Brigitte Bardot, atriz francesa que se tornou ícone do cinema mundial e posteriormente ativista pelos direitos dos animais, morreu aos 91 anos neste domingo (28). A informação foi confirmada pela Fondation Brigitte-Bardot à agência Radio France.
A estrela, conhecida como “BB”, havia sido internada em novembro de 2025 no hospital de Toulon, onde passou por uma intervenção cirúrgica. Em janeiro de 2023, ela também esteve hospitalizada por causa de uma insuficiência respiratória, o que indicava fragilidade em sua saúde nos últimos anos.
Nascida em 1934 em Paris, Bardot inicialmente queria ser bailarina, mas seguiu carreira como modelo antes de entrar para o cinema. Seu 1º papel foi em “Le Trou Normand” (1952).
Ela ganhou projeção mundial em 1956 com o filme “E Deus Criou a Mulher”, dirigido por Roger Vadim (1928-2000), seu marido na época. No longa, interpretou uma adolescente desinibida em Saint-Tropez, papel que a estabeleceu como ícone do cinema francês. Durante as duas décadas seguintes, Bardot personificou o arquétipo de sex symbol.

Foto: Reporters Associati & Archivi/Wikimedia Commons
Rapidamente, a atriz inspirou artistas e intelectuais, como Simone de Beauvoir (1908-1986), que publicou seu ensaio “Brigitte Bardot e a Síndrome Lolita”, em 1959, apresentando a atriz como a mulher mais livre da França.
No início dos anos 1960, Bardot participou de produções francesas de peso, incluindo o drama “A Verdade” (1960), de Henri-Georges Clouzot (1907-1977), indicado ao Oscar; “Vida Privada” (1962), de Louis Malle (1932-1995), contracenando com Marcello Mastroianni (1924-1996); e “O Desprezo” (1963), de Jean-Luc Godard (1930-2022).
Na 2ª metade dos anos 1960, a francesa fez incursões em Hollywood em filmes como “Viva Maria!” (1965), uma comédia ambientada no México, com Jeanne Moreau (1928-2017), e “Shalako”, um faroeste com Sean Connery (1930-2020).
Bardot foi escolhida, em 1969, como a 1ª modelo real para o busto Marianne, símbolo da República francesa.
Musa escolheu Búzios como refúgio

Foto: Chistina Motta/Wikimedia Commons
As visitas de Brigitte Bardot a Armação dos Búzios, na Região dos Lagos do Rio, em 1964, foram decisivas para transformar a antiga vila de pescadores em um destino turístico de projeção nacional e internacional. A atriz francesa morreu neste domingo (28), aos 91 anos.
Bardot esteve na cidade em duas ocasiões no mesmo ano, quando Búzios ainda era distrito de Cabo Frio. A primeira visita ocorreu em janeiro de 1964, quando ela permaneceu por cerca de quatro meses, hospedada em Manguinhos, com o então namorado, o produtor Bob Zagury. A segunda foi em dezembro, já em um contexto de maior visibilidade.
Em homenagem à atriz, Búzios tem uma orla com seu nome e uma estátua de bronze à beira-mar. Segundo a secretaria de Turismo, mesmo seis décadas depois, a ligação entre Brigitte Bardot e a cidade segue sendo um dos símbolos que atraem visitantes ao município.
Atriz vira ativista
A carreira cinematográfica de Bardot encerrou-se em 1973, quando tinha 39 anos. Nesse momento, ela decidiu mudar completamente o rumo de sua vida para se dedicar ao ativismo em defesa dos animais.

Foto: Zuma/Wikimedia Commons
Em 1977, Bardot viajou durante 5 dias às regiões polares canadenses para denunciar o massacre de filhotes de foca, campanha que resultou na proibição do comércio de peles desses animais.
Em 1986, ela vendeu objetos pessoais, joias e lembranças de sua carreira, arrecadando 3 milhões de euros para financiar sua fundação, dedicada à proteção animal. Bardot também doou sua propriedade para a instituição.
Após deixar o cinema, ela estabeleceu residência em La Madrague, em Saint-Tropez.
Em seu livro “Mon BBcédaire”, publicado em 1º de outubro de 2025, ela declarou: “A liberdade é ser você mesmo, mesmo quando isso incomoda”. A obra apresenta suas opiniões sobre diversos temas, do “A” de “abandono” ao “Z” de “zoológico”.
Ao falar da França, a atriz disse que o país havia se tornado “monótono, triste, submisso, doente, arruinado, devastado, comum, vulgar”. Próxima a Marine Le Pen, Bardot considerava que a direita era o “único remédio urgentíssimo para a agonia da França”.