Jaraguá do Sul 147 anos: Scar está presente na vida dos jaraguaenses há 67 anos

Foto: Arquivo OCP News

Por: Elisângela Pezzutti

25/07/2023 - 10:07

A Sociedade Cultura Artística (Scar) de Jaraguá do Sul é um verdadeiro templo da cultura, nas suas mais diversas formas. Possui atualmente mais de três mil alunos entre aulas particulares e gratuitas de dança, música, teatro, artes visuais e audiovisual, três orquestras – Orquestra Filarmônica de Jaraguá do Sul, Orquestra Jovem da Scar, Orquestra de Cordas da Scar-, além do Grupo de Câmara e Camerata, Coral, Companhia de Dança e Núcleo de Atores, ambos em turnê por cidades vizinhas, Big Band, projeto Música Para Todos, projeto Mais Dança, projeto Escola Vai Ao Teatro, Cine Clube, Núcleos de Produção Cultural (Cia de Teatro Contraponto, Instituto AION, Design Editora e Produções, Escritório de Cinema e Violoncello, Orquestra Filarmônica e Associação de Pais e Músicos) e parceria com a Prefeitura de Jaraguá do Sul, por meio da cultura e educação.

Projeto Música Para Todos | Foto: Divulgação/Denis Natan

Expansão

A expansão que o Centro Cultural teve nos últimos três anos chegou a 600% e não para por aí. A Sociedade Cultural tem planos para chegar a outras cidades, além de Guaramirim e Schroeder, onde desde fevereiro de 2023 acontecem aulas de música, dança, artes visuais e audiovisual através do Programa de Incentivo à Cultura (PIC) do Governo de Santa Catarina, em parceria com as Prefeituras, que cedem os espaços.

Acervo completo de instrumentos

Moderna e sustentável, a Scar possui um acervo completo, com todos os naipes de instrumentos. O destaque são os 36 pianos, entre eles um Steinway de cauda longa, e as 17 harpas que fazem de Jaraguá do Sul a cidade com maior concentração desse instrumento na América Latina. Os instrumentos, doados pelo empresário Wandér Weege, que em 2022 recebeu o título de Associado Benemérito da entidade, permitem à Scar receber grandes eventos de música, como o Festival Internacional de Música de Santa Catarina (Femusc), e manter aulas durante o ano inteiro.

 

 

As 17 harpas fazem de Jaraguá do Sul a cidade com maior concentração desse instrumento na América Latina | Foto: Chan/Divulgação

Valorização da arte

Fundada em 1956, inicialmente para abrigar uma orquestra de músicos amadores de Jaraguá do Sul, a entidade definiu desde o princípio, dar oportunidade para a valorização da arte, que se manifestava na comunidade através de grupos isolados de música, teatro, canto coral e balé.

“A Scar é um centro cultural de excelência que já formou diversos alunos nas mais variadas modalidades. Hoje são profissionais e trabalham exclusivamente com a arte e cultura”, comenta a diretora-executiva da entidade, Edilma Lemanhê.

Um dos maiores eventos realizados pela Scar é o Festival Internacional de Música de Santa Catarina (Femusc), que na edição deste ano reuniu participantes dos cinco continentes | Foto: Diego Redel

O início de uma história de muito sucesso

A história da Scar teve início na época do cinema mudo, quando o casal Adélia Piazera Fischer e Francisco Fernando Fischer acompanhavam as projeções com a música em um piano e um violino.

Esse dueto, que se tornou um quarteto com a introdução de mais dois instrumentos – o violino e o acordeon –, e mais tarde um quinteto, se transforma em uma pequena orquestra. E a pequena orquestra se transforma em uma Orquestra de Câmara, que se apresentava em Jaraguá do Sul e cidades vizinhas.

A atividade constante, a necessidade de um espaço para ensaios e a busca por meios legais de sustentação financeira levam o grupo a discutir sua própria organização e papel na sociedade. Até que depois de muitas reuniões, em 8 de junho de 1956 é fundada a Sociedade Cultura Artística. Desde o início, ficou estabelecido que a Scar não se limitaria à música instrumental e vocal, mas se voltaria às artes dramáticas, artes plásticas e outras manifestações artísticas.

A primeira Orquestra da Scar | Foto: Arquivo Scar

A primeira diretoria

Três meses após a fundação, os sete membros da orquestra formam a primeira diretoria: Fernando Sprigmann, Aleixo Dellagiustina, João Budal da Silva, Francisco Fernando Fisher, Romeu Bastos, Joaquim Piazera e Emilio da Silva.

Em 15 de junho de 1957, é realizado o primeiro Concerto de Gala da Orquestra da entidade, no Clube Atlético Baependi. O espetáculo reuniu a sociedade jaraguaense ao som de instrumentos sob a regência de Francisco Fernando Fischer.

A orquestra formada por 16 músicos vai tomando corpo e forma, até que em 1959, gravam o concerto que acontece no salão da Comunidade Evangélica Luterana, de Jaraguá do Sul. A gravação, além de ser levada para a Europa pelo empresário Rodolfo Hufenüssler, é apresentada aos integrantes da orquestra que, pela primeira vez, escutam sua música sob outra perspectiva, ajudando nos ensaios.

