Cerca de 90% dos funcionários da Celesc aderem à greve em Santa Catarina

Foto Eduardo Montecino/Arquivo

Por: Áurea Arendartchuk

17/09/2019 - 15:09 - Atualizada em: 17/09/2019 - 15:41

Os funcionários das Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc) deflagraram greve nesta terça-fera-feira (17) paralisando os trabalhos nas 16 regionais espalhadas pelo estado. Na Região Norte e Sul do Estado, cerca de 90% dos servidores aderiram a greve desde às 6h com previsão para ir até às 18h. A paralisação deve ser encerrada somente caso haja acordo com a direção da Celesc, informou o sindicato da categoria.

Segundo informou o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Energia Elétrica do Sul do Estado de Santa Catarina (Sintresc) apenas os supervisores estão trabalhando para fazer serviços internos, já as regionais da Celesc informaram que os serviços estão mantidos, mas que podem ter uma demora no atendimento.

A paralisação, segundo o Sintresc, foi deflagrada devido a não aceitação da proposta patronal. Os trabalhadores pedem a reposição da inflação, que passa dos 9%, mais a manutenção dos benefícios. Em encontro realizado na segunda-feira (16), a diretoria da Celesc ofereceu aumento de 4,28% mais R$ 3 mil de abono pago em parcela única no próximo mês, que foi rejeitado pelos servidores.

De acordo com o sindicato, a categoria optou pela greve e agora aguarda o chamado da empresa para uma nova rodada de negociação.

Segundo a Celesc, os trabalhos essenciais e de urgência serão prioridade neste período de paralisação. Porém outras situações poderão ser prejudicadas.

A Intersindical dos Sindicatos dos Eletricitários de Santa Catarina (Intercel) solicitou a mediação da Superintendência Regional do Trabalho e do Ministério Público do Trabalho (MPT). A paralisação foi anunciada por meio de nota.

Já a Celesc também emitiu nota de esclarecimento.

Confira as notas:

Nota Sintresc

“Nota aos catarinenses

A Intersindical dos Eletricitários de Santa Catarina (Intercel) comunica à população catarinense que diante da intransigência e de ataques da diretoria da Celesc contra os direitos dos trabalhadores, a categoria paralisará as atividades nesta terça-feira, dia 17.

Propondo a retirada de direitos e o ataque ao Acordo Coletivo de Trabalho dos empregados, a diretoria da Celesc põe em risco o bom serviço prestado à população catarinense. As entidades sindicais têm, ao longo dos anos, contribuído com a gestão da empresa, primando pelo papel social da maior estatal catarinense e pela valorização dos trabalhadores. O trabalho em conjunto entre sindicato e trabalhadores levou os próprios consumidores a elegerem a Celesc sucessivas vezes como uma das melhores distribuidoras de energia do Brasil e da América Latina.

Nesta terça-feira, a categoria para em protesto à visão desta diretoria, que privilegia o lucro acima de tudo, que privilegia o retorno rápido em detrimento de condições dignas de trabalho, remuneração e vida e que refletem no atendimento de qualidade ao povo catarinense. Ao atentar contra direitos dos trabalhadores, a empresa caminha para uma visão privatista que trará péssimas consequências à população. No setor elétrico, a privatização é sinônimo de tarifas mais altas e serviços precarizados para o povo. Para os trabalhadores resta a lógica de exploração e morte por atentados contra a saúde e segurança.

A postura da administração da empresa de total desrespeito com a história dos trabalhadores e com suas representações não deixa alternativa senão a mobilização. É preciso que o Governo do Estado intervenha junto à diretoria, tomando a responsabilidade de conduzir o processo negocial com o respeito e seriedade que até o momento a diretoria não demonstrou.

Os trabalhadores permanecerão em alerta, mobilizados para defender o patrimônio público catarinense. Compreendemos os transtornos que o movimento pode causar, mas pedimos aos catarinenses apoio nesta luta. Somente com trabalhadores valorizados que a Celesc pode continuar pública, atendendo nosso Estado e gerando desenvolvimento social e econômico para os catarinenses.

Mario Valeriano Dias – Coordenação da Intercel”

 

Nota Celesc sobre a paralisação

A Diretoria da Celesc informa que, desde o início das negociações do Acordo Coletivo de Trabalho 2019-2020, tem se pautado em levar ao empregado informação clara, objetiva e responsável a respeito dos argumentos que subsidiam a proposta que vem sendo apresentada aos Sindicatos representantes.

É sabido que o processo negocial envolve diversas fases e é construído rodada a rodada, até que se chegue à proposta final. Por este motivo, a Empresa considera inoportuna a paralisação de parte dos empregados deflagrada nesta data, tendo em vista, inclusive, que já reafirmou, aos sindicatos, o compromisso de apresentar, na reunião de hoje, novas propostas para as cláusulas ainda em discussão.

A Diretoria da Empresa pondera, ainda, que a discussão dos Acordos Coletivos de Trabalho na Celesc são fundamentais para a manutenção da Celesc Pública, que precisa ser cada dia mais eficiente, oferecendo serviços de mais qualidade e a custos menores.

Nos últimos anos muitas adequações foram realizadas na Empresa nesse sentido, porém ajustes ainda precisam acontecer. São mudanças importantes, que passam, também, pela redução de benefícios concedidos aos empregados e que a discussão sobre esse tema se acalora ainda mais durante as negociações do Acordo.

A Empresa lamenta o fato de a mobilização de hoje ter sido deflagrada antes do fim das rodadas. Todavia, mantém-se atenta à manutenção do contingente mínimo para atendimento de ocorrências de emergência e os serviços essenciais estarão disponíveis nos canais digitais da Empresa, por meio da Agência Web, disponível em celesc.com.br; no APP Celesc e pelos números 0800 48 0120 (serviços comerciais) e 0800 48 0196 (emergências na rede elétrica). Faltas de energia também poderão ser registradas por SMS para 48196 com a mensagem SEM LUZ + número da unidade consumidora.”

 

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