Um vídeo em que o Ministério Público do Trabalho usou o Sul do Brasil como exemplo de local onde se explora trabalhos análogos a escravidão provocou revoltada da deputada federal catarinense Caroline de Toni (PL). A peça publicitária, publicada nas televisões do Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, conta história de um trabalhador fictício que recebe convite para trabalhar na lavoura e, chegando lá, ele é obrigado a pagar tudo que consome, ficando escravizado por dívidas.
A deputada federal oficiou o Procurador Geral do Trabalho para que se corrija essa situação e assegure que o Sul não seja usado como exemplo negativo. A deputada quer saber por que o vídeo, que tem o apoio de vários órgãos do Governo Federal, usou o Sul do Brasil numa propaganda negativa, já que o Sul é a região que mais tem empregos formais do país e é onde as taxas de desemprego são as menores do Brasil.
“O Sul do Brasil é motivo de orgulho para o Brasil, com sua economia pujante, povo trabalhador e acolhedor, não pode ser colocada em um balaio de generalizações preconceituosas. Em vez de reforçar esses preconceitos, campanhas como essa deveriam valorizar boas práticas reais ou utilizar exemplos fictícios” retrucou Carol de Toni.
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Apoio estadual
A parlamentar recebeu apoio do deputado estadual Matheus Cadorin (NOVO). “Isso é inaceitável! Somos uma região que se destaca por ser a que mais gera empregos formais e tem as menores taxas de desemprego do Brasil. O Sul é referência em economia pujante e trabalho digno”, destacou Cadorin em suas redes sociais. “Pergunte a quem veio de outras regiões trabalhar aqui: as condições no Sul são motivo de orgulho e acolhimento. O vídeo, que estigmatiza nossa região, desrespeita o povo trabalhador e honesto do Sul”, completou.
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Conforme dados do próprio Governo Federal, os quatro principais estados do país com os piores índices de escravidão no trabalho são das regiões Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil.
Os cinco estados com maior número de casos de trabalho escravo de 1995 a 2023 são Pará (21%), Minas Gerais (14%), Maranhão (7%), Mato Grosso (7%) e Goiás (7%). Essa grave violação ocorre principalmente na atividade de pecuária no Pará, Maranhão e Mato Grosso, na construção civil em Minas Gerais e nas lavouras de cana-de-açúcar em Goiás. Os municípios com maiores registros de casos são São Félix do Xingu/PA, São Paulo/SP, Rio de Janeiro/RJ, Açailândia /MA e Marabá/PA.
Na sua rede social, Caroline de Toni escreveu que “embora o tema seja importante, o material comete um grave erro ao estigmatizar uma região inteira: o Sul”.
Para ela “uma região que é motivo de orgulho para o Brasil, com sua economia pujante, povo trabalhador e acolhedor, não pode ser colocada em um balaio de generalizações preconceituosas. Em vez de reforçar esses preconceitos, campanhas como essa deveriam valorizar boas práticas reais ou utilizar exemplos fictícios”.