Uma reunião do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB) se viu o palco de discursos de ódio depois que o advogado Hariberto de Miranda Jordão Filho fez declarações antissemitas durante uma reunião da entidade na última quarta-feira (20).
Instituições ligadas à advocacia, como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), reagiram às falas.
As informações são da CNN e do jornal o Globo.
Hariberto, que é membro da diretoria do instituto, pediu que todos os judeus presidentes de comissões do IAB fossem demitidos.
“Devem ser expulsos, eliminados”, disse o advogado, que já havia sido denunciado à OAB pela Federação Israelita do Rio de Janeiro, a respeito de outras manifestações antissemitas que ele já havia proferido.
Em seu discurso, ele também comparou ao holocausto o que acontece na Guerra no Oriente Médio, chamando os israelenses de nazistas. Afirmou ainda que na França “judeus não são permitidos” em órgãos de advocacia pois “advogaram para os nazistas”.
Os judeus foram as principais vítimas do nazismo.
Em seu discurso, o advogado ainda chamou os judeus de “tolos e fracos moralmente”, que só atuam “em bandos e matilhas despreparados intelectualmente”.
Bradou ainda que “no Instituto não há lugar para religioso judeu, sionista ou não”. Também afirmou qeu o presidente da comissão de direitos humanos da entidade, Carlos Schlesinger, deveria ser expulso “pois é judeu”.
Hariberto ainda exigiu que entidade “identifique o judeu associado (ou mais de um) que entregou à Fierj a gravação do que ele disse e o expulsá-lo”.
“Vossa Excelência, não pode fugir das exposições estatutárias e deve demitir, desde logo, todos os judeus presidentes das comissões e da diretoria que envergonham o Instituto, sionistas ou não, porque religiosos”, afirmou o advogado, durante a sessão, ao presidente do IAB.
Alguns membros do instituto tentaram interromper o discurso de Jordão Filho, mas a presidência da sessão permitiu que o advogado continuasse, dizendo que ele vai “assumir as consequências disso”.
No encerramento de seu discurso, afirmou que “seus detratores” não sabem lições de geografia e história. Ele citou, então, o que alguns povos deixaram para a humanidade, como os egípcios que construíram as pirâmides, os gregos, a democracia, os romanos, o direito romano, e os islâmicos “belas cidades” como Granada. “Os judeus deixaram só a crucificação de Jesus Cristo. Porque nem o muro das lamentações é dele, construído por Herodes pai e filho, ambos não judeus”, afirmou.
O IAB informou, em nota na quinta-feira (21), que iniciou um procedimento administrativo contra Jordão Filho e lamentou as declarações, que “ferem a dignidade de todos os envolvidos direta ou indiretamente com a triste fala”.
Segundo instituto, o procedimento servirá “para garantir a integridade e a reputação do IAB, como também assegurar o efetivo cumprimento de seus valores fundamentais”.
A seção paulista da OAB também disse repudiar as declarações e pediu que “as autoridades competentes” investiguem o caso e adotem “todas as medidas cabíveis conforme a legislação vigente, a fim de coibir tais atitudes e garantir que a justiça seja efetivamente realizada”.
O Sindicato das Sociedades de Advogados dos Estados de São Paulo e do Rio de Janeiro (Sinsa) comentou que as declarações são “inaceitáveis, violam os princípios éticos e morais que regem a atuação dos profissionais do direito e a convivência em sociedade”.