Plenário: A um ano do grande tira-teima das urnas, veja quais as apostas dos principais partidos da região

Por: Elissandro Sutil

07/10/2017 - 06:10 - Atualizada em: 16/04/2018 - 12:18

Daqui a um ano os eleitores brasileiros vão voltar às ruas para escolher presidente, governador, senadores, deputados federais e estaduais. Com a velocidade das mudanças no cenário político, fica difícil até mesmo para quem acompanha os bastidores fazer previsões. Entretanto, uma coisa é certa, a descrença e a revolta da população não vão ter fim nos próximos 12 meses. Como isso vai ser traduzido nas urnas é que fica difícil de apostar. Os políticos tradicionais, os famosos caciques, estão com o filme queimado. Os partidos que dividiram o poder em Brasília também. Se antes o fora se restringia ao PT, agora PMDB e o próprio PSDB sentem na pele toda desconfiança. Na verdade, ninguém está salvo, como também ninguém foi enterrado ainda.

Da eleição mais dividida historicamente para presidência da República, ao impeachment de Dilma Rousseff, passando pelo arquivamento de denúncia contra Michel Temer pelo Congresso, chegando às acusações que pesam, inclusive, contra catarinenses como o próprio governador Raimundo Colombo (PSD), o baralho ganha novas cartas a cada dia. A levar em consideração o comportamento da maioria dos políticos de carreira, porém, é possível afirmar que eles não acreditam em mudanças substanciais. As próprias listas de pré-candidatos aos cargos majoritários comprovam isso. É claro que para se precaver da concorrência, os políticos tradicionais fecham seus partidos em torno de si próprios numa tentativa de jogar o jogo antes da hora.

Como jornalista que cobre política nunca fiquei tão na expectativa sobre qual será a resposta do eleitor. Não se trata agora apenas de ganhar partido A ou B, mas de saber como a urna irá traduzir tudo aquilo os brasileiros passaram nos últimos anos. Malas de dinheiro, joias de milhões de reais, estatais sangrando para sustentar interesses partidários e enriquecimento pessoal, sítio, aeroporto em propriedade privada bancado pelo contribuinte, relações espúrias entre agentes públicos e privados, o próprio judiciário desacreditado e partidos divergentes se unindo para não perder a mamata.

Tudo isso à custa de milhares de pessoas que morrem todas as semanas por falta de atendimento médico ou vítimas da insegurança, à custa de milhares de crianças sujeitas à educação precária, à falta de assistência básica e a uma quase inexistência de um horizonte melhor. A corrupção política foi escancarada a cada minuto, jogada na cara de “coxinhas, petralhas e isentões”. Resta saber se depois de tudo isso o brasileiro irá se livrar da síndrome de Estocolmo e terá maturidade para acompanhar o noticiário político, avaliar propostas, comparar históricos, fazer uma escolha sensata, tendo consciência de que se abster é passar um cheque em branco autorizando tudo a continuar como está.

As apostas dos principais partidos da região:

PP

Ex-prefeito de Jaraguá do Sul Dieter Janssen contará com apoio dos prefeitos de Guaramirim e Corupá | Foto Arquivo OCP

Presidente do PP em Jaraguá do Sul, Ademir Izidoro diz que a sigla já começou a trabalhar na pré-candidatura do ex-prefeito Dieter Janssen. Além de ter uma base organizada no município incluindo vereadores e o vice-prefeito Udo Wagner, Dieter contará com apoio dos prefeitos Luís Antônio Chiodini (PP), de Guaramirim e João Carlos Gottardi (PP), de Corupá. Para não correr o mesmo risco de 2008 quando embora tenha sido o candidato a deputado estadual mais votado da história de Jaraguá não se elegeu por não ter buscado votos fora, Izidoro diz que o ex-prefeito já tem atuação em outras cidades como Joinville, São Bento, Timbó, Rio Negrinho e Pomerode. “Na última eleição 150 candidatos de fora fizeram voto aqui. Então nós também vamos ter que sair. O nome do Dieter é bem aceito pela sua postura e história. Acreditamos que ele tem ótimas chances de representar bem a região”.

