Urologista de Joinville é considerado referência em cirurgias robóticas

Por: Windson Prado

14/04/2018 - 10:04 - Atualizada em: 16/04/2018 - 12:40

Se você gosta de ficção científica já deve ter assistido a filmes ou imaginado uma época em que os robôs fariam parte de nossas vidas. Tal fato vem sendo sonhado desde a década de 60, como retratava o seriado infantil americano “The Jetsons”, que virou uma febre no Brasil durante os anos 80. O desenho animado tinha como o pano de fundo o futuro, em que carros voavam e robôs faziam parte de nosso lar. Uma das principais personagens da animação era Rose, uma empregada doméstica robô. De lá pra cá, muita coisa mudou e a tecnologia tem entrado de forma definitiva na vida das pessoas. A inteligência artificial, a tecnologia e a robótica, que no desenho era uma ilusão futurista, já é uma realidade e fazem parte do dia-a-dia de muitas famílias, inclusive de Santa Catarina.

No desenho The Jetsons Rose, uma robô, cuidava da casa da família futurista | Foto Reprodução

Você já deve ter lido reportagens de que a robótica vem sendo utilizada em setores da indústria em geral, principalmente na automotiva. Mas estes equipamentos que um dia pertenciam ao “futuro” já ajuda a salvar vidas, todos os dias, na medicina. Ao invés da Rose, do desenho animado, é o robô da Vince que tem revolucionado cirurgias, especialmente de câncer de próstata. Um dos principais cirurgiões que aplicam a técnica no Brasil vive em Joinville. É o médico urologista Fábio Lepper, considerado referência em utilizar a cirurgia robótica para salvar vidas.

Segundo Lepper, que é membro do corpo clínico dos Hospitais Nove de Julho, Sírio-Libanês, em São Paulo e fellow em cirurgia robótica e laparoscopia pelo Johns Hopkins Hospital, de Baltimore, nos Estados Unidos, o procedimento é o que há de mais atual no tratamento da doença, com garantia uma cirurgia precisa, com recuperação bastante rápida e grandes chances de que o paciente não tenha complicações pós-tratamento relacionadas a ereção.

A cirurgia robótica já existe no Brasil há 10 anos. “Tudo começou nos Estados Unidos no final dos anos 90”, conta o especialista. “A primeira concepção da cirurgia robótica foi idealizada para feridos de guerras. A ideia era fazer cirurgias a distância com a ajuda de braços robóticos. A indústria do Vale do Silício, vislumbrou isso como uma grande possibilidade de trazer esta tecnologia para os hospitais e assim foi criado o Da Vince”, explica.

Uma cirurgia laparoscópica avançada

O médico Fábio Lepper ressalta que a cirurgia robótica, nada mais é do que uma cirurgia laparoscópica mais avançada. “Hoje é muito comum escutarmos que alguém fez uma cirurgia a laser para tratar a vesícula. Este procedimento é feito pela técnica laparoscópica, na qual é feito furos no abdômen do paciente e o cirurgião manuseia pinças por estes portais. Na cirurgia robótica, estas pinças ficam em um robô, que tem quatro braços mecânicos”, descreve.

Fábio Lepper é médico urologista, membro do corpo clínico dos hospitais Dona Helena, Municipal São José e da Unimed em Joinville,  em Joinville, Membro do corpo clínico dos hospitais Nove de Julho e Sírio-Libanês, em São Paulo. Fellow em cirurgia robótica e laparoscopia pelo Johns Hopkins Hospital, Baltimore, EUA, especialista pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) Certificado pela Intuitive Surgical para a realização das cirurgias robóticas| Foto Piero Ragazzi

 

De acordo com o urologista, o cirurgião comanda o robô por meio de um console com visor, pedais e joystick. “Isso dá uma precisão muito maior durante o procedimento cirúrgico. O robô não tem tremores, fadigas, e é muito preciso. No console, conseguimos ter uma visão tridimensional de dentro do paciente, o que deixa a cirurgia mais eficaz”, explica o médico Fábio Lepper.

A principal vantagem deste tipo de tratamento, segundo o médico especialista Fábio Lepper, está no fato de o paciente não ter um grande corte. Isso minimiza dores e tempo de internação e faz com que a recuperação se torne muito mais rápida. “A precisão da cirurgia também tem que ser levada em consideração, o equipamento nos permite uma dissecção do tecido em que há o tumor, extremamente eficaz. Isto minimiza que outros tecidos, como os nervos que fica ao redor da próstata, sejam atingidos. O que é fundamental para que o paciente, ao se recuperar, não perca a ereção”, completa Fábio Lepper.

Veja um vídeo da Doctors Hospital at White Rock Lake explicando a técnica

No Sul, só Paraná e Rio Grande do Sul tem robôs cirurgiões

Apesar de Joinville ter um dos poucos médicos do país capacitado para fazer cirurgias robóticas, Santa Catarina ainda não tem nenhum equipamento de cirurgia robótica disponível. Os robôs mais próximos, conforme o urologista Fábio Lepper, ficam em Curitiba e no Rio Grande do Sul. “Atualmente, no Brasil há cerca de 39 plataformas robóticas espalhadas em vários estados. São Paulo tem 18. O Paraná recebeu um recentemente. Por isso, os pacientes do Estado que chegam até mim com o diagnóstico de câncer de próstata, no qual a cirurgia é recomendada, oferecemos fazer o tratamento por meio da cirurgia robótica em São Paulo, nos dois hospitais em que atuo, o Nove de Julho e Hospital Sírio-Libanês”, diz o profissional

Nestes casos, segundo Fábio Lepper, o paciente e a equipe médica sai de Joinville, vai a São Paulo, onde o procedimento e executado. Após a recuperação que geralmente é muito rápida todos retornam para dar sequência ao tratamento em Joinville. “Este é um avanço muito grande de tecnologia que veio para ficar. No futuro, teremos equipamentos mais modernos, menores, e com um custo mais acessível, mas a tecnologia será a robótica”, finaliza o médico Lepper.