Se você não tem, com certeza conhece alguém que tenha intolerância à lactose. Mas você sabe quais são as causas da intolerância, e quais sintomas dão o alerta de que você precisa procurar um especialista? A gastroenterologista, Dra. Bruna Ximenes Canfield, explica.
A lactose é um tipo de açúcar encontrado no leite e em seus derivados. Quando ingerimos esses alimentos uma enzima chamada lactase é produzida no intestino para quebrar a lactose ingerida, permitindo que os açúcares que a compõe sejam absorvidos.
A intolerância à lactose ocorre quando há uma produção reduzida de lactase, responsável por quebrar o açúcar do leite. Se um indivíduo intolerante ingere lactose numa quantidade que ultrapassa sua capacidade de produção de enzima, esse excedente não é devidamente quebrado, e, portanto, não é absorvido, gerando sintomas desconfortáveis.
Apesar de ser mais comum em adultos, casos de intolerância à lactose podem ocorrer também na infância e em idosos. Além disso, não existe cura, “uma vez que a produção de lactase é reduzida por fator genético, não ocorre mais o retorno à produção que ocorria anteriormente à afecção”, salienta Dra. Bruna.
O que causa a intolerância à lactose?
Predisposição genética é a causa, afirma Dra. Bruna. Segundo ela, estima-se que ao longo da vida as pessoas geneticamente predispostas reduzirão drasticamente a produção de enzima lactase, responsável pela afecção. Ela ressalta que, maus hábitos alimentares não contribuem para a causa.

Foto: Matheus Wittkowski
Entenda quais os sintomas
A lactose que não é absorvida pela falta de lactase atrai água e eletrólitos para o intestino, o que diminui a consistência das fezes gerando diarreia. Além disso, ela é fermentada por bactérias que povoam o órgão, provocando gases que o distendem e geram cólicas. Náuseas e estufamento também são sintomas que podem ocorrer.
A gastroenterologista ainda alerta que, a intolerância à lactose é diferente de APLV (alergia ao leite de vaca).
“A APLV é uma reação do organismo às proteínas desse alimento. Costuma se manifestar com maior frequência nos primeiros meses de vida, sendo que cerca de metade dos casos têm resolução ainda na infância”, pontua.
Diagnóstico e tratamento
Para o diagnóstico são feitos exames de sangue específicos, teste de tolerância à lactose e teste genéticos. Ainda existem também testes respiratórios, e por análise de fezes (não indicado devido baixa sensibilidade e especificidade).
Já o tratamento é feito com a substituição de produtos derivados de leite por aqueles sem lactose, e suplementação com a enzima lactase antes da ingestão dos alimentos que conhecidamente possuem derivados de leite.
Quando não tratada, sintomas desagradáveis como gases, cólicas, estufamento são as principais consequências, porém os mesmos cessam alguns dias após o uso de leite.
“Caso o paciente abuse com muita frequência dos derivados de leite e apresente diarreia intensa e persistente, essa condição pode reduzir as vilosidades intestinais e impedir a absorção de nutrientes e vitaminas”, ressalta Dra. Bruna.
Uma dica é a substituir alimentos que ofereçam nutrientes como o cálcio, por exemplo, que é encontrado em abundância no leite e pode ser encontrado também em outros alimentos como couve, laranja, graviola, amêndoas. Além disso, o que ajuda no manejo da alimentação após o diagnóstico é um acompanhamento com nutricionista.
Sobre a especialista
A Dra. Bruna Luiza Zonta Ximenes Canfield (CRM 16899 e RQE 13793) é formada em gastroenterologista e clínica geral. Ela atende na CliniCanfield, que fica na Policlínica, no centro de Jaraguá do Sul. Atende consultas nas áreas de clínica geral e gastroenterologia, e realiza exames de endoscopia digestiva alta. É médica formada pela Universidade do Vale do Itajaí, com residência médica nas cidades de Campina Grande do Sul e Joinville.