O nome de Jaraguá do Sul como polo econômico e cultural

Tornando-se conhecida regionalmente, os anos 1960 foram de intensa atividade para a orquestra. Assim, a contribuição artístico-musical da Scar projetava Jaraguá do Sul, polo econômico em ascensão, também como centro cultural.

Naquele período a entidade ainda dependia de doações do seu quadro de sócios contribuintes e de espaços emprestados por terceiros para o desenvolvimento de suas atividades. Mas, mesmo sem uma sede própria, a organização e a disciplina eram notáveis. Com dias fixos para ensaios e participação totalmente voluntária, os músicos participavam com entusiasmo e eram convidados para os mais variados eventos. A música ligeira dava o tom do repertório: Bach, Strauss, músicas húngaras e árias de ópera eram sucesso garantido.

O adeus à instrumentista Adélia Fischer

A grande perda para seus integrantes veio em 1970, com a morte de Adélia Fischer, que além de ser pianista e acordeonista, era a grande incentivadora do projeto.

O impacto da perda de sua principal inspiradora foi aos poucos sendo minimizado pela retomada das atividades da orquestra, mantida pelo empresário Dietrich Hufenüssler, que assumiu a presidência da entidade com o objetivo de administrar um nome, uma ideia e um piano da marca Essenfelder, comprado diretamente da fábrica, em Curitiba (PR), em 1960.

Em 1974, é fundado o Coral da Scar, além de ações nas áreas de artes plásticas.

A construção do teatro

Um novo objetivo uniu os integrantes: a construção de um teatro. Em 1982, a doação de um terreno localizado na Rua Amazonas marca o início da construção da sede própria da Scar. O prédio de mil metros quadrados passa a diversificar as atividades de ensino das artes, tornando-se uma das mais importantes na educação musical em Jaraguá do Sul. A primeira sede própria foi inaugurada em 1986, com a presença da Orquestra de Câmara de Jaraguá do Sul sob regência do maestro Ricardo Feldens (in memorian).

Porém, a sede começou a ficar pequena para tanta atividade. Assim, três anos após sua inauguração, um terreno de 4.987m² na Rua Jorge Czerniewicz permitiu sonhar mais alto.

A construção foi planejada para que o novo centro cultural fosse considerado um marco de uma geração. Visitas a diferentes teatros para buscar referências foram feitas. Em 2 de junho de 1989, às 10 horas, foi lançada a pedra fundamental da construção, financiada inicialmente com recursos da então Lei Sarney de Incentivo Fiscal.

As primeiras colunas da sede própria da entidade | Foto: Arquivo Scar

A obra do novo espaço ficou parada praticamente 15 anos devido às mudanças políticas e econômicas do Brasil na época, mas nada que tirasse o ânimo dos envolvidos. Dois anos após a retomada da construção do centro cultural com recursos da nova Lei Rouanet de Incentivo à Cultura, o então Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, visitou o canteiro de obras fazendo vários elogios ao projeto e à obra. A aprovação do presidente teve repercussão estadual e federal, trazendo mais apoiadores ao projeto.

Em 1999, a sede da Rua Amazonas é vendida à Prefeitura e várias dependências do novo prédio começam a ser utilizadas regularmente, como a secretaria e o Pequeno Teatro.

No mesmo período, ganham forças outras áreas das artes, como o teatro e as artes plásticas. Em dezembro daquele ano, acontece a apresentação do segundo Auto de Natal, pela primeira vez no Grande Teatro. O espetáculo, assistido por mil pessoas acomodadas em cadeiras ainda provisórias, foi acompanhado pela recém-criada Orquestra Filarmônica, fundada por iniciativa de Yara Sprigmann, filha de dona Adélia Fischer, e Magnus Behling.

Inauguração do Centro Cultural

Em 16 de maio de 2003, é inaugurado o Centro Cultural, onde foi apresentado o Concerto de Gala “Um nome, uma ideia e um piano”, com a Orquestra Filarmônica e alunos de todas as áreas de formação da Scar, sob a direção de Gilmar Antônio Moretti.

Foto: Reprodução/Arquivo Scar

 

Sustentabilidade: compromisso que vai além da arte

Com uma edificação de 10.000m² distribuídos em seis pisos, atualmente o Centro Cultural conta com dois teatros, salas de aula, salas multiuso, camarins, sala de figurinos, amplo estacionamento externo e outros espaços que proporcionam completa estrutura para a realização de eventos artísticos, sociais e corporativos. Toda a estrutura oferece conforto ao público, em um ambiente totalmente climatizado e com excelente qualidade em acústica e iluminação cênica.

Vale ressaltar, que a Scar é o primeiro Centro Cultural no Brasil a operar de forma sustentável, com geração de energia solar fotovoltaica e reaproveitamento de água da chuva, fato reconhecido em 2016 pelo Prêmio Braztoa de Sustentabilidade na categoria Parceiros do Turismo.

“Para além de sustentável, a Scar adotou, há alguns anos, o modelo de governança corporativa, que é um sistema que norteia e controla a organização com regras e processos claros que fazem com que ela alcance seus objetivos”, salienta o presidente do Conselho de Administração, Giuliano Donini.

 

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Elisângela Pezzutti

Bacharel em Comunicação Social pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Atua na área jornalística há mais de 25 anos, com experiência em reportagem, assessoria de imprensa e edição de textos.