Nódulos de tireoide são mais comuns do que você imagina; saiba como é feita a avaliação

Por: Elissandro Sutil

16/09/2021 - 07:09 - Atualizada em: 17/09/2021 - 08:13

A tireoide é uma glândula, em formato de borboleta, que está localizada na parte anterior e inferior do pescoço. Ela é responsável por produzir dois hormônios, o T4 e o T3, que regulam várias funções do corpo, como se fossem o nosso combustível. Esses hormônios participam da regulação e funcionamento de todas as atividades metabólicas, inclusive do funcionamento do cérebro e do coração.

De acordo com a endocrinologista, Dra. Angela Beuren, pode ocorrer alteração da função da tireoide, como no hipo e hipertireoidismo, em que há queda da produção dos hormônios e aumento, respectivamente. Além disso, também pode acontecer a alteraçãos da estrutura da glândula, como nos bócios e nódulos de tireoide.

A médica explica que os nódulos da tireoide são como que pequenos “caroços” dentro da glândula e podem ser únicos ou múltiplos, produtores de hormônio, na minoria dos casos, ou não produtores, chamados de nódulos frios, a maioria deles.

Ela ainda destaca que a prevalência estimada dos nódulos na população é de 3 a 7%, quando detectados à palpação, e 20 a 76%, quando detectados à ultrassonografia. Eles são mais comuns nas pessoas idosas, mulheres, em indivíduos com deficiência de iodo e com história de exposição à radiação.

“A maior importância da avaliação dos nódulos, apesar de a grande maioria representar nódulos benignos, é descartar a possibilidade de câncer de tireoide, que representa 5 a 10% dos nódulos dos adultos e até 26% dos nódulos em crianças. Além disso, quando o nódulo ocorre em homens é mais provável que seja câncer. Porém, o câncer de tireoide é até 3 vezes mais frequente em mulheres, uma vez que a maioria dos nódulos é detectado em mulheres”, pontua Dra. Angela.

Diagnóstico

A ultrassonografia é o melhor exame para avaliação dos nódulos, superior a tomografia e ressonância. Porém, o ultrassom não possibilita diferenciar com certeza as lesões benignas ou malignas da tireoide, apesar de dar boas pistas para a distinção.

A especialista afirma que quando é avaliado um nódulo de tireoide, lançamos mão da avaliação da funcionalidade do nódulo e da avaliação ultrassonográfica do mesmo. De acordo com as características, entre elas o tamanho, se é sólido ou cístico, avaliação dos bordos, consistência, sensibilidade, ecogenicidade, se há ou não microcalcificações, regularidade ou irregularidade de bordos, então é possível definir se haverá necessidade de fazer ou não a biópsia do nódulo. “A biópsia é realizada por meio de uma punção por agulha fina, guiada por ultrassom. Dependendo do resultado, decidimos se há ou não indicação cirúrgica do nódulo ou apenas acompanhamento”, ressalta.

Quando benigno, a maioria dos nódulos possui evolução insidiosa e assintomática. Costumam dar sintomas, quando há um crescimento rápido e se manifesta com sintomas compressivos cervicais, como dificuldade para engolir, respirar, tosse, rouquidão ou sensação de opressão cervical. Contudo, se for pequeno, ele pode estar presente por anos sem ser notado ou sentido.

Tratamento

O câncer de tireoide costuma ter bom prognóstico quando tratado adequadamente, apresentando baixíssimos índices de mortalidade. Ele costuma ser tratado cirurgicamente e com uma dose complementar de radioiodo, levando à cura na grande maioria dos casos. No caso de surgimento de metástases, elas costumam ocorrer para os linfonodos, conhecidos como ínguas, do pescoço.

A Dra. Angela ressalta que o tratamento dos nódulos vai depender do tipo e da evolução do nódulo. É comum a indicação de cirurgia para os nódulos benignos com aumento progressivo do tamanho, levando à sintomas ou na suspeita de malignidade.

“Por isso é importante consultar um endocrinologista que fará essa avaliação e acompanhamento, direcionando o paciente ao cirurgião de cabeça e pescoço, caso a indicação cirúrgica seja estabelecida. É fundamental que um especialista faça o diagnóstico correto do problema. De acordo com a SBEM, Sociedade Brasileira de Endocrinologia, estima-se que cerca de 60% da população brasileira pode desenvolver algum nódulo de tireoide na faixa dos 50 anos. Se você desconfia desse diagnóstico, procure o médico endocrinologista”, finaliza.

Sobre a especialista

A Dra. Angela Beuren (CRM 22889 / RQE 13603) é endocrinologista, formada pela Universidade Federal de Santa Maria, Medicina Interna pelo Hospital Universitário de Santa Maria e Médica Endocrinologista pelo IEDE (Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia Luiz Capriglione) do Rio de Janeiro. Atende na Rua Guilherme Weege, Numero 202, Sala 407, Edifício Accord Center – em cima do Laboratório Fleming. Os contatos são (47) 3054 0514, 99222 3314 ou angela.beuren@gmail.com.