Paralisia de Bell também chamada de paralisia facial periférica, geralmente é de causa incerta e pode ocorrer em qualquer idade. Acredita-se ser o resultado de edema e inflamação do nervo facial que controla os músculos de um lado da face.
Ou menos comumente, a paralisia pode ser também resultado de uma infecção viral. É uma manifestação aguda na face em que a pessoa perde o sorriso de um lado e também no lado paralisado o olho não fecha parcial ou completamente.
Além disso, de acordo com o neurologista, Dr. Vicente Caropreso, é uma doença comum. “É raro o mês que não aparecem casos de paralisia facial periférica nos consultórios. Estima-se que até 80 mil casos ocorram anualmente no país”, explica.
Sintomas
O especialista afirma que os sintomas aparecem e evoluem rapidamente e incluem:
- Fraqueza muscular leve a total em um dos lados da face é o mais importante;
- O lado afetado da face se desvia, ou “puxa” para o lado sadio ao se falar ou sorrir;
- O olho não fecha do lado afetado;
- Dor na mandíbula do lado acometido e dor atrás do ouvido;
- Sensibilidade aumentada ao som do lado afetado;
- Dor de cabeça;
- Perda de paladar;
- Lacrimejamento pela paralisia dos movimentos de piscar o olho;
- Em raros casos pode ser bilateral, ou seja, dos dois lados.
Causa
Embora a Paralisia de Bell não tenha muitas vezes uma causa definida ela pode estar relacionada a causas virais como gripes, herpes simples e até o herpes zoster, além de outras viroses.
Em muitos casos essa doença pode ser confundida com acidente vascular cerebral, mas um bom exame clínico por um especialista da área neurológica afasta essa possibilidade.
Diagnóstico
Dr. Vicente ressalta que não há um exame específico. Após exame clínico detalhado em que o médico pede para testar a força dos músculos faciais, os exames complementares geralmente não mostram nada.
“Muitas vezes é necessário solicitar eletromiografia facial que é um exame que mostra a evolução da doença, e que confirma a lesão do nervo facial; outros exames de imagem como ressonância magnética são solicitados para descartar alguma compressão sobre o nervo facial”, destaca.
Em muitos casos, a paralisia facial ocorre após trauma de crânio e então a tomografia é indicada. Testes sorológicos (sangue) podem ser solicitados em busca de uma causa infecciosa específica.

Foto: Matheus Wittkowski
Tratamento
A maioria das pessoas que sofrem uma paralisia facial melhoram completamente – com ou sem tratamento. Entretanto, para acelerar a melhora e para prevenir complicações são necessários alguns cuidados.
Segundo o neurologista, as medicações podem incluir anti-inflamatórios e antivirais que geralmente são utilizados por poucos dias. A fisioterapia costuma prevenir contraturas faciais e pode ser feita também em casa, mas um profissional deve instruir corretamente. E em raros casos estará indicada cirurgia.
“É importante tomar algumas precauções durante o período em que há dificuldade para fechar o olho e ao dormir para prevenir o ressecamento da córnea são utilizados colírio de dia e pomada oftálmica à noite. Além de tampão ocular para evitar ressecamento”, ressalta.
Consequências
Com ou sem tratamento, as paralisias de Bell sem causa definida, evoluem muito bem. A recuperação se dá geralmente dentro de quatro a oito semanas após o início dos sintomas. Uma pequena percentagem destes casos, no entanto, podem ter sequelas motoras.
“As complicações mais temidas são as lesões com deformidade da mímica facial e a dificuldade de piscar e fechar o olho que podem prejudicar a córnea. Em uma razoável percentagem é possível aparecer espasmos faciais que podem necessitar tratamento com toxina botulínica”, pontua o especialista.
Fatores de risco
Não há como prevenir a doença, ela vem ao acaso, ou devido a fatores como traumas, infecções ou outras condições específicas. De acordo com o Dr. Vicente, pode-se dizer que na gravidez é mais comum no 3º trimestre. Infecções respiratórias como gripes e resfriados e ter diabetes, podem ser considerados fatores de risco para paralisia facial.
Sobre o especialista
O Dr. Vicente Caropreso (CRM-SC 3463 e RQE 618) atende no centro de Jaraguá do Sul. É médico neurologista desde 1983, voluntário da Apae de Jaraguá do Sul. É referência estadual dos Agravos Epidemiológicos Botulismo e Doença de Creutzfeld-Jacob (DCJ) e é médico honorário do Hospital e Maternidade São José.