Recentemente uma influencer, com mais de 1,5 milhão de seguidores, teve um áudio vazado que expôs o médico que fez seu parto. Segundo os relatos da paciente, o médico teria falado da vagina dela para terceiros, expondo sua intimidade, além de relatar que foi tratada com extrema grosseria durante o trabalho de parto. A influencer também acusa o profissional de ter revelado o sexo de seu bebê, sem o seu consentimento, em redes sociais.
Mas o que é violência obstétrica?
De acordo com a ginecologista e obstetra, Dra. Thaís Lebtag, violência obstétrica é um termo utilizado para caracterizar abusos sofridos por mulheres quando procuram serviços de saúde na hora do parto. Tais abusos podem ser apresentados como violência física ou psicológica, e são responsáveis por tornar um dos momentos mais importantes na vida de uma mulher em um momento traumático.
“A violência obstétrica não é algo fácil de ser reconhecido, primeiro por que a maior parte das mulheres não sabem nem que existe, segundo porque a maior parte dessas condutas se revelam de inúmeras maneiras, com diferentes características e, por muitas vezes, confundem-nas as fazendo considerar que tais condutas sejam normais e rotineiras”, explica a médica.
Ela ainda pontua que esses atos que afetam o corpo dessas mulheres, provocando dor e prejuízo físico (de grau leve a intenso), sem embasamento científico, é caracterizado como violência física. Já as condutas verbais e comportamentais, que provocam nessas mulheres sentimentos de fragilidade e desamparo, são de natureza psicológica. “De deboches e xingamentos, a cortes e intervenções desnecessárias no corpo da gestante, a violência obstétrica tem diversas nuances. Em comum, o desrespeito com a mulher”, frisa Dra. Thaís.
Entenda quais são os tipos de violência obstétrica
- Violência por negligência: negar atendimento ou privar a mulher de ter algum acompanhante, o que é protegido por Lei desde 2005;
- Violência física: práticas e intervenções desnecessárias ou violentas, sem o consentimento da mulher;
- Violência verbal: comentários constrangedores, ofensivos ou humilhantes à gestante; seja inferiorizando a mulher por sua raça, idade, escolaridade, religião, crença, orientação sexual, condição socioeconômica, número de filhos ou estado civil, seja por ridicularizar as escolhas da paciente para seu parto;
- Violência psicológica: toda ação verbal ou comportamental que cause na mulher sentimentos de inferioridade, vulnerabilidade, abandono, medo, instabilidade emocional e insegurança.
A especialista ainda destaca que para evitar a violência obstétrica é necessário que a parturiente conheça seus direitos, busque informações sobre parto e tenha uma equipe que lhe transmita confiança e segurança. “A qualidade dos cuidados médicos durante a gravidez ou no parto afeta diretamente a experiência da mulher no momento do parto. A experiência de nascer da criança e a cultura social do parto merecem a dignidade necessária de todos os envolvidos nesse sublime momento”, finaliza Dra. Thaís.
Sobre a especialista
A Dra. Thaís Straliotto Lebtag (CRM/SC 14849 e RQE 12.383) atende no Hospital e Maternidade Jaraguá, na rua dos Motoristas, 120. E também na Policlínica Rio Branco, na rua Barão do Rio Branco, 207, 1º andar, sala 05. Contato pelo telefone (47) 3275-1063.