Diante da adesão da Finlândia à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), o ministro da Defesa da Rússia, Serguei Choigu, voltou a fazer “avisos” quanto às possíveis “consequências” da ação.
Ele avisou que a adesão dos finlandeses e o reforço da prontidão de combate dos aliados ocidentais agravam o risco de um conflito em escala mundial.
As informações são da Reuters e da AFP.
Nessa segunda-feira (3), depois de o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, ter anunciado a oficialização da entrada da Finlândia na aliança atlântica, o vice-ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Alexander Grushko, anunciou que Moscou pretende fortalecer a capacidade bélica nas regiões Oeste e Noroeste do país.
O ministro russo quis deixar claro que a adesão da Finlândia “potencializa os riscos de uma expansão significativa do conflito” na Ucrânia, mas “não afeta” o resultado da “operação militar especial” – termo usado pela Rússia desde o início da invasão – no território ucraniano.
Moscou tem mantido desde o início da invasão que seus esforços militares na região não são uma força de invasão, mas “proteção de cidadãos russos” – na Rússia, formadores de opinião e porta-vozes de estado negaram, repetidamente, a própria noção da Ucrânia como “nação soberana”. De lá para cá, a operação “de duas semanas”, como anunciado no início da ação, já se arrasta por mais de um ano.
Com a adesão da Finlândia, Choigu reafirmou que o esforço da Otan para aumentar a força de combate aumenta também o risco de conflito.
O ministro afirmou que, diante da “agressão”, Moscou se vê obrigada a tomar medidas para “garantir a segurança da Rússia” em resposta à adesão da Finlândia à aliança militar.
O discurso belicista não é novidade: a retórica de que a invasão ao território ucraniano seria uma forma de “garantir a segurança russa” já era usado na primeira invasão da Ucrânia, em 2014. Na época, separatistas russos na região de Donbass tomaram prédios públicos e declararam as províncias de Donestk e Luhansk “repúblicas populares independentes”.
A defesa dessas “repúblicas populares” foi parte da argumentação moscovita para alegar que não estariam invadindo a Ucrânia. Em fevereiro do ano passado, pouco antes da “operação militar especial” ter início, Putin reconheceu as duas regiões como “nações soberanas”; no mesmo discurso, alegou que a Ucrânia não tem tradição de soberania e seria apenas “um protetorado dos EUA”, não de fato um país.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, classificou a decisão de Helsinque de ingressar no bloco como um atentado contra a segurança russa, acusando ao mesmo tempo a Otan de ser hostil com a Rússia. Para Moscou, trata-se de mais um agravamento da situação.
“A ampliação da Otan é um atentado à nossa segurança e aos nossos interesses nacionais”, declarou em entrevista, acrescentando que a Rússia foi forçada a “tomar contramedidas”.
“Vamos acompanhar cuidadosamente o que está acontecendo na Finlândia e como isso nos ameaça. Serão tomadas medidas de acordo com isso”, afirmou Peskov.