Projeto Acolhida na Colônia começa a ser desenhado em Jaraguá do Sul

Foto Eduardo Montecino/OCP News

Por: Elissandro Sutil

22/08/2018 - 09:08 - Atualizada em: 22/08/2018 - 10:58

Abrir as portas de casa, da propriedade rural e do dia a dia para turistas. Esse é o espírito do projeto Acolhida na Colônia, que já é realidade em inúmeros municípios catarinenses há 19 anos e está chegando, aos poucos, a Jaraguá do Sul.

A integração a essa proposta começa a ser desenhada pela família de Gielead Siewerdt, que aos 58 anos, já projeta a casa tombada recebendo turistas.

Moradora do Rio da Luz, Gielead participou da reunião na qual mais de 40 produtores conheceram com detalhes o projeto e se mostraram interessados em fazer parte do Acolhida na Colônia, que já abarca mais de 110 famílias.

Além delas, há outras cerca de 80 participando do processo de implantação, explica Lucilene Assing, engenheira agrônoma responsável pela disseminação do projeto.

Foto Eduardo Montecino/OCP News

O projeto, criado no Brasil em 1999, é integrado à Rede Accueil Paysan, atuante na França desde o final dos anos 1980. A ideia do Acolhida na Colônia é valorizar a vida no campo por meio do agroturismo ecológico, compartilhando o dia a dia com os visitantes.

E é esse compartilhar as experiências que encantou Gielead.

“Eu gostaria muito que virasse realidade porque não penso só no nosso bairro, mas nas outras pessoas podem entrar. E como é bom você receber alguém, mostrar sua casa, sua história, vender o que produz”, diz.

Ela explica que o grande casarão no qual mora foi herdado da mãe e aposta na estrutura histórica para transformá-lo em um belo ponto para os turistas que querem conhecer mais da história do Rio da Luz e tudo que é produzido por lá.

“Imagina que experiência maravilhosa poder acordar em lugar tranquilo, tomar um café com a certeza que não está ingerindo agrotóxicos e ainda conhecer como as coisas são produzidas”, completa.

Assim como ela, existem pelo menos 44 possíveis empreendedores dispostos a conhecer o projeto, conta o diretor de Turismo da Prefeitura, Marcelo Schiochet Nasato.

Ele conta que a reunião promovida no último dia 14 de agosto serviu para esclarecer as dúvidas dos produtores e também provou o interesse dos jaraguaenses pelo projeto que está consolidado em Santa Catarina.

Para Nasato, as vantagens do projeto são diversas tanto para os agricultores como para o município, que ainda não encontrou uma maneira de fortalecer o turismo rural.

Além disso, o diretor ressalta o quanto um projeto como esse pode auxiliar na manutenção dos moradores da zona rural.

“A Acolhida na Colônia busca manter as pessoas na propriedade rual e manter o convívio delas no meio rural. Eles mantém a vida deles, a rotina deles e recebem os turistas para essa troca de experiências, ela busca ainda o autossustento da propriedade, o aproveitamento máximo da produção”, avalia.

O diretor chama a atenção para a qualidade de vida proporcionada tanto aos produtores como para quem os visita, uma vez que um dos pilares do projeto é a produção orgânica. Para Nasato, o projeto tem tudo para sair do papel. Agora serão mapeados os reais interessados em fazer parte do projeto.

Produtores com renda e trabalho valorizado

Iniciativa da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio, Serviços e Turismo e contanto com a participação da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural e Abastecimento, a viabilidade do Projeto Acolhida da Colônia, o diretor de Turismo, garante Marcelo Schiochet Nasato, depende dos próprios proprietários.

Para ele, Jaraguá do Sul vai seguir os passos de Corupá – que já tem propriedade em fase final de implantação.

“O que estamos fazendo é mostrar a oportunidade, verificar as dificuldades e fazer com que as coisas aconteçam. Estamos aqui para facilitar e provocá-los para que possam empreender e temos sim inúmeras propriedades que tem a possibilidade”, salienta.

Segundo o gerente de Planejamento e Abastecimento Agrícola, Adriano Luiz Roik, a aceitação entre os produtores jaraguaenses foi das melhores, uma vez que o número de participantes na reunião do dia 14 surpreendeu.

“Pelo que a gente viu, teve ótima aceitação e acho que isso se deve ao fato de que o projeto já acontece e dá certo em outras cidades”, analisa.

Roik também chama a atenção para o déficit de turismo rural em Jaraguá do Sul, deficiência que pode ser suprida com a implantação do Acolhida na Colônia.

Foto Eduardo Montecino/OCP News

A engenheira agrônoma responsável pela disseminação do projeto Lucilene Assing conta que a expansão e consolidação do projeto se dá, ano após ano, graças aos frutos colhidos que vão desde o financeiro até a manutenção do meio rural e da autoestima do produtor.

Diversas famílias conseguiram se manter no meio rural, diversificando a renda com possibilidade de produção e turismo de experiência, segmento que, segundo ela, tem crescido consideravelmente no estado.

“A pessoa fica o dia todo convivendo com a família, então é uma relação de troca de experiências entre a pessoa da cidade e o homem do campo e isso faz com que o produtor se sinta valorizado, além de gerar renda”, destaca.

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