Projeto deve testar ônibus com tarifa mais barata em Joinville, confira quais foram os bairros escolhidos

Foto Arquivo OCP News

Por: Lucas Koehler

25/11/2019 - 15:11 - Atualizada em: 25/11/2019 - 17:29

A mobilidade urbana de Joinville está próxima de ganhar um projeto de teste com tarifa mais barata.

A Prefeitura deve autorizar nos próximos dias um modelo de “sistema circular” com linhas de circulação somente dentro dos bairros, das 8h às 16h, e com a tarifa no valor de R$ 3.

Os bairros Aventureiro e Boehmerwald foram os escolhidos para inaugurar os testes.

Se o modelo for aprovado e utilizado pelos dos usuários, a proposta será levado para mais bairros.

Mesmo com a liberação da prefeitura, as empresas que fazem a gestão do transporte coletivo devem fazer o experimento depois do recesso de final de ano, quando a movimentação volta ao normal.

A mudança tem como objetivo atrair quem faz deslocamentos mais curtos. Os pontos de parada serão livres.

Segundo o Cidade em Dados de Joinville, os números do transporte coletivo são negativos na região. Em 2010, por exemplo, eram 128.106 usuários por dia nos ônibus, porém, em 2017, o número despencou para 102.244.

Por ano, a média é ainda mais alarmante. Em 2000, o número era de 4.170.671. 17 passageiros, 17 anos depois, eram 3.109.929 passageiros.

Em nota, a Prefeitura de Joinville afirma que projeto tem como propostas proporcionar a economia e conforto aos usuários do transporte público, além de incentivar o aumento da demanda de passageiros ao sistema de transporte coletivo da cidade.

Ainda segundo a prefeitura, o município trabalha na melhoria e ampliação de corredores exclusivos de ônibus a fim de proporcionar maior agilidade nos itinerários, estimulando o maior interesse para o uso do sistema e reduzindo custos de operação, o que poderá resultar em tarifas mais econômicas.

Urbanista afirma que mudança não deve ser significativa

Para o sociólogo e urbanista Charles Henrique Voos, o teste pode ter um duplo sentido.

Ele cita pesquisas realizadas em Joinville que mostram que a cidade tem demanda para deslocamento entre os bairros, porém, não são feitas com veículos.

“As pessoas vão à farmácia ou no mercado da esquina, mas são deslocamentos são feitos a pé ou de bicicleta, não por ônibus”, afirma.

Charles pensa que é um contrassenso incentivar a mobilidade entre os bairros ou intrabairros, já que é as viagens são curtas. E cita outros possíveis problemas.

”É uma proposta que segrega a cidade, pois mantém as pessoas distantes dos centros, ou seja, longe dos equipamentos públicos como hospitais e serviços da prefeitura”, analisa.

A melhor alternativa, segundo ele, seria o incentivo nos horários de pico, porém, a proposta não deve se preocupar apenas com o valor da tarifa, mas também investir em corredores de ônibus, melhorar pontos de paradas e horários das linhas, além de oferecer melhores condições de trabalho aos funcionários do transporte.

“Apenas baixar o preço da passagem é uma medida para tentar aumentar o número de usuários, mas, na verdade, isso é apenas um curativo em cima do problema”, ressalta.

Para o urbanista, existem diversas medidas que podem melhorar a mobilidade e transporte da cidade.

“O controle do uso do solo é necessário, com ele, é possível organizar um sistema de transporte eficiente, com transparência e pensado para a população, ao contrário do que é atualmente”, afirma.

O IPTU Progressivo é outro ponto defendido por Charles. “Taxação em terrenos baldios, as taxas de multas e estacionamento rotativo podem ser destinados para melhorias no transporte ou até para subsidiar a tarifa”, finaliza.

 

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