“Casos de queda de cabelo são recorrentes após diagnóstico de Covid-19”, afirma especialista

Por: Elissandro Sutil

19/02/2022 - 07:02 - Atualizada em: 21/02/2022 - 09:44

O novo vírus chegou sem muitas informações, a medicina não sabia ao certo quais seriam os efeitos colaterais e as sequelas deixadas pela nova doença. No ano de 2020 começou chamar atenção a procura alavancada por dermatologistas, terapeutas capilares e tricologistas após pacientes terem sido contaminados.

Os primeiros relatos começaram nos meses de julho e agosto, dois à três meses depois da primeira onda do vírus no Brasil. A queda de cabelo, é entendida como multifatorial e pode não ser um efeito colateral exclusivo da doença.

Estresse, preocupação com a pandemia, bem como a quebra na rotina de lazer, podem acentuar o efeito da queda. Muitos pacientes também apresentaram uma perda de peso significante após contrair Covid-19, e perceberam aumento anormal de queda de cabelo. Alguns chegam a ter falhas no couro cabeludo.

O médico Dr. Eduardo Bornhausen, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, comenta que existe quase uma dezena de estudos que associaram a queda de cabelo ao vírus, com cerca de 25% dos pacientes relatando o mesmo problema. “Doenças associadas a altas temperaturas do corpo afetam o crescimento e a saúde dos fios”, pontua.

Depois de mais de um ano de pandemia, a comunidade científica começa a entender e a tratar de forma específica as sequelas deixadas após a contaminação. Foram identificados três fatores preponderantes: eflúvio telógeno agudo, alopecia areata e dermatite seborreica.

Eflúvio telógeno agudo (ETA)

Segundo o especialista, eflúvio telógeno agudo é a patologia mais comum na perda dos fios. O cabelo possui ciclos: anágena, que significa o crescimento dos fios; catágena, a degradação; e telógena, o repouso.

“É natural que as pessoas percam entre 50 fios de cabelo por dia, porém, quando o ETA se manifesta, há uma disfunção neste ciclo natural. Os fios vão direto para a fase telógena, o que acarreta em um aumento expressivo na queda, podendo chegar até 300 fios/dia”, explica.

A utilização de muitos medicamentos, febre, perda de peso expressiva, deficiências nutricionais, mudanças hormonais, estresse, e até mesmo doenças endócrinas, são fatores que podem acionar a patologia.

Dermatite seborreica

Também conhecida popularmente como caspa, é causada pelo excesso de oleosidade nas glândulas sebáceas. Essa é a segunda causa mais comum na queda de cabelo. Descamação, feridas no couro cabeludo e lesões avermelhadas são os efeitos da dermatite seborreica. Apesar de ser mais comum no couro cabeludo, pode acometer a pele ao redor das orelhas, sobrancelhas, pálpebras, laterais e asas do nariz.

O médico ainda salienta que a oleosidade e a alteração natural do couro cabelo dificultam a firmeza do cabelo e a inflamação dessas glândulas resultam em queda e afinamento dos fios.

Alopecia areata (AA)

Essa patologia é considerada uma doença autoimune e causa uma inflamação crônica do couro cabeludo que provoca a queda de cabelo. De acordo com o Dr. Eduardo, as causas podem estar relacionadas a fatores emocionais, traumas físicos e quadros infecciosos. Porém, não é previsível a evolução da alopecia areata. O especialista explica que a doença não possui nenhum outro sintoma além da perda brusca de cabelos, com áreas arredondadas, únicas ou múltiplas e cada caso é único.

Ele ainda destaca que a Covid-19 acaba sendo um quadro que gera alteração hormonal significante por causa do estresse psicoemocional agudo ou crônico. Até mesmo aqueles que não tiveram o vírus sofreram com alterações hormonais, consequentemente com perda de fios, peso e insônia.

“Durante o ano de 2020 haviam casos esporádicos de alopecia decorrente da infecção por Covid-19, porém, nos últimos meses, não só a quantidade de pacientes com queda abrupta aumentou significativamente, bem como a intensidade da queda é bem maior do que o habitual em um caso de eflúvio telógeno. Não está claro ainda se tem relação com novas cepas da Covid-19”.

Quando procurar ajuda profissional

Alterações no aspecto dos fios, o afinamento em demasia e a queda acentuada são referências que devem incentivar a procura de um médico. Diagnóstico, eventuais medicamentos, e tratamento devem ser avaliados por um profissional dermatologista.

Os tratamentos recomendados são os mesmo que são adotados normalmente para o eflúvio telógeno e a alopecia areata. O tratamento capilar após a Covid-19 requer intervalos mais curtos entre as sessões e com estímulos de crescimento mais intensos.

“Nesse caso, após o diagnóstico da afecção capilar feito na consulta médica, o primeiro passo é fazer com que o couro cabeludo volte ao estado saudável. Somente após essa regulação, inicia-se a parte de estímulos para crescimento de fios que resultam na substituição dos perdidos”.

O tratamento mais procurado após a sequela se manifestar, é a terapia capilar. Pode ajudar tanto na prevenção quanto no tratamento da queda. Ela atua na bioestimulação celular, de forma a neutralizar inflamações no bulbo capilar, que é a raiz do cabelo. É possível notar uma melhora na queda após 3 meses do início do tratamento.

Sobre o especialista

O Dr. Eduardo Bornhausen Demarch (CRM/SC 19387) é médico, cirurgião e diretor médico da Clínica Dr. Eduardo Borhnausen Demarch, em Jaraguá do Sul, especializada em beleza, saúde e bem-estar.