Deboche e insultos marcam conduta de assessoras de ministra da igualdade racial

Reprodução Instagram

Por: Pedro Leal

26/09/2023 - 11:09 - Atualizada em: 26/09/2023 - 11:23

O Ministério da Igualdade Racial anunciou nesta segunda-feira, 25, que vai abrir investigação para apurar a conduta de assessoras da ministra Anielle Franco a partir de publicações nas redes sociais de fotos dentro de um voo da Força Aérea Brasileira (FAB) e imagens no estádio durante jogo do Flamengo contra o São Paulo pela Copa do Brasil, no último domingo.

As informações são do Estadão.

Em postagens no Instagram as servidoras debocham da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), provocam a torcida do São Paulo, abrem uma camisa do Flamengo no meio da torcida adversária e ironizam a derrota do time carioca segurando uma pasta com protocolo do governo federal.

“O Ministério da Igualdade Racial declara que recebeu a informação a respeito da postagem das servidoras em perfil privado de rede social e que, ainda que as postagens tenham sido feitas em momento de descontração, fora dos ritos institucionais e de tom informal, o caso será submetido às instâncias internas de investigação para apuração da conduta das servidoras”, informou a pasta em nota.

Na segunda-feira, a ministra Anielle Franco foi alvo de críticas por ter utilizado avião da FAB para viajar de Brasília a São Paulo para acompanhar a final da Copa do Brasil – o uso do avião da FAB foi à pedido da pasta.

A ida ao estádio ocorreu devido à assinatura de uma carta de intenções do governo federal em parceria com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para combater o racismo no esporte.

Anielle também participou da entrega das medalhas aos jogadores de São Paulo e Flamengo após o jogo.

Segundo o Estadão, funcionários do Ministério da Igualdade Racial já tinham alertado outras vezes o alto escalão da pasta a respeito da necessidade de manter a formalidade em agendas relacionadas ao órgão, por temer inclusive incertas da Controladoria-Geral da União (CGU) .

Em seus stories do Instagram, a chefe da Assessoria Especial de Assuntos Estratégicos da pasta, Marcelle Decothé, fez diversas publicações sobre o jogo.

Em uma delas, Marcelle aparece ao lado de outra pessoa enquanto faz um gesto obsceno no meio da torcida do São Paulo, com a legenda “Disfarçadas”. Depois, em outra publicação segurando a camisa do Flamengo, Marcelle critica a diretoria do clube:

“Independente da diretoria fascista, dos pau no koo que acha que merece vestir a camisa desse clube, pra sempre Flamengo. Não importa onde esteja, sempre estarei contigo!”, escreveu.

A mesma foto de Marcelle com a camisa do Flamengo foi publicada pela assessora especial de comunicação estratégica da pasta, Luna Costa. Na publicação, Luna debocha do fato de Marcelle ter exposto a camisa do Flamengo na torcida do clube adversário.

“Marcelle brincando com o perigo abrindo a camisa do Flamengo no meio da torcida do São Paulo”, diz a publicação.

Luna também publicou outra imagem na qual Marcelle aparece carregando uma pasta do governo federal na qual estaria o protocolo assinado pela ministra Anielle Franco para combater o racismo no esporte.

“Realidade – derrota do flamengo + saindo andando com o protocolo de intenções do Gov Federal na mão + tentando achar transporte + gás lacrimogêneo + olho e boca ardendo”, escreveu na legenda.

Ministra

A viagem da ministra Anielle Franco para a final da Copa do Brasil tem gerado críticas nas redes sociais. O ministro dos Esportes, André Fufuca, também viajou para o jogo em um avião da FAB.

O ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, compareceu ao mesmo evento, mas foi até São Paulo em um voo comercial.

A ministra atribuiu críticas ao uso de avião da FAB à racismo e misoginia, e alegou que criticar o uso da aeronave seria um “ataque ao povo brasileiro”.

“É inacreditável que uma ministra seja questionada por ir fazer o seu trabalho de combate ao racismo e cumprir o seu dever. Vemos que as noções estão invertidas quando avançamos em um acordo histórico de enfrentamento ao racismo e somos criticados por isso. O que de fato incomoda?”, questionou Anielle em uma publicação no “X”, antigo Twitter.

Segundo a ministra, as ações de combate ao racismo no esporte estão sendo desenhadas desde fevereiro.

Ela classificou o caso como um episódio de desinformação e violência de gênero: “Importante reconhecer que práticas de desinformação, manipulação da verdade e a divulgação de noticias falsas configuraram violência política de Gênero e Raça, na tentativa de impedir o nosso trabalho. Não são ataques à este ministério ou a mim, mas ao povo brasileiro”, escreveu.

No Morumbi, Anielle assinou um protocolo de intenções em parceria com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para colocar em prática ações contra o racismo no futebol.

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Pedro Leal

Analista de mercado e mestre em jornalismo (universidades de Swansea, País de Gales, e Aarhus, Dinamarca).