O French Quarter de Nova Orleans se viu o palco da última cena de horror fundamentalista na virada do ano novo, depois que Shamsud Din-Jabbar investiu contra a multidão que se preparava para celebrar a virada na Bourbon Street, tradicional centro da vida noturna de Nova Orleans, ferindo mais de 30 pessoas e matando 15, antes de sair de sua picape e atirar contra a multidão
Um ex-militar com simpatias pelo grupo terrorista Estado Islâmico do Iraque e Levante (ISIS), Din-Jabbar teria postado vídeos promovendo e exaltando o movimento antes do ataque, segundo informações do FBI.
Ao menos 15 mortos em nome de um movimento fundamentalista que não tem nem nunca teve espaço para o outro – e que saiu dos noticiários não por seu enfraquecimento, mas por um caso extremo do que Melissa Holcombe chama de fadiga de compaixão: de tanto ouvir sobre as atrocidades do Estado Islâmico, o grande público cansou de se importar – e a imprensa parou de cobrir.
E no desespero por atenção – o grande combustível do terrorismo, a publicidade sendo o oxigênio do terrorismo – o Estado Islâmico passou anos cometendo barbaridades cada vez maiores em suas execuções espetaculares de prisioneiros, massacres e atentados, até que de repente ninguém mais ligava para outra decapitação, incineração, execução com bazuca, atentado em país do Oriente Médio, estupro em massa ou sequestro de jornalistas.
Afinal, que diferença faz ouvir sobre mais uma atrocidade se não podemos fazer nada a respeito, pensa o cidadão médio – e com o tempo, esta apatia atingiu a imprensa.
E agora após anos sendo ignorado mesmo estando muito na ativa, um simpatizante – possível membro – do EI ataca no coração do ocidente, em uma data de celebração, como se anunciasse “ainda estamos aqui, vocês não nos silenciarão”.
E desta vez não há como virar os olhos e dizer “isso é coisa rotineira daqueles cantos”, e ignorar como vem sido feito pelos últimos cinco anos. Com uma única ação, Shamsud Din-Jabbar devolveu ao grupo o oxigênio que lhe foi negado por anos.
Din-Jabbar pode não ter agido sozinho, no entanto: Agentes do FBI encontraram explosivos plantados em outras partes do French Quarter, indicando ou que Din-Jabbar pretendia fazer mais vítimas – ou que outras pessoas estavam envolvidas.
2025 já começou mal – e deve ficar pior; a violência desta virada de ano pode muito bem devolver os holofotes a um grupo que parecia ter se restringido ao Oriente Médio, onde, lamentavelmente, seus atos são vistos pela imprensa e a política internacional como “comuns” e devolver o ímpeto para atos em escala global.
Esperemos pelo melhor.