Ovários policísticos, uma síndrome que deixa marcas

Dra. Angela Bauren, endocrinologista

Por: Elissandro Sutil

25/02/2015 - 12:02 - Atualizada em: 25/02/2022 - 12:19

Infelizmente, é possível que você já tenha ouvido falar da síndrome do ovário policístico (SOP ou PCOS, sigla em inglês). Ela é a causa mais comum de infertilidade em mulheres na idade reprodutiva, atingindo cerca de 18% delas, ou seja, 1 a cada 15 mulheres tem SOP. Lembro-me muito bem quando ouvi sobre a síndrome pela primeira, uma amiga sofria há anos com os principais sintomas, mas apenas aos 20 anos descobriu o que era, e apesar de a síndrome ser crônica, tornou-se assintomática com o tratamento.

Mesmo tão comum, ainda não se sabia exatamente a causa da doença. Agora, de acordo com a endocrinologista, Dra. Angela Bauren, a síndrome caracteriza-se pelo desequilíbrio hormonal, pois é possível observar a produção aumentada de hormônios “masculinos”, os androgênios, pelos ovários. Os androgênios são hormônios sexuais presentes em homens e mulheres, são produzidos principalmente pelos ovários nas mulheres e os testículos nos homens.

A síndrome de ovários policísticos é causada quando este hormônio é produzido em níveis acima do normal. É até por isso que a SOP é acompanhada de incômodos como excesso de pelos no rosto, acnes, ganho de peso e menstruação irregular. Entretanto, há casos nos quais mulheres não apresentam essas características físicas e ovulam normalmente.

Por outro lado, segundo a especialista, além destes sintomas, há ainda mulheres que desenvolvem resistência insulínica, colesterol alto, obesidade e até hipertensão arterial. O que ocasiona a piora da síndrome, uma vez que 75% das mulheres com SOP estão acima do peso, podendo retardar a evolução da síndrome e levar ao aumento de risco para doenças cardiovasculares a longo prazo e diabetes.

Nos tempos que o ultrassom não era uma opção, a pneumopelvigrafia era um dos exames mais invasivos: consistia em aplicar uma injeção de ar no abdômen para visualizar melhor os órgãos pélvicos e tirava-se uma radiografia. Hoje, a sonda do ultrassom sobre o abdômen permite um diagnóstico preciso, e proporcionou que quase todas as mulheres, ao menos uma vez na vida, façam o exame.

O tratamento depende da fase da vida da mulher. Porém, o primeiro passo é incluir mudanças de hábitos de vida, com alimentação saudável e prática de atividade física, independente de excesso de peso, e emagrecimento quando indicado. Afinal, isso melhora a insulínica, a fertilidade e a ovulação, levando a queda dos níveis de androgênios e colesterol”, destaca a Dra. Angela.

Até o momento, não há cura para SOP, mas é possível controlar os sintomas com tratamento e assim, prevenir os problemas associados.

Sobre o especialista

A Dra. Angela Beuren (CRM 22889 / RQE 13603) é endocrinologista, formada pela Universidade Federal de Santa Maria, Medicina Interna pelo Hospital Universitário de Santa Maria e Médica Endocrinologista pelo IEDE (Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia Luiz Capriglione) do Rio de Janeiro. Atende na Rua Guilherme Weege, Numero 202, Sala 407, Edifício Accord Center – em cima do Laboratório Fleming. Os contatos são (47) 3054 0514, 99222 3314 ou angela.beuren@gmail.com.