“Pop it”: O brinquedo que virou a nova febre entre as crianças já está causando problemas

Foto: Divulgação/Internet

Por: Isabelle Stringari Ribeiro

06/08/2021 - 11:08 - Atualizada em: 06/08/2021 - 12:41

A mais nova febre entre as crianças agora é o “pop it fidget”, porém esse brinquedo vem chamando a atenção também dos adultos, sejam eles pais ou educadores. O brinquedo é oferecido como uma alternativa mais saudável aos eletrônicos e é considerado uma promessa para acalmar os pequenos.

O material é de silicone, reutilizável e fácil manuseio. O “pop it” é quase uma imitação do plástico bolha, inclusive faz o barulho parecido. Ele teve seu auge de vendas durante a pandemia.

Também chamados de “bubbles”, por lembrar bolhas, os brinquedos são encontrados no comércio em diferentes formatos que vão de geométricos, representações de animais e até alimentos.

Em reportagem da NSC Total, Dara Gonçalves Hipólito, de 11 anos, conta que antes de ganhar um “pop it” da família, produzia seu próprio em casa. Ela e as amigas colocavam amido de milho, trigo e água em um balão para ficar mexendo e amassando enquanto faziam outras atividades.

Em 2020, depois de ver vídeos no Youtube de pessoas usando um fidget toy, Dara pediu para a mãe um brinquedo para desestressar.

Quem não gosta muitos são os educadores. Ao NSC Total, a professora Rafaela Ferreira, que trabalha na escola particular de Imbituba, conta que o brinquedo virou febre entre as crianças. Ela diz que quase todos os alunos do Ensino Fundamental e da Educação Infantil da escola têm o “pop it”.

“Faz dois meses que virou febre. Eles dizem que é para acalmar e desestressar, só que na sala está bem difícil. Enquanto estamos explicando ou eles estão escrevendo, ficam apertando essas bolinhas o tempo inteiro. Está bem complicado. Queremos criar uma regra porque tem alguns que nem sabe para que serve, mas querem ter porque o amigo tem”, diz Rafaela.

Porém o brinquedo vem conquistando o interesse dos adultos também, como conta a mãe de Dara.

“Ela fica brincando, e se tem um adulto por perto, já pega e também vai apertando, porque dá vontade. A Dara me contou que um dia levou na Educação Física e o professor pediu para ela não usar, mas quando pegou o brinquedo na mão começou a mexer também. É muito legal. Eles usam a criatividade para montar diferentes formas”, conta Leandra.

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O lado positivo e negativo do brinquedo

Em entrevista ao NSC Total, a psicopedagoga Fernanda Spengler explica que o brinquedo, apesar de ter um viés mais tranquilizante por fazer com que a criança se ocupe por um determinado período em que consegue descarregar um pouco da tensão e desconectar do excesso de informações das telas, o uso em excesso do pop it também não pode ser permitido pelos pais.

“Em comparação com um celular, esse brinquedo tem muito menos estímulo, o que de alguma forma tem um efeito mais calmante, menos agitado, mas o uso em excesso não faz bem,” diz a psicopedagoga.

Conforme a especialista, durante as aulas, o brinquedo deve ser guardado, assim como deve ser deixado de lado durante outras atividades como nas refeições.

“O uso desse brinquedo durante outras atividades vai interferir de forma negativa em vários aspectos. Na escola, por exemplo, o nível de concentração exige que a criança esteja presente e com foco educacional. O mesmo acontece na hora do almoço: ela tem outros focos durante a alimentação”.

Segundo Fernanda, o caso do pop it é um clássico para se trabalhar a valorização dos objetos e o controle das necessidades e dos desejos em uma época em que os interesses mudam rapidamente.

“Embora não tenha muitas variações, ele vai ter várias cores e formatos diferentes, mas com o mesmo objetivo: manusear. Então a gente vai ver crianças que têm 5, 6, 10 objetos desses porque um é mais bonito, o outro é diferente e a gente acaba estimulando a entrada nesse ritmo frenético de compras”, acrescenta.

Sem efeito científico

A novidade ainda não é reconhecida pela Sociedade Brasileira de Pediatria como um brinquedo que traz benefícios para a ansiedade, o stress ou a concentração.

“É mais uma ferramenta que pode ser usada para várias habilidades da criança como, por exemplo, aprender a contar, a categorizar. Também estimula a parte sensorial, porque tem o toque, tem a mudança de posição da bolinha, é colorido. Então, sim, é interessante, mas não é um brinquedo cientificamente estudado”, diz a integrante do Departamento Científico de Pediatria do Desenvolvimento e Comportamento da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Ana Márcia Guimarães Alves.

Mesmo sem benefícios comprovados, Márcia enfatiza que o pop it, assim como outros brinquedos manuais e sensoriais, é melhor do que o excesso de tempo de tela.

“Nesse ponto ele é uma oportunidade boa para se diminuir o tempo de tela das crianças”, conclui.

 

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Isabelle Stringari Ribeiro

Jornalista de entretenimento e cotidiano, formada pela Universidade Regional de Blumenau (FURB).