Deputado dispara com arma de fogo ao vivo em sessão de votação no Legislativo do MS

Por: Bruno Gallas

18/05/2022 - 17:05 - Atualizada em: 18/05/2022 - 17:26

Uma sessão parlamentar no Estado do Mato Grosso do Sul terminou de maneira polêmica na última terça-feira (17). O deputado estadual João Henrique Catan (PL-MS) recebeu críticas de colegas de plenário ao findar seu voto disparando uma pistola em um estande de tiro durante sessão online.

A votação era sobre projeto de lei sobre o tiro esportivo no estado do Mato Grosso do Sul. Segundo o deputado, os disparos foram uma “advertência ao comunismo”.

“Esse projeto é um tiro de advertência no comunismo e na mão leve que assaltou o País. Por isso, uma salva de tiros, sim”, disse ele, ao ajustar o protetor auricular e atirar em uma imagem contendo uma foice e um martelo posicionada alguns metros à frente.

O projeto é de âmbito estadual e reconhece o risco da atividade de atirador desportivo integrante de entidades de desporto legalmente constituídas, com a finalidade de contribuir com os interessados em retirar o porte de armas de fogo. Foi aprovado por 16 fotos em favor e três contrários. Agora, passará pela sanção do governo do Estado.

Veja o momento dos tiros:

Desconforto entre os colegas

A atitude de Catan não foi bem vista entre os demais parlamentares. Em imediato suas falas e atitudes foram questionadas durante a sessão. Paula Corrêa (PSDB-MS), presidente do Legislativo sul-mato-grossense, afirmou que “isso é um exagero. Não pode acontecer”.

O deputado do PT-MS, Pedro Kemp, foi crítico e enfático. “Isso aqui não é um teatro. Da próxima vez, se quiser se aparecer, pendure uma melancia no pescoço. Temos assuntos mais importantes do que debater armas, assuntos como fome, miséria, desemprego, violência contra a mulher, a LGBTfobia”, conclui.

Quebra de decoro

Na sessão ordinária desta quarta-feira (18), os deputados Amarildo Cruz e Pedro Kemp, ambos do PT, lamentaram a conduta do colega João Henrique (PL) e pediram à Mesa Diretora da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS) a verificação de quebra de decoro parlamentar.

“Entendo que no limite da democracia, do bom senso e da natureza da nossa função, é fundamental preservarmos o debate e o direito ao contraditório. A posição do deputado João Henrique, ao manifestar seu voto descarregando uma arma no alvo, dizendo que era para advertir o comunismo, nos causa indignação. Tudo a favor do debate, nada a favor da violência. Essa postura é lamentável, condenável”, afirmou Amarildo.

Kemp pediu que a Corregedoria da Casa de Leis, com base no artigo 367 do Regimento Interno, averigue o comportamento do colega. “Não podemos banalizar o Parlamento, foi quebrada a liturgia do nosso cargo e desrespeitada a população”, destacou.

João Henrique fez uso da palavra para agradecer os votos para aprovação do projeto e reiterou que tem porte de armas.

“A Constituição Federal estabelece a competência para legislar sobre o desporto, que eu, em sessão remota, estava demonstrando, como muitos parlamentares já fizeram em outros segmentos que participam. Tenho porte de armas e, hoje com 34 anos, nunca me levou a agredir uma pessoa, seja homem ou mulher”, disse João Henrique.