PSDB

Candidatura à reeleição de Vicente Caropreso é uma certeza para o PSDB | Foto Arquivo OCP

No PSDB, a candidatura à reeleição de Vicente Caropreso é uma certeza. O tucano, que desde janeiro ocupa o cargo de secretário de Estado da Saúde, se elegeu em 2014 com 41.089 votos, em uma disputa acirrada com Dóia Guglielmi, de Içara. Foram apenas 37 votos de diferença e uma urna em Içara impugnada. O vice-presidente da sigla no município, Tiago Coelho, diz que Caropreso deve fazer dobradinha com Marco Tebaldi e acredita na competitividade de ambos. A rede de apoio ao secretário envolve, segundo o próprio Caropreso, 16 municípios catarinenses.  Como secretário de Saúde, o jaraguaense tem enfrentado uma dura crise, com falta de recursos para bancar as ações da pasta e uma dívida que ultrapassa os R$ 700 milhões. Entre os correligionários, há quem defenda que Caropreso não deveria ter assumido o cargo, porém, à coluna o secretário avaliou que apesar das dificuldades está conseguindo ‘arrumar a casa’.

PMDB

Carlos Chiodini é pré-candidato a deputado federal | Foto Arquivo OCP

Um voo mais alto. É este desafio que tem motivado o secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado Carlos Chiodini. Eleito deputado estadual em 2014 com 49.233 votos, ele é pré-candidato a deputado federal. Segundo Natália Petry, que comanda interinamente a sigla no município, a intenção é que o jaraguaense seja um dos mais votados no Estado e o trabalho para isso já começou. Há dois meses, ele tem percorrido diversos bairros prestando contas da atuação. “O Chiodini conseguiu dar uma visibilidade incrível para a Secretaria de Desenvolvimento Econômico. É jovem e com maturidade política impressionante”. Embora o jaraguaense trabalhe estadualmente, Natália adianta que a meta é ter uma boa arrancada em Jaraguá do Sul e região, partindo com cerca de 40 mil votos de casa. A sigla estima que sejam necessários cerca de 120 mil votos para garantir a cadeira. Sobre uma candidatura à Assembleia Legislativa, Natália afirma que não há definição e que esse será um assunto conversado após a convenção do dia 16.

PSD

Apontado como pré-candidato, Jair Pedri afirma que o PSD também tem outros nomes | Foto Arquivo OCP

Apontado como pré-candidato a deputado estadual, o ex-vereador e presidente do PSD em Jaraguá do Sul, Jair Pedri, afirma que a sigla também tem outros nomes, citando o ex-prefeito de Guaramirim, Lauro Frölich, os dois vereadores do partido em Jaraguá, Arlindo Rincos e Ronaldo Magal, o secretário regional Leonel Floriani e o empresário Alcides Pavanello, “que sempre será uma referência”. A decisão, segundo ele, só será tomada em 2018. “O que posso garantir é que teremos com certeza candidato a estadual. O PSD é o partido do governador, não faria sentido ficar de fora”, defende ele, que fez mais de 20 mil votos na eleição para a Prefeitura de Jaraguá do Sul no ano passado. “Assim como não estava obcecado para ser candidato a prefeito, não estou agora para ser deputado. Essa é uma decisão do partido, eu estou apenas à disposição”, garantiu.

Outras siglas

Jean Leutprecht também é um possível candidato à Assembleia Legislativa. Atualmente no PCdoB, o ex-presidente da Fundação de Esportes pode migrar para o PDT em função das mudanças nas regras eleitorais. Pelo PT, a intenção também é lançar um nome, mas a sigla vem diminuindo consideravelmente nos últimos pleitos e hoje não tem um nome que se destaque, apesar da atuação comunitária de alguns filiados. O PTB de Marcelindo Grunner ainda não tem posição sobre uma candidatura a estadual, mas já definiu apoio a Carlos Chiodini a federal.

Ao governo estadual

Os partidos ainda jogam suas fichas e avaliam o cenário. Até agora se colocam como pré-candidatos Gelson Merísio, pelo PSD, tendo em tese aceno de apoio do PP. Entretanto, o deputado federal Esperidião Amin é sempre uma possibilidade. Já o PMDB aposta suas fichas em Mauro Mariani, que tem a sobra de Udo Döhler. No PSDB os nomes cotados são do senador Paulo Bauer e do prefeito de Blumenau Napoleão Bernardes. A esquerda busca formar uma frente, mas encontra dificuldades. Alguns nomes cotados são Angela Albino, que pode deixar o PCdoB e ir para o PDT, além do deputado estadual César Valduga. Os petistas citam como possibilidade os deputados federais Décio Lima e Pedro Uczai e o PR lista o deputado Jorginho Mello.