De tirar o fôlego: Conheça o Parque Natural entre Corupá e São Bento do Sul

Por: Elissandro Sutil

12/09/2017 - 06:09 - Atualizada em: 13/09/2017 - 09:00

O Planalto Norte catarinense conta com um complexo de paisagens de tirar o fôlego em meio à Mata Atlântica. Na última sexta-feira (8), logo após as 13h, a nossa equipe de redação partiu rumo a um desses destinos. Chegando em Corupá, por onde é possível ter acesso ao Parque Natural Braço Esquerdo, uma sequência de placas indicava o caminho a ser seguido.

Os primeiros metros de estrada de terra são no bairro Ano Bom. Não demora muito para as linhas curvas das montanhas tomarem conta do horizonte e encantarem os olhos de quem observa. A vista divide a atenção com o trajeto sinuoso, que pede certa cautela dos motoristas, em especial por alguns desníveis em sua extensão.

Turismólogo Cesar Trevisan é o responsável por cuidar do parque | Foto Eduardo Montecino/OCP

Um pórtico de madeira confirma a chegada ao Parque Natural, localizado entre Corupá e São Bento do Sul. Propriedade particular, o espaço faz parte da Área de Proteção Ambiental Rio Vermelho/Humboldt, nos contrafortes da Serra do Mar. A posição geográfica privilegiada presenteia os visitantes com atrativos inesquecíveis e de tirar o fôlego, como a Cachoeira Braço Esquerdo, a Caverna da Fuga e a Trilha do Vale Perdido.

Cercado de grandes paredes de rocha, a área também propicia um ambiente característico para a prática de escalada, com quase cem opções de vias e níveis de dificuldade avançados. O parque promove a atividade há pelo menos dez anos e se consagrou como um dos principais pontos de escalada esportiva do Brasil.

Parque se consagrou como um dos principais pontos de escalada esportiva do Brasil | Foto Eduardo Montecino/OCP

O primeiro a nos dar as boas-vindas ao local é Hércules, um labrador preto que cresceu no recanto e recebe amigavelmente todo o público. O turismólogo Cesar Trevisan, responsável por cuidar do parque, se apresenta em seguida para guiar o passeio. Na chegada, além do estacionamento e uma fonte de água natural, está localizada a área de conveniência, com sanitários e mesas para descanso e bate-papo.

De acordo com Trevisan, o Braço Esquerdo possui três diferentes públicos. Os turistas, vindos principalmente de Curitiba, e os moradores da microrregião, atraídos pelas cachoeiras e trilhas. Já os escaladores, oriundos de diferentes Estados, têm como objetivo desbravar o conglomerado de rochas. Para estes, os 12 meses do ano podem ser aproveitados, pois os setores ficam voltados para o sul e passam a maior parte do dia na sombra. A maioria das paredes é negativa, possibilitando a prá- tica do esporte até mesmo com chuva.

A alta temporada para quem deseja aproveitar as águas refrescantes acontece entre o Natal e o Carnaval. No entanto, o responsável salienta que o Parque Natural fica aberto todos os dias do ano. “O dia em que registramos maior público é no domingo, quando chegamos a 150 visitantes”, destaca Trevisan.

Ainda é possível desfrutar da mata nativa durante a noite ou por mais de um dia, graças à área de camping, cozinha coletiva completa, chuveiros quentes e acesso à internet. Para o acampamento, Trevisan recomenda que os interessados entrem em contato antecipadamente para agendar uma data. A capacidade é de 50 pessoas. Preço visitação é de R$ 10 por pessoa. Para camping são R$ 15 por noite.

Localização do Parque | Ilustração OCP

CACHOEIRA BRAÇO ESQUERDO

Subindo à direita do Parque Natural, uma trilha com 110 metros de extensão entre árvores e nascentes dá acesso à Cachoeira Braço Esquerdo. Os dez minutos de caminhada valem a pena ao encerrar de frente para um paredão de cerca de 90 metros de altura com diferentes quedas d’água. A cachoeira, afluente do rio Ano Bom, forma um poço de águas aos seus pés, perfeito para o banho. A formação rochosa também torna possível subir alguns metros e ficar mais próxima à queda. Um dos maiores atrativos do Braço Esquerdo, a cascata, é cercada pela natureza. O ponto foi um dos primeiros da área a ser descoberto pelos moradores e turistas.

