Prefeitura mantém interrupção de ciclofaixa no Bucarein

Por: Gabriel Junior

14/02/2018 - 19:02 - Atualizada em: 15/02/2018 - 09:56

Há cerca de um mês, os gestores do município simplesmente decidiram apagar um trecho de uma ciclofaixa recém instalada na rua Plácido Olímpio de Oliveira, no bairro Bucarein, na região central da cidade. A faixa exclusiva destinada às bicicletas tem início na rua General Valgas Neves, e liga o 62º BI (Batalhão de Infantaria) ao Parque da Cidade. Mas, no meio do caminho, no trecho entre a rua São Paulo e avenida Getúlio Vargas, ela simplesmente foi apagada. A medida tem causado indignação, principalmente dos movimentos de ciclistas da cidade que prometem mais protestos e até entrar com uma ação na Justiça.

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Informações extraoficiais, apuradas pela reportagem do Jornal de Joinville, dão conta de que a ciclovia foi apagada nesta quadra após apelos da comunidade evangélica da Igreja Assembleia de Deus que utilizam o espaço como estacionamento, durante os cultos.

No começo de fevereiro, indignados com a situação, um grupo de ciclistas formados por integrantes do Bicicletada e Pedala Joinville promoveu um grande apitaço no local. Mas, a mobilização que contou com mais de 50 integrantes, não surtiu efeito no poder público. Nesta quarta-feira (14), a assessoria de imprensa da Prefeitura foi enfática em reafirmar que “a ciclovia foi desativada devido à alta demanda por estacionamentos daquela região, e que a situação não será revista”.

A equipe do Pedala Joinville também enviou um oficio à Prefeitura, pedindo uma audiência com o prefeito para tratar do assunto, mas segundo o presidente do Pedala Joinville, o engenheiro Roberto Andrich, 42 anos, eles ainda não tiveram retorno do executivo. “Eles não estão querendo nos atender, se esta situação não for reavaliada vamos entrar com uma ação junto ao Ministério Público pedindo a reativação da ciclofaixa”, informou Andrich a reportagem do Jornal de Joinville.

 

Compromisso eleitoral

O engenheiro presidente do Pedala Joinville, Roberto Andrich lembra que durante as eleições de 2016, o Pedala Joinville procurou todos os então candidatos a prefeito para propor uma carta de compromisso em prol das reinvindicações de mobilidade urbana voltadas ao ciclismo. “O prefeito Udo se comprometeu a não diminuir nenhuma ciclofaixa da cidade, e investir na mobilidade urbana. Queremos falar com ele novamente agora, para que ele revise os compromissos assumidos conosco. Uma vez que percebemos que nos últimos meses o plano de mobilidade não está sendo seguido como deveria”, enfatiza Andrich.

Na semana passada, o integrante do movimento Bicicletada, o design Fellipe Giesel, 33 anos, comentou que esta ciclofaixa é muito importante por ser “a primeira grande obra de integração de ciclo faixas entre bairros de Joinville”. “Foi tirado um direito de centenas de ciclista em troca de privilégios de alguns donos de automóveis. Isso é inadmissível”, lamentava. O grupo planeja outra manifestação no trecho em que a ciclofaixa foi interrompida, para a última sexta-feira do mês, a partir das 18h.

Sinal vermelho para ciclistas. Ciclovia é interrompida na quadra ao lado da igreja na rua Plácido Olímpio de Oliveira | Foto Jornal de Joinville

Especialista diz que ciclofaixas são fundamentais

A reportagem do Jornal de Joinville conversou também com um especialista em mobilidade que defendeu a manutenção da ciclofaixa. “Existe uma política nacional e municipal de mobilidade urbana que propõe que modos de transportes não motorizados precisam ser priorizados. Ao que me parece, não foi isso que aconteceu neste caso. Observamos que a cilclovia foi parcialmente implantada e removida, há marcas de repintura. Não sabemos se houve um erro de projeto, ou uma decisão posterior”, comenta o arquiteto especialista em desenvolvimento humano e professor da Unisociesc, Marcel Virmond Viera.

Ele acredita que de qualquer maneira, o que deve ser feito agora é uma adaptação para que todos saiam ganhando. “A ciclofaixa compartilhada pode ser uma saída. Entretanto, precisa ser feita alguma coisa. Não podemos simplesmente apagar a ciclofaixa e deixar como está. É preciso definir e fazer a sinalização correta, naquele trecho”, finaliza o professor.

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O que diz a Igreja Evangélica Assembleia de Deus de Joinville. “Estamos acompanhando de perto esta questão, vimos a prefeitura pintar a ciclofaixa, depois apagá-la e deixá-la compartilhada na calçada. Aquelas vagas de estacionamento da igreja são sim utilizadas por nossos fiéis, mas também temos outras possibilidades de estacionamentos. Por isso, a ciclovia não nos atrapalha”, pastor Eliseu Melsior.

O que diz a Prefeitura de Joinville. A assessoria de imprensa da Prefeitura de Joinville confirmou na semana passada, e reafirmou nesta quarta-feira (14), que decidiu retirar o trecho da ciclofaixa entre as ruas São Paulo e Getúlio Vargas devido ao fluxo de veículo neste trecho e a necessidade de manter vagas estacionamentos.

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