Pleuras são membranas que revestem a parte interna das costelas (pleura parietal) e o pulmão (pleura visceral), existem duas em cada lado do tórax. De acordo com o cirurgião torácico, Giovani Mezzalira, a pleura produz um líquido com a intenção de lubrificar e assim facilitar o movimento dos pulmões durante as respirações.
Quando uma dessas pleuras produzem mais líquidos que a capacidade do corpo absorver, ocorre um acúmulo e o pulmão será comprimido devido a um derrame pleural, causando diversos sinais e sintomas.
Mezzalira explica que este problema vem de uma inflamação ou uma reação nestas membranas, que podem ser causadas por infecções virais, bacterianas (pneumonias e tuberculose), fúngicas, doenças reumáticas, uso de alguns remédios, trauma no tórax, doenças renais, cardíacas, câncer, entre outras.
Pensando no trauma, elas se manifestam rapidamente, apresentando dor e falta de ar. Porém a maioria das doenças pleurais, no início podem fazer o paciente não sentir nada, mas na realidade, à medida que o espaço pleural é preenchido com o líquido, automaticamente isto vai gerando uma diminuição do pulmão, e é aí que os sinais e sintomas aparecem mais nitidamente.
O cirurgião reforça que as doenças infecciosas podem acometer qualquer paciente em qualquer idade, já as doenças autoimunes mais em adultos e os cânceres oscilam entre as idades. “Ou seja, não existe uma idade específica para procurar problemas pleurais”.
Como identificar os sinais e sintomas
De acordo com o especialista, os sintomas podem ser muito variados, pois tudo vai depender da doença que está gerando a inflamação na pleura.
Os principais sintomas naqueles que não estão com pneumonia (dor, tosse produtiva, febre, falta de ar) são a tosse seca, a dor torácica indefinida ou aquela que piora com a ventilação. Quando o derrame pleural está maior a dor piora e a tosse também, além disso, pode aparecer a falta de ar e o desconforto para deitar de um dos lados.
Tratamento
Se o espaço pleural não for arrumado a evolução será a perda do pulmão do lado onde a doença incidiu. A dor será constante, infecções constantes, falta de ar intensa. Por este motivo, ao encontrar estas lesões na fase inicial será sempre o melhor remédio. “O tratamento vai depender do nível de evolução do acometimento pleural”, salienta.
Ele exemplifica com casos que ocorreram no mês de maio em atendimentos feitos nos hospitais de Jaraguá do Sul.
]Dos mais de 20 casos em que foi acionado para avaliar, Mezzalira ressalta que, três deles chamaram atenção, pois se pareciam.
“O pulmão estava diminuído em 60% do lado acometido, o derrame pleural já era crônico (mais de 30 dias) e havia uma mistura de áreas com líquido e outras mais sólidas. Nestes três casos foi necessário uma cirurgia de grande porte para liberar o pulmão, onde o diagnóstico nos conduziu a tratar uma tuberculose diferente que acomete só a pleura.”
Dos outros casos, segundo ele, quatro foram tratados só com medicamentos e nos outros houve a necessidade de retirar o líquido para análise e obter o resultado, para então tratar com medicamentos. Nestes exemplos ele não citou dos traumas, pois nestes casos todos precisaram de cirurgia.
Para o cirurgião, quanto mais cedo forem identificados os problemas, menor será a invasão. Na grande maioria dos casos onde a cirurgia é necessária é possível resolver por videotoracoscopia. “Acredito que a melhor técnica para iniciar é a vídeo cirurgia uniportal, que seria um procedimento cirúrgico feito por um corte apenas de mais ou menos três a quatro cm. Esta é a minha técnica preferida para estes casos mais complexos”, finaliza.
Na foto, toda a parte branca da região esquerda de quem olha deveria ser preta como o outro lado. O preto é o pulmão sadio e o branco é o derrame pleural. O paciente está com apenas 40% do pulmão direito funcionante.