Serra de contrastes: de belezas naturais e perigos

Por: Windson Prado

26/02/2018 - 11:02 - Atualizada em: 28/02/2018 - 11:47

Ela é uma das principais rodovias estaduais do Planalto e Litoral Norte de Santa Catarina, e até por conta disto, a mais problemática. Líder na fatídica estatística de acidentes em estradas estaduais da região, a SC-418 sofre com a ação do tempo, com a falta de atenção e manutenção do Governo do Estado e, principalmente, com o desleixo e vandalismo da população, essencialmente no trecho que liga Joinville a Campo Alegre.

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A rodovia também já se chamou SC-301. Erguida em meio às riquezas da Mata Atlântica o local é um verdadeiro paraíso ecológico, com encantos que vão de rios e cachoeiras na região mais baixa, como os rios Quiriri e da Prata, até o imponente Castelo dos Bugres, no alto da serra. Anda mais acima, são áreas de pasto que chamam a atenção, na região de Campo Alegre. Tudo isso faz da SC-418 um local bastante peculiar.

Estrada levou 22 anos para ser aberta

A rodovia é bastante antiga. Foi construída em 1858 por imigrantes, com o objetivo de escoar o comércio entre o planalto Norte e Litoral, principalmente cargas de erva-mate e madeira. Antes da construção, trilhas em meio à floresta já eram utilizados por tropeiros, mais aventureiros. O nome da serra foi em homenagem à princesa Francisca Carolina.

Parada de Carroções, no quilômetro 47 da estrada Dona Francisca | Foto Reprodução/Arquivo Histórico de Joinville

“A construção da estrada Dona Francisca, em direção ao Rio Negro, com a extensão de 156 quilômetros, vencendo os obstáculos da escalada da Serra Geral, levou quase 30 anos, custou aos cofres do Governo Imperial mais de 600 contos de réis e foi motivo de agitados acontecimentos e divergências entre a Colônia e o Governo por motivos financeiros, políticos e técnicos, durante quase meio século”, escreveu Carlos Ficker, no livro ‘História de Joinville – Crônicas da Colônia Dona Francisca”, disponível no Arquivo Histórico de Joinville.

Foram 22 anos de muito trabalho até a estradinha ficar pronta, o que só aconteceu em 1880. De lá pra cá, a rodovia passou por algumas modernizações, mas o trajeto, em sua maioria, permanece o ­mesmo. Houve um tempo em que a serra era toda de paralelepípedo, e só foi asfaltada entre os anos de 1976 e 1977. Nos anos 2000, a parte da serra foi toda restaurada.

O trecho mais sinuoso da Serra Dona Francisca conta com oito curvas de 180 graus, num trecho de 4 km. No meio dela, um belo mirante proporciona uma vista surpreendente, em meio às montanhas e o vale da mata.

O trecho mais sinuoso da Serra Dona Francisca conta com oito curvas de 180 graus, num trecho de 4 km | Foto Reprodução/Dronear/tripadvisorHoje, quase 20 anos depois da última restauração, as questões que envolvem a Serra Dona Francisca e a SC-418 continuam sendo muito discutidas. A falta de sinalização e os acidentes graves chamam a atenção da sociedade. Nas últimas semanas, os assuntos relacionados a rodovia nortearam o debate da Câmara de Vereadores de Joinville. Na pauta, a preocupação com o tráfego de caminhões com cargas tóxicas. A falta de manutenção na sinalização também engrossou a discussão.

Os vereadores ainda conversaram a respeito da possibilidade da implantação de um pedágio na Serra Dona Francisca, entregando a administração da estrada à iniciativa privada. Esta, por sua vez, seria responsável pelo projeto e execução de melhorias em toda a SC-418, inclusive a duplicação do trecho que liga Joinville a São Bento do Sul.

 

*Fontes:

História de Joinville – Crônicas da Colônia Dona Francisca

Histórias vividas, histórias contatas, MariaCristinaDias.com.br

Viagensecaminhos.com.br

 

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