“A primeira batalha já vencemos, agora vamos trabalhar para vencer as próximas”, diz Antídio Lunelli

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Por: Áurea Arendartchuk

26/02/2022 - 07:02

Passados quase 10 dias desde a definição do MDB pelo nome de Antídio Lunelli como pré-candidato ao governo do Estado, motivada pelo cancelamento das prévias após a desistência dos outros dois interessados – o senador Dário Berger e o deputado Valdir Cobalchini – o prefeito e empresário destaca, em entrevista ao OCP, quais serão seus próximos passos de agora em diante. Faltam poucos meses para as eleições de outubro e pouco mais de um mês para os interessados na disputa deixarem seus atuais cargos, se necessário – a chamada desincompatibilização, cujo prazo vai até 2 de abril.

Lunelli é um dos nomes mais fortes do MDB no estado atualmente. Seu jeito simples, aliado à sua grande competência para gestão pública, o deixam muito confiante para o pleito deste ano. Isto se deve muito ao que ele fez em sua primeira gestão na Prefeitura de Jaraguá do Sul e agora neste primeiro ano da segunda, para a qual foi reeleito com 70% dos votos.

E para seguir a campanha ao governo de SC, Lunelli já anunciou que deve renunciar ao cargo de prefeito no fim de março, passando o bastão para o também empresário e vice Jair Franzner (MDB).

Confira a entrevista:

Com seu nome finalmente definido pelo MDB como pré-candidato ao governo do Estado, como fica de agora em diante?

Agora é trabalhar, acelerar o passo, construir e fazer um projeto a altura de Santa Catarina. Eu queria muito ter disputado as prévias no voto. Passei um ano viajando quase todos os fins de semana, me licenciei sem remuneração algumas vezes, para conversar com as bases justamente nesse processo.

Tínhamos uma boa vantagem, segundo as pesquisas, e esse já era um sentimento que vinha de algum tempo. A gente sente quando vai ao interior, quando as pessoas querem falar, querem fotos, listam suas preocupações. As pessoas querem mudança, querem alguém inconformado e com desejo de melhorar a máquina pública. Mas eu agradeço o gesto pela unidade e estou preparado para liderar o MDB neste processo.

No que depender de mim, as disputas ficaram para trás. Agora é identificar os aliados que pensam como a gente, que acreditam que dá para fazer mais, diminuindo o peso da máquina pública e desburocratizando e fazer a melhor aliança.

Faz tempo que o senhor colocou seu nome à disposição do partido e desde o ano passado muito água rolou debaixo da ponte, desde prévias canceladas até burburinhos de bastidores de um racha interno no MDB. A situação está contornada agora?

Na política nunca nada é 100%. Mas as resistências são cada dia menores, até porque é difícil ir contra a base. E quem não queria meu nome teve a oportunidade de disputar as prévias. Agora é trabalhar no mesmo caminho. Temos que construir juntos. Eu entendo que na política muita gente me olhe torto, pensam: lá vem esse italiano louco. E aí no decorrer do tempo vão vendo que meu propósito é pelo bem coletivo, minha revolta é contra o sistema.

O MDB é um partido muito grande, é natural que seja assim. Eu dei minha cara a tapa, sofri todo tipo de ataque, alguns de um baixo nível, inacreditável. Me perguntam porque me submeto a tudo isso quando poderia estar desfrutando a vida viajando, tranquilo. Mas sabe quando a gente tem um sonho, um desejo de ajudar a melhorar a vida das pessoas? Essa voz é muito forte dentro de mim. E esse desejo me faz ir superando uma a uma, cada dificuldade.

A primeira batalha já vencemos, agora vamos trabalhar para vencer as próximas. Só faz quem se dispõem a participar. Quem fica só nas redes sociais criticando, não ajuda.

O senhor deve renunciar quando ao cargo de prefeito? Já existe um planejamento sobre como será a condução da Prefeitura pelo vice Jair Franzner quando da sua saída?

A renúncia deve acontecer no dia 31 de março. Jaraguá do Sul está muito bem estruturada, organizada, com uma excelente equipe. Saio tranquilo, se não fosse assim, não sairia. E, cá entre nós, quem vai assumir é alguém altamente qualificado. O Jair Franzner tem uma história de trabalho, de preocupação com a comunidade, voluntariado e vem se preparando para isso desde o ano passado. Tenho certeza que fará uma excelente gestão, mantendo o município em destaque. Ele é mais mão fechada do que eu. Imagina eu governador e ele prefeito, que dobradinha! Vai ser ótimo para toda região.

Como prefeito de Jaraguá do Sul e empresário, o senhor se tornou muito reconhecido em SC, mas ainda mais na região Norte e recentemente encerrou um roteiro pelos quatro cantos do Estado. Isso o ajudou a ser mais conhecido em regiões distantes da nossa como o Oeste e o Sul?

A gente diz que os resultados de Jaraguá do Sul sempre chegavam na frente nos primeiros roteiros. Todo mundo ia para ouvir o prefeito de Jaraguá, alguns não sabiam o meu nome, mas sabiam dos nossos feitos. Me orgulho disso porque tornar Santa Catarina mais parecida com Jaraguá do Sul é um dos meus objetivos.

Depois, com o tempo, as pessoas passaram a me conhecer mais. No Oeste a gente tem uma comunicação muito fácil, sou um colono que virou empresário. E no decorrer da campanha, com um MDB organizado e unido, isso ficará ainda mais tranquilo.

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Jaraguá do Sul é referência em gestão pública, inovação, saúde e outras áreas. Muito deste reconhecimento estadual e nacional ocorreu durante sua gestão. Como mostrar isso na campanha eleitoral para o governo do Estado?

Isso é com pessoal de marketing, eles que trabalhem. Tenho um pouco de dificuldade de ficar falando de mim, estou aprendendo ainda. Mas fica mais fácil quando não se tem só promessas, quando tem uma história de vida, de colono, de colaborador, de empresário e de administrador público, para mostrar. Resumindo, minha bandeira é administrar Santa Catarina tendo como referência as melhores empresas do Estado, como fizemos em Jaraguá do Sul. Gestão é gestão e dinheiro não dá em árvore. O Estado arrecada, arrecada, tira o couro do trabalhador e do empreendedor e devolve muito pouco. É burocrático e ineficiente. Não tem projeto, só tem promessa de pix parcelado em cinco anos.

E como ficam as alianças para a campanha do MDB? Tempo atrás se falava em trazer o governador para o partido. Isso ainda pode acontecer?

Acho bastante difícil. A base não quer o Moisés. Ele teve tempo para fazer isso e não fez. Ficou flertando com todos os partidos. Eu não tenho problema pessoal com o governador, mas tenho muitas diferenças na forma de ver a gestão e a coisa pública. O Estado tem recurso, mas não tem nenhum projeto. Também não vejo que grande marca esse governo vá deixar. É um governo sem identidade.

Qual é a sua avaliação sobre a campanha deste ano, tanto a nível estadual quanto nacional. O eleitor de agora tem uma visão diferente de 2018?

Penso que a economia vai interferir bastante, principalmente no restante do Brasil. Caminhamos também para um cenário polarizado no país, o que talvez tire o foco dos grandes debates necessários, como as reformas, os investimentos em infraestrutura, a diminuição do peso da máquina pública, o pacto federativo.

Aqui em Santa Catarina talvez seja diferente e penso que aquele voto no escuro como foi em 2018, para deputado, senador e governador, não vai mais acontecer. O catarinense tem que escolher quem vai administrar bem seus recursos, um gestor, e não quem está só surfando na onda e depois nem fiel a ela é. Isso não funciona e custa caro.