
Os condutores não esconderam a emoção de carregar um dos maiores símbolos do esporte mundial
Durante todo o trajeto, pessoas observavam das calçadas, das janelas dos prédios e de dentro dos escritórios. Era difícil segurar a curiosidade. No calçadão, as calçadas ficaram lotadas por aqueles que deram uma “paradinha” para espiar o comboio. E quando ele passava, não era preciso mais do que alguns minutos para a rotina voltar ao normal - as ruas eram bloqueadas conforme o grupo chegava, sem muito alarde, sendo liberadas logo na sequência. Emoção à flor da pele Ao lado da família, a ex-atleta Cornélia Holzinger Caglioni de 52 anos, aguardava ansiosa pelo momento em que iria oficialmente entrar para a história das olimpíadas no Brasil. Com os dedos meio trêmulos e um sorriso imenso no rosto, a jaraguaense mal podia disfarçar a alegria de ser uma das escolhidas para conduzir a tocha. “Esta é a minha realização olímpica”, disse ela, sem conseguir conter a emoção, enquanto o comboio se aproximava. Cornélia começou a escrever o nome na história do atletismo catarinense aos 16 anos, quando se inscreveu na Escolinha de Atletismo do Baependi. Competidora em diversas provas, a ex-atleta contabiliza no currículo inúmeras vitórias, entre elas 25 medalhas de ouro nos Jogos Abertos de Santa Catarina e quatro medalhas de ouro no Troféu Brasil de Atletismo, além de deter recordes estaduais. “Para mim é uma emoção muito grande fazer parte deste momento, especialmente aqui, na minha cidade, no meio do meu povo. Enquanto atleta, conquistei muito mais do que imaginava, mas não tive a oportunidade de chegar a uma Olimpíada. Este é o momento em que eu posso fazer parte desta história”, declarou, emocionada. Do outro lado da rua, o marido da ex-atleta, José Augusto Caglioni, acompanhava orgulhoso a cerimônia. “Sinto como se eu estivesse ali junto com ela, é um reconhecimento muito merecido”, comentou Caglioni, que foi treinador de Cornélia durante os anos de atletismo. “É um evento que ajuda a difundir o espírito olímpico entre os jovens”, afirmou ele. Multidão acompanhou cerimônia na Arena No pátio da Arena Jaraguá, uma multidão se reuniu para acompanhar a chegada da tocha, trazida pelo ex-atleta do voleibol Benhur Sperotto, 68 anos. Em um palco montado em frente à Arena, Sperotto foi o responsável por encerrar a cerimônia, em meio a um mar de aplausos. “É uma honra muito grande ter sido escolhido para representar todos os atletas, técnicos e professores esportivos de Jaraguá do Sul. É um momento histórico e único, devemos nos sentir orgulhosos”, disse Sperotto, que participou das Olimpíadas de 1976 e 1980 e hoje atua como coordenador técnico na Fundação Municipal de Esporte.

"Torço para que o clima das Olímpiadas traga momentos de paz ao país” Lucas Pavin, repórter
A minha vida sempre foi dedicada aos esportes. Desde criança pratiquei futebol, conhecendo muitos professores e colegas que ajudaram na minha formação, até virar um adepto do tênis, modalidade na qual também carreguei grandes experiências. Ao receber a tocha, na manhã de ontem, a ansiedade deu lugar a todas as boas lembranças que me trouxeram até aqui, desde que deixei o esporte para entrar na faculdade, além da minha família, namorada, amigos e companheiros de trabalho, que tanto me apoiaram neste dia memorável. A vinda da tocha trouxe inúmeras criticas por parte da população e concordo que o País precise de mudanças, mas acredito que não seja a hora de questionar a realização do revezamento ou das Olímpiadas, pois prefiro acreditar no lado bom que o esporte proporciona. Infelizmente, problemas políticos, financeiros e sociais sempre existiram e irão continuar perturbando a sociedade, mas não podemos desmerecer um evento como este, dedicado ao esporte que é uma das maneiras viáveis para tornar o País ainda melhor, mesmo em tempos de crise. Jaraguá do Sul abraçou esta ideia e fez um espetáculo pelas ruas, mostrando ao Brasil e ao mundo que vivemos em uma cidade repleta de esperança. Como um mero anônimo, diante de tantos nomes importantes que marcaram história no esporte jaraguaense, posso afirmar que o dia 13 de julho de 2016 jamais será esquecido e torço para que o clima das Olímpiadas traga momentos de paz ao país.