Rivalidade fica de lado diante de dificuldades do futebol amador

Por: OCP News Jaraguá do Sul

18/04/2017 - 06:04 - Atualizada em: 19/04/2017 - 07:39

Por: Ana Paula Gonçalves

O Rio da Luz recebeu os primeiros imigrantes vindos de Blumenau, em 1868, que ajudaram a formar a Colônia de Jaraguá. No bairro está concentrada boa parte da história da cidade, uma localidade que guarda as tradições germânicas em suas cinco sociedades de tiro ativas. Entretanto, não são somente estas entidades que congregam a comunidade do bairro, que tem uma forte ligação com o esporte. No Rio da Luz, encontram-se os clubes Guarani, Ponte Preta, Cruz de Malta e Vitória. Os dois últimos, conhecidos pela rivalidade.

As trajetórias desses clubes se fundem à história de Jaraguá do Sul. O Vitória foi fundado em 7 de junho de 1943, em uma época em que o futebol amador era o mais próximo que a maioria da população brasileira conseguia chegar desse esporte. Passados 18 anos, o Grêmio Esportivo Cruz de Malta surgiu do entusiasmo de Ademar Duwe e Eugênio Müller, fundado em 27 de agosto de 1961.

O presidente do Vitória, Ilton Hoffmann, filho de um dos fundadores, explica que antigamente a disputa ia muito além das quatro linhas. “Quando assumi a Sociedade Vitória, nos anos 1980, a rivalidade entre o Vitória e o Cruz de Malta era muito grande. Hoje em dia, dentro de campo ela ainda existe, mas, o ruim daquela época é que a briga se estendia extra-campo”, revela.

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Um cenário, segundo Duwe, que tinha como aspecto positivo a busca pelo aperfeiçoamento das equipes. “Na época, o futebol era muito disputado, havia muita rivalidade entre as equipes, uma querendo se destacar mais que a outra. Hoje, o futebol amador na microrregião está quase acabando. Antes, havia muitos grandes times que foram sucumbindo, por isso podemos considerar o Rio da Luz um bairro privilegiado, já que temos quatro times de futebol bem estruturados aqui”, comenta.

Atualmente, segundo Hoffmann, o quadro melhorou bastante e os clubes estão mais unidos justamente para não deixar o futebol morrer. “Está difícil fazer futebol. Há dificuldade para conseguir verba e estamos sempre correndo atrás do patrocínio de empresas”, declara.

Integração começou dentro de campo
O diretor de Patrimônio do Cruz de Malta e ex-jogador, Guinaldo Guilow, recorda que o início as competições entre bairros há oito anos contribuíram para uma maior integração. “Com esse interbairros, o time mesclou jogadores do Cruz de Malta e do Vitória e, hoje, existe um entendimento maior entre os clubes, o que não existia antigamente. As brigas eram feias”, lembra.

Hoffmann destaca que também facilita a integração dos clubes o fato de que, hoje em dia, os atletas transitam por vários clubes. “Eles disputam um campeonato por um clube, outro campeonato por outro clube e assim por diante. Tenho amigos que jogam no Cruz de Malta, no Guarani, na Ponte Preta, assim como tem jogadores deles que jogam com a gente”, exemplifica.

Os campeonatos como o interbairros, ainda aponta Guilow, possibilitaram também maior participação de jogadores do bairro. “Assim, os atletas locais começam a aparecer e trazer a torcida também, já que toda a família vem prestigiar. Esse foi um dos motivos para que a comunidade do Rio da Luz voltasse a acompanhar e prestigiar nosso futebol”, diz.

Luta para manter o futebol amador

A busca constante para manter a modalidade também é destacada por Ademar Duwe. Uma das lutas diz respeito ao apoio da Prefeitura. Ele destaca que é necessária uma integração maior entre o poder público e os clubes para viabilizar o futebol novamente. “Jogo entre o Cruz de Malta e o Vitória dá três vezes mais público do que uma partida do Juventus. Muita gente nos diz que a Cruz de Malta é, hoje, a maior torcida de Jaraguá. O caminho, então, é esse, resgatarmos o futebol amador”, destaca.

A participação dos jovens nos clubes de futebol do bairro também é escassa, segundo Duwe. Nas primeiras décadas depois de o clube ser fundado, havia fila para dirigi-lo. Hoje é difícil compor uma diretoria. “Fazíamos a eleição no Salão Barg antigamente e chegávamos a ter 20 candidatos a presidente do Cruz de Malta. Agora, não aparece um candidato”, lamenta.

A importância de manter o futebol amador em atividade nos bairros é ressaltada através de um fato pelo presidente do Vitória, Ilton Hoffmann. Foram no Rio da Luz as primeiras jogadas do atleta Felipe Luís, que hoje joga no Atlético de Madri e na Seleção Brasileira. “Na época, tínhamos a escolinha de futebol. Ele era um menino bastante esforçado, mas sempre digo que por ser muito magrinho, e havia atletas com melhores condições físicas, não esperávamos que ele se destacasse. No entanto, Abel Ribeiro veio buscar Felipe Luís e temos muito orgulho do atleta que ele se tornou”, conclui.

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Publicação da Rede OCP de Comunicação