Após registrar 111 casos de síndrome respiratória por Influenza, Santa Catarina dá início, na próxima semana (25), à campanha de vacinação contra gripe. Até agora, 19 pessoas já morreram devido à Influenza no Estado, sendo 18 por gripe A e uma por gripe B – está última em Jaraguá do Sul. O número é praticamente igual ao registrado durante todo o ano de 2015, quando morreram 20 pessoas. Na região, três mortes foram confirmadas, a por gripe B e outras duas por gripe A, em Guaramirim.
Vacinação e grupos de risco
Atualmente, duas vacinas estão disponíveis para auxiliar no combate aos vírus: a trivalente, que contém os vírus A (H1N1), A (H3N2) e influenza B do subtipo Brisbane; e a tetravalente (ou quadrivalente), que contém os vírus A (H1N1), A (H3N2) e dois vírus da Influenza B, que são os subtipos Brisbane e Phuket. A vacina oferecida pelo SUS é a trivalente e é indicada para todas as pessoas, exceto para bebês com menos de seis meses de idade. A vacina leva em média duas a três semanas para fazer efeito no organismo.
São considerados grupos de risco: crianças menores de cinco anos, pessoas acima de 60 anos, gestantes, puérperas (mulheres que deram a luz recentemente), profissionais da saúde e pacientes com doenças crônicas. Vale lembrar que mesmo quem tomou a vacina em 2015, deve se vacinar novamente.
“Importante ressaltar que pessoas com problemas de saúde como pressão alta, obesidade, deficiência renal, doenças respiratórias crônicas e transplantadas também se enquadram nesta categoria. Estes quadros podem causar a queda nas defesas do organismo, seja pela doença ou pelo uso de medicações específicas”, destaca o médico Marcio Freitas.
Onde procurar ajuda
Quando surgem os sintomas de gripe, é comum que o primeiro impulso seja procurar o hospital mais próximo. Entretanto, profissionais da saúde frisam a importância de colocar a unidade básica como primeira opção. A lógica é simples: em um local de grande entrada e saída de pacientes, como um pronto atendimento, a chance de contrair outra variação de Influenza é muito maior, explica a enfermeira da Secretaria de Saúde de Guaramirim, Sanah Siebert. “Assim, a pessoa pode tanto infectar outros pacientes, quanto piorar sua situação, contraindo um tipo mais agressivo do vírus”, diz.
A exceção são os casos em que a doença já evoluiu para sintomas mais graves, como febre alta incessante e dificuldades para respirar. “Nestes casos a pessoa deve ir ao hospital o mais rápido possível”, ressalta. Segundo Sanah, nas últimas duas semanas, o atendimento nos hospitais da região aumentou pelo menos 30%.

• Não compartilhar copos, toalhas ou objetos pessoais
• Manter os ambientes arejados e com as janelas abertas
• Sempre que possível, permitir a incidência de sol no ambiente. Os raios ultravioletas são um ótimo viricida
• Evitar o contato com pessoas doentes
• Evitar lugares muito fechados ou com muitas pessoas
• Lavar as mãos frequentemente com água e sabão
• Na impossibilidade de lavar as mãos, utilizar álcool gel 70%
• Não utilizar medicação sem orientação médica
• Aos primeiros sintomas de gripe, procurar um posto de saúde ou médico
• Sempre que possível, desinfetar as maçanetas e pias
• Ao tossir ou espirrar, cobrir o nariz e a boca com um lenço descartável
• Evitar tocar os olhos, o nariz ou a boca
Agravamento da doença
Para garantir que o vírus da Influenza não vá agravar o estado de saúde do paciente, hospitais e postos de saúde são orientados a aplicar o Tamiflu já no início dos sintomas. Em Guaramirim, por exemplo, a postura foi adotada devido à demora na realização do exame laboratorial que determina o vírus, considerado de alta complexidade.
Quando não combatido, o vírus pode gerar uma série de complicações, sendo a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) uma das mais comuns. A SRAG é uma síndrome gripal que evolui com comprometimento da função respiratória. “Essa síndrome acontece quando o vírus se aloja nos alvéolos do pulmão e começa a se multiplicar. O vírus entra na célula e usa o próprio sistema de replicação do nosso DNA para se multiplicar, ‘explodindo’ a célula e atacando novamente. Como resultado, ocorre um inchaço dos alvéolos e a troca de oxigênio e gás carbônico do pulmão fica prejudicada”, detalha Marcio Freitas. O quadro é considerado sério e pode levar à morte.
Conforme o otorrinolaringologista, a rapidez com que o vírus avança depende de uma série de fatores, entre eles a imunidade e saúde do organismo, a agressividade do vírus e até o estresse do paciente. “O vírus da gripe está em constante mutação e alguns grupos mutantes são mais agressivos. Mas o que normalmente faz a situação se agravar muito é a demora para procurar atendimento médico”, alerta.