O que é Acidente Vascular Cerebral?

Neurologista Dr. Vicente Caropreso

Por: Elissandro Sutil

24/05/2015 - 11:05 - Atualizada em: 24/05/2022 - 13:47

O Acidente Vascular Cerebral (AVC), popularmente conhecido como derrame, refere-se ao surgimento de um déficit neurológico súbito causado por um dano causado nas artérias que irrigam o cérebro e atinge, especialmente, o sistema nervoso central.

Segundo o neurologista Dr. Vicente Caropreso, o AVC é a segunda doença que mais mata no Brasil, está apenas atrás de doenças isquêmicas do coração como, o infarto. Além disso, essa patologia é uma das que mais causam incapacidade no mundo, cerca de 70% das pessoas que são atingidas não retornam ao trabalho depois do AVC e 50% ficam dependentes de outras pessoas para realizar funções do dia a dia.

Existem dois grandes grupos de acidentes vasculares cerebrais: os isquêmicos e os hemorrágicos. No isquêmico, ocorre a obstrução ou redução brusca do fluxo sanguíneo em uma artéria cerebral, ocasionando assim falta de circulação no território vascular. Já no hemorrágico, acontece a ruptura espontânea (não traumática) de um vaso com extravasamento de sangue para o interior do cérebro – hemorragia intracerebral -, ou espaço ao redor do cérebro, no espaço subaracnoídeo – hemorragia subaracnoídeo.

“Algumas doenças podem ocasionar o AVC como, por exemplo, a Fibrilação Atria (FA), uma doença cardíaca pouco diagnosticada. A FA pode ser um importante fator de risco, visto que impede às duas câmaras do coração de se contraírem corretamente, o que resulta no não bombeamento correto do sangue para fora do coração, ou seja, fica acumulado e pode formar coágulos. Estes irão viajar até o cérebro e desencadear o AVC”, complementa o neurologista.

Imagem divulgação Unsplash

No entanto, essa patologia pode ser prevenida quando controlamos suas causas mais comuns como, a hipertensão, o diabete mellitus e colesterol alto. Além disso, o ato de fumar e alcoolismo também são uma das principais causas.

O Dr. Vicente ressalta que as principais medidas de prevenção, são:

  • Manter atividade física regular;
  • Ter um sono de qualidade;
  • Controlar o peso;
  • Manter uma dieta saudável, rica em frutas e vegetais, e com pouco sal.

Também deve-se medir a pressão arterial sempre que possível, e dependendo da idade, realizar consultas regulares e exames laboratoriais frequentes, principalmente quando houver histórico de AVC ou infarto do miocárdio na família.

COMO IDENTIFICAR

Os sinais de alerta são sempre repentinos, entretanto identificar com antecedência os avisos, chamados de Acidentes Vasculares Isquêmicos Transitórios, é possível, pois acontecem dias ou meses antes do AVC propriamente dito. Geralmente, a pessoa apresenta estes sintomas, porém não dá a devida atenção. Por exemplo, há o enfraquecimento ou formigamento da face, o braço ou a perna ficam dormente em um mesmo lado do corpo durante alguns minutos, porém depois que volta ao normal, nenhuma providência é tomada porque o sintoma desapareceu.

Outros sintomas, são confusão mental, alteração na fala e visão (em um ou ambos os olhos), modificação do equilíbrio, coordenação, tontura e dor de cabeça súbita, intensa e sem causa aparente.

COMO REVERTER

Identificar os fatores e modificar os que podem ser modificados é o mais importante quando o assunto é reverter a doença. Segundo Dr. Vicente, se houver rapidez no atendimento, até 4 horas depois do início dos sintomas, há um medicamento que dissolve o coágulo e pode ser oferecido aos pacientes com AVC isquêmico, assim, é possível diminuir as chances de sequelas.

“As equipes de atendimento de urgência nas UPAs e prontos socorros estão avisadas, e na maioria das vezes, treinadas para encaminhar os casos suspeitos ao atendimento preferencial e rápido nos centros habilitados para tratar a doença”, complementa o neurologista.

TRATAMENTO E CONSEQUÊNCIAS

Algumas intervenções importantes, que podem ser feitas atualmente, mudaram o panorama de tratamento dos acidentes vasculares cerebrais. Hoje, toda pessoa que chegar ao hospital com sinais clínicos ou suspeita de AVC, passa por uma série de testes laboratoriais, eletrocardiograma e exames de imagem como, a tomografia. Estes exames são realizados para evitar o agravamento do quadro e garantir a respiração e o equilíbrio metabólico do paciente.

O tratamento depende da causa identificada pelos serviços de urgência. Quando for AVC isquêmico, procura-se evitar sequelas através de medicamentos que diminuem a coagulação sanguínea, estabilizam a pressão arterial com cuidado e há avaliação do quadro geral do paciente.

Se for o AVC hemorrágico, geralmente, o paciente é encaminhado a UTI por conta do risco de agravamento do estado de consciência da pessoa. Neste caso, possivelmente, será indicado a intervenção cirúrgica para remover o coágulo no cérebro ou para identificar o aneurisma, para então tratá-lo.

“Independentemente do caso, sejam intensos ou transitórios os sintomas, procurar atendimento médico-hospitalar é fundamental para o resultado do tratamento de derrames cerebrais”, diz o neurologista.

Sobre o especialista

O Dr. Vicente Caropreso (CRM-SC 3463 e RQE 618) atende no centro de Jaraguá do Sul. É médico neurologista desde 1983, voluntário da Apae de Jaraguá do Sul. É referência estadual dos Agravos Epidemiológicos Botulismo e Doença de Creutzfeld-Jacob (DCJ) e é médico honorário do Hospital e Maternidade São José.