Você já ouviu falar de cistos renais? O urologista Dr. Raphael Lahr explica que são dilatações de alguma porção do nefron, que é a unidade funcional do rim.
Eles se desenvolvem e crescem em razão do aumento da pressão dentro do rim, aumento do gradiente das soluções salinas que banham o nefron e das obstruções de graus variados que ocorrem em qualquer lugar do nefron.
Em geral, as pessoas desenvolvem cistos simples, considerados benignos e não são tumores. Em casos específicos os cistos podem alterar suas características podendo se tornar doenças malignas (câncer). É por meio da tomografia computadorizada que avaliamos as características dos cistos e definimos suas especificidades.
“Os cistos podem ocorrer em um ou nos dois rins e são, quase sempre, em pequeno número e de tamanho menor que três centímetros. Quando todo o rim é tomado por incontáveis cistos chama-se rim policístico. As causas podem ser hereditárias ou adquiridas.”
Cistos adquiridos
O urologista ressalta que eles ocorrem frequentemente após os 50 anos e estão presentes em mais de 50% das pessoas após os 60 anos.
Podem ser solitários, múltiplos, uni ou bilaterais e podem apresentar sintomas clínicos de dor lombar, sangue na urina (14%), infecção urinária e hipertensão arterial (35%). Ocorrem nos pacientes com insuficiência renal crônica e a frequência aumenta com o número de anos de insuficiência.
Tratamento
De acordo com o Dr. Raphael, não existe tratamento específico, mas “é importante acompanhar anualmente para prevenir complicações (hematúria, cálculo, infecção) e evitar que alguns cistos com crescimento exagerado provoquem obstrução e sofrimento ao parênquima renal”, acrescenta.
Caso haja necessidade de tratamento, o mais indicado é a cirurgia laparoscópica que é feita por meio de pequenas incisões em que retira-se todo o cisto com a sua membrana.
Cistos hereditários
Entre muitas doenças hereditárias, existem algumas que têm como característica cistos renais de vários tipos.
As principais são: rim policístico autossômico dominante, autossômico recessivo, rim esponja medular, doença cística medular e rim multicístico congênito.
“O rim policístico autossômico dominante é o mais comum. Os cistos são difusos, incontáveis e atingem os dois rins. No diagnóstico encontra-se sempre uma história familiar”, destaca Dr. Raphael.
O exame ecográfico permite ver o tamanho dos rins, dos cistos e as complicações obstrutivas. Segundo o especialista, o rim policístico pode crescer muito, “já foram vistos casos com 40 cm de comprimento, pesando até 8kg; o normal é de 12-14cm e 200g de peso”.
Além disso, a evolução do rim policístico até a insuficiência renal crônica pode ser muito lenta, geralmente começa a apresentar sintomas após os 50 anos. Ele salienta que, os pacientes nesses casos são ótimos candidatos ao transplante renal, porque não têm doenças imunológicas que possam reproduzir a doença anterior no rim transplantado.
As principais complicações da doença cística são a hipertensão, poliglobulia (muito sangue), litíase, infecção urinária, obstruções renais pelo crescimento exagerado, fraturas do rim e insuficiência renal.
“Quanto mais jovem for o paciente com rins policísticos, mais rápida e grave é a evolução da doença cística. Na raça negra, a doença evolui mais rapidamente do que na branca”, aponta.
Tratamento
Acompanhamento periódico com ecografia e exames laboratoriais são feitos para evitar complicações. Procura-se evitar a evolução para a insuficiência renal crônica, tratando a hipertensão, complicações vasculares e obstrutivas.
Manter o paciente sem infecções urinárias e tentar diminuir o acúmulo de líquidos dentro dos cistos com o uso de espoliadores de sódio é importante. Quando os cistos crescem muito, podem-se realizar punções renais de drenagem para esvaziamento. Também há a possibilidade de tratamento desses cistos com a cirurgia laparoscópica.