Miastenia Gravis: doença neurológica pode ser auxiliada pela cirurgia torácica

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Por: Elissandro Sutil

28/01/2021 - 07:01 - Atualizada em: 28/01/2021 - 10:47

A Miastenia Gravis é uma doença autoimune caracterizada por autoanticorpos contra receptores nicotínicos de acetilcolina da placa neural. Ela impede as contrações musculares gerando um desconforto progressivo com perda de força.

De acordo com o cirurgião torácico, Dr. Giovani Mezzalira, inicialmente pode aparecer somente como uma fraqueza na região dos olhos, a tal da queda palpebral ou até visão dupla, e pode chegar no ponto final, uma impossibilidade de mastigar e muitas vezes até de respirar.

Tratamento

Normalmente o tratamento inicial é o clínico básico, feito pelos neurologistas e indicado para todas as etapas, inclusive as generalizadas. Ele ocorre com várias modalidades de medicamentos, inclusive a corticoterapia crônica.

Entretanto, de acordo com o especialista, “mesmo o tratamento clínico sendo fundamental, existe uma possibilidade grande do tratamento cirúrgico minimizar os sintomas, diminuir a necessidade de medicamentos e até curar”.

As manifestações clínicas encontradas, com comprometimento inicial dos músculos oculares, indicam uma progressão lenta até a generalização dos sintomas (3,37 anos).

Este dado corrobora o fato de que os pacientes apresentam melhor resultado à timectomia quanto menor o tempo de início dos sintomas. O mesmo acontece se os pacientes forem do sexo feminino, jovens ou adultos jovens e com patologia não tumoral do timo.

Ele ainda explica que o tratamento cirúrgico, a timectomia, é uma forma de abordar a causa base da doença e tem resultados bastante encorajadores, visto que é atribuída ao timo a produção dos autoanticorpos.

“A relação entre a miastenia gravis e o timo é conhecida desde o início deste século, atualmente não restam dúvidas quanto à importância do timo na etiopatogenia da miastenia gravis. Mesmo pela técnica aberta os benefícios sempre foram encorajadores, porém com a vídeo cirurgia isto mudou”, ressalta.

Resultados

A pouca dor, o menor trauma, a menor ação inflamatória pós cirurgia, o menor tempo de interação, a alta precoce e o retorno mais rápido às tarefas habituais mudaram muito um fator chamado complicação e hoje com a cirurgia robótica o limite de melhora da técnica não para de crescer.

Vários trabalhos científicos trazem a timectomia com aceitabilidade nível 1 quando comparada só ao tratamento medicamentoso, sendo mais uma ajuda para estes pacientes.

O cirurgião enaltece que “o mais importante é definir em reuniões entre as especialidades da neurologia e da cirurgia torácica quais os pacientes que vão se beneficiar. A discussão sempre enriquece”.

Sobre o especialista

O Dr. Giovani W. Mezzalira (CRM-SC 8611) atende na Clínica Toracopulmonar em Jaraguá do Sul. É formado em medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, onde também se especializou em cirurgia geral. É cirurgião torácico, especializado pelo Hospital Universitário Evangélico de Curitiba e mestre em cirurgia torácica pela PUC – PR.