observada de perto para que seja possível escolher candidatos sempre melhores.

“O cenário político não é uma coisa constante, as coisas podem mudar totalmente de uma eleição para a outra, e as pessoas acabam esquecendo disso. Pessoas não são iguais, o mesmo vale para políticos. A corrupção de um não é a garantia da corrupção de outro, assim como a honestidade de um não é garantia da honestidade de outro”, comenta Júlia.

Para a estudante, é preciso estar sempre buscando a renovação, especialmente no pensamento. “A política no Brasil é uma coisa difícil de melhorar pelo simples fato das pessoas viverem do passado. Não importa o que um governo está fazendo, sempre dirão que o anterior fez pior”, complementa.

A jovem divide a opinião de que a política deveria fazer mais parte da vida nas escolas, trazendo debates atuais, indo além da história. Segundo ela, isso seria fundamental para que os novos eleitores criem visão crítica e tenham opinião própria.

“A mudança tem que acontecer bem lá nas raízes da formação educacional, para que, no futuro, tenhamos cidadãos melhores”, finaliza.

Hora da decisão

Para José, esse ano o voto será dado a candidatos que apresentem uma visão a longo prazo para Jaraguá do Sul, que tenham formação, conhecimento prático das atribuições e responsabilidades.

Isolda diz estar com candidato a prefeito definido e conta que a cada eleição é preciso estar ligada nos acontecimentos políticos. Ela costuma se informar pelas mídias tradicionais, escolhendo candidatos que honrem a cidade.

Gabriel busca ver honestidade, solidariedade e visão para o futuro. Candidatos que sejam respeitados na cidade.

“Hoje o meu maior contato com a propaganda política de cada candidato é feita de forma online nas redes sociais, além de buscar sobre o candidato é claro, procuro ter opinião própria, hoje minha opinião e contraditória da minha família, penso e ajo, de maneira própria”, comenta.

Da mesma forma, Júlia afirma que tem pontos em comum e outros totalmente contrários ao da família. As redes sociais são uma forma de entender melhor sobre os candidatos e ter até mesmo conversas diretas, revelam Júlia e Gabriel.

Júlia conhece melhor os candidatos pelas redes sociais I Foto Fábio Junkes/OCP News

“Para um candidato sem bom para mim, é necessário que eu me veja nele, e veja que nossas ideias e ideais são parecidos. É necessário que haja uma proximidade, que seja ‘gente como a gente’ e não que fique em um patamar elevado. É necessário que ele se mostre acessível e disposto a ouvir o que os cidadãos tem a dizer”, destaca.

O que gostaria de ver na cidade

O consultor José Dalmarco Filho espera ver Jaraguá do Sul comandada por pessoas com competência e visão estratégica, planejando o município para o futuro.

Já Isolda espera mudanças práticas, no dia a dia, que facilitem a vida das pessoas. Como idosa, ela percebe especialmente as burocracias nos atendimentos pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e espera um olhar para essas questões. “São leis que não favorecem”, pontua.

Para Júlia, a vontade é ver os jovens com mais espaço e voz na política de Jaraguá do Sul. “Também acho que precisamos de pequenas mudanças pontuais na educação, como o ensino de libras, dos direitos das crianças e dos adolescentes. Essas pequenas mudanças farão grande diferença para o nosso futuro”, diz.

Gabriel também cita educação, falando especialmente do incentivo a novos segmentos do mercado de trabalho, que tragam mais opções de carreira.

“Nossa região é trancada em maquinário e vestuário, baixando assim as faculdades disponíveis em Jaraguá, a cidade tem que estar mais aberta em relação a áreas de trabalho”, defende.

 

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