Aos pés da queda de água, um local perfeito para os visitantes se banharem | Foto Eduardo Montecino/OCP

CAVERNA DA FUGA

Abaixo de uma das maiores rochas de escaladas se encontra o acesso à Caverna da Fuga, formada pela ação das águas do rio Cachoeira. São 60 metros de trajeto, com entrada principal em uma parte seca e cachoeira no fim do percurso. O nome da caverna lembra as lendas, que apontam que o local era rota de fuga para índios, como os Xoclengs, quando perseguidos pelos antigos caçadores.

TRILHA DO VALE PERDIDO

A trilha com duração de mais ou menos uma hora instiga os visitantes a se aventurar em meio a diversos obstáculos formados pelos paredões de rochas, entrecortado por riachos. A paisagem lembra as de filmes como o Elo Perdido e Jurassic Park.

Trilha lembra paisagens dos filmes de cinema | Foto Eduardo Montecino/OCP

ESCALADA

O Parque Natural do Braço Esquerdo está na rota de escaladores nacionais e internacionais pelo alto nível de dificuldade e qualidade técnica. Das cerca de cem opções de via, 20 estão acima do 9º grau, em uma escala que vai até o 14º. O local promove festivais de confraternização entre os praticantes com regularidade. As datas podem ser acompanhadas pelo site e pela página no Facebook.

Escaladores de estados como Rio de Janeiro e Minas Gerais vão até o parque para desbravar as imponentes rochas | Foto Eduardo Montecino/OCP

Segundo o responsável pela manutenção da área, César Trevisan, a escalada é um esporte que vem ganhando visibilidade desde que foi confirmado nas Olimpíadas de 2020. Apesar de ser voltado aos profissionais, o parque organiza cursos com instrução para iniciantes. No Braço Esquerdo podem ser encontrados dois tipos de escalada, a boulder e a esportiva. A boulder tem paredes menores e a segurança é feita por colchões. A movimentação é mais explosiva e concentrada. Na esportiva, as vias possuem com alto grau de dificuldade, as escaladas são mais longas e a estratégia está ligada à resistência. Uma corda é utilizada para segurança. “Nestas vias, há uma proteção fixa a cada 2,3 metros. O escalador escolhe qual irá seguir, contando com a ajuda do guia, que garante a sustentação da corda em casos de queda. É necessário haver muita confiança e comunicação entre os dois”, observa Trevisan. Os esportistas utilizam uma sapatilha especial com fácil aderência à rocha e usam magnésio para secar as mãos. A combinação rara de rochas conglomeradas exige resistência dos praticantes por juntar extensão com inclinação.

CONGLOMERADO DE ROCHAS ATRAI ESPORTISTAS DE TODO O PAÍS

O agente de viagens Bruno Curty levou a esposa Maria, os filhos Pedro e Mariah, e mais alguns amigos de Curitiba para passar o feriado prolongado no Parque Natural. O paranaense é amante da escalada e pratica o esporte há 15 anos. “Sempre que temos uma folga viemos para cá. A infraestrutura é ótima para trazer as crianças, elas se divertem com os atrativos naturais e nós escalamos. A qualidade das montanhas para o esporte se destaca de outros lugares, o acesso também é fácil”, avalia Curty. Para o filho Pedro, a parte mais divertida é o acampamento.

Bruno costuma vir de Curitiba com a sua família e amigos para acampar e escalar no local | Foto Eduardo Montecino/OCP

Os amigos Rafael Cortes, 48 anos, e Tadeu Martins, 38 anos, vieram de mais longe. Eles são do Rio de Janeiro e de Belo Horizonte, respectivamente. Escaladores com mais de 20 anos de experiência, os dois visitavam pela primeira vez o Parque Natural na sexta-feira. “Conhecemos o lugar pela internet. Percorremos o país praticando o montanhismo e as daqui se diferenciam por ser de rocha conglomerada, com uma variedade de agarras, buracos de diversos tamanhos, monodedos e agarrões que proporcionam uma infinidade de movimentos e possibilidades”, apontam. Outro fator que eles destacam é a qualidade da água que as nascentes da região possuem.

Confira o vídeo:

https://www.youtube.com/watch?v=alY2Df1m7h4&feature=youtu.be

Crédito da música: Caiambá – Banda Caraudácia