Mais doce do Brasil! Banana da região de Jaraguá do Sul ganha certificação mundial

Foto: Eduardo Montecino/OCP News

Por: Elissandro Sutil

24/08/2018 - 05:08 - Atualizada em: 24/08/2018 - 11:12

Um longo processo, iniciado há 12 anos, acaba de ser concluído, trazendo para Corupá e região a primeira Indicação Geográfica (IG) por Denominação de Origem (DO) de banana do mundo.

A fruta produzida no município e em Jaraguá do Sul, Schroeder e São Bento do Sul passará a ser reconhecida mundialmente como a mais doce do Brasil.

Na próxima terça-feira, a revista do Inpi (Instituto Nacional da Propriedade Industrial) fará a publicação anunciando o feito e o selo deverá chegar a Corupá em 45 a 60 dias.

Segundo Eliane Müller, certificação vai gerar outro tipo de turismo à região, onde turistas virão conhecer a banana mais doce do país | Foto Eduardo Montecino/OCP News

A diretora executiva da Asbanco (Associação dos Bananicultores de Corupá) Eliane Müller destaca que essa certificação dá início a um novo cenário na produção e comercialização da fruta para a região. Com a IG, os municípios buscam melhorias das condições sociais, ambientais e econômicas.

“Vai muito mais longe do que a gente pode imaginar, porque a gente entra no circuito mundial das Indicações Geográficas. Isso gera, por exemplo, um outro tipo de turismo, onde o turista vem para conhecer esse produto especificamente”, aponta.

Outro ponto relevante citado por Eliane é que o governo federal possui políticas públicas para IGs, o que é uma necessidade para a região.

Para entender melhor o tamanho desse reconhecimento e o que ele vai trazer para as cidades envolvidas, a executiva da Asbanco cita os pontos-chave. Confira.

O que o selo representa

Selo deverá reconhecer mais de cem anos de trabalho e esforço de muitas gerações de agricultores familiares | Divulgação/Asbanco

A IG é o mais alto reconhecimento de um produto em nível mundial. Não existe outra certificação superior ou que tenha tal importância. A fruta produzida na região é comparada ao vinho do Porto ou ao presunto de Parma, por exemplo.

“É conseguir diferenciar a produção de 980 famílias no Norte de Santa Catarina que cultivam a fruta em sistema familiar nesse Brasil bananeiro. Esse reconhecimento vai fazer com que tenhamos uma evolução na parte turística, gastronômica e cultural”, defende.

Produtores envolvidos

Dos quatro municípios da região, 980 famílias serão beneficiadas pelo projeto. Juntas, elas plantam 9 mil hectares de banana. São 13 milhões de plantas, que movimentam o valor de R$ 50 milhões.

A participação de cada município na IG corresponde a: Jaraguá do Sul – 52,8% da área, Corupá – 23,6%, Schroeder – 16%, e São Bento do Sul – 7,5%.

Qual banana recebe a IG?

Mapa destaca a região onde é produzida a banana mais doce do Brasil | Divulgação/Asbanco

O selo vem para a “nanicão Corupá”, que é a banana caturra, do grupo cavendish. Cerca de 80% da produção do Norte de Santa Catarina é dessa fruta e 20% corresponde à banana prata.

Aproximadamente 99,9% da produção da região é convencional, a produção orgânica ainda não é expressiva. No entanto, toda a banana cavendisch entra na Indicação Geográfica. Seu diferencial de doçura se dá devido às condições climáticas em que é produzida.

Outros produtos

Essa IG é a primeira do Brasil que tem mais de um produto na carta. Em geral, o selo é concedido a um único produto.

“Mas, há casos fora do Brasil em que mais de um produto entra na mesma Indicação Geográfica”, diz a executiva.

A região, então, pleiteou o selo não só para a fruta, mas para geleia de banana, banana passa, bala de banana – subprodutos da fruta madura -, e para a farinha, chips e biomassa da fruta verde.

Mais vantagens

Produto diferenciado apresenta maior teor de “açúcares naturais” e caiu no gosto dos consumidores brasileiros | Foto Eduardo Montecino/OCP News

A conquista do selo para os derivados da fruta é extremamente positiva, segundo Eliane. Ela explica que, como a comercialização da fruta é regida pela lei da oferta e da procura, quando há uma supersafra de banana, o preço baixa.

Portanto, o ideal é aproveitar esse excesso de fruta para transformá-la. “O fato de nós termos mais seis super produtos – como chamamos – vai despertar o interesse das agroindústrias e indústrias em processar essa fruta excedente”, projeta.

Próximos passos

O fato de Corupá ter conquistado a IG faz com que todo e qualquer produtor que resida nessa área delimitada – Corupá, Jaraguá do Sul, Schroeder e baixo São Bento do Sul – tenha direito a usufruir desse diferencial.

Para isso, o agricultor precisa cumprir o regulamento de normas de produção.

“O nosso próximo passo vai ser instituir, implementar e aplicar esse regulamento. Daí, então, desenvolver a parte comercial – que é o nosso desafio agora – não vender mais a banana em caixa de madeira e plástico, inovar em termos de embalagem e apresentação, marketing desse produto, comercialização e distribuição”, diz Eliane.

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