Com mais de 20 apresentações, a parada recebeu público de Criciúma e cidades vizinhas como Içara, Turvo, Araranguá, Morro da Fumaça, além das capitais Florianópolis e Porto Alegre, em que pessoas vieram exclusivamente para participarem do ato pela população LGBTQIA+ e em defesa do professor de artes, que foi demitido na última semana após transmitir um clipe do cantor Criolo para alunos do 9º ano.
Desde a última quarta-feira, mais de 10 grupos de WhatsApp foram criados mobilizando pessoas que se sensibilizaram com a situação. De acordo com a vereadora Giovana Mondardo, que é uma das organizadoras do evento, as falas da última semana foram das piores experiências que o município passou. “A LGBTfobia foi destaque em todo o Brasil contra um professor cujo talento e trabalho é inquestionável. Por isso, quero agradecer o apoio dessa geração, que é a geração que vai dar a esperança pro Brasil sonhar de novo”, destacou.
Apresentações de teatro, de DJs e de cantores da região também contribuíram para o andamento do evento. O uso de máscara, distanciamento, utilização de álcool em gel foi supervisionado durante todo o tempo, em que o parque foi tomado por pessoas que puderam acompanhar todas as atividades.
O presidente da União Nacional LGBT (UNALGBT) de Criciúma, Lucas Gonçalves, destacou que a presença do público é uma resposta contra a LGBTfobia. “Nos mobilizamos participando deste lindo ato como um reflexo e uma resposta de um povo que não vai mais aceitar o desrespeito e a intolerância. Hoje mostramos que estamos cientes dos nossos direitos e sabemos que a LGBTfobia é crime desde 2019 e nós não vamos mais abaixar a cabeça para as pessoas que acham que nós não deveríamos ter direito, chega de intolerância”, afirmou.
Solidariedade
Para a participação na Parada LGBTQIA+ de Criciúma, foi sugerido que cada participante pudesse contribuir com 1 kg de alimento para que seja entregue a instituições do município. Ao todo, foram meia tonelada levada até o parque. “Ficamos felizes em estar contribuindo com as pessoas que estão passando por dificuldade, além de reforçar o apoio ao professor que foi atacado durante a semana”, comentou a fisioterapeuta Júlia Pagnan.
Mãe e professor falam sobre o caso
No ato, diferentes pessoas tiveram o microfone aberto para expor sua visão sobre a situação e o atual momento da sociedade. Uma mãe de aluno do professor que foi demitido utilizou o microfone para defender o profissional. “Esse professor é maravilhoso e muitos pais seguem em sua defesa. Ele vai fazer com que minha filha não se torne uma homofóbica, ele ensinou a minha família que temos que ter empatia e respeitar uns aos outros. À este professor, todo o meu respeito”, destacou Sol Vaz Franco.
Pela primeira vez, o professor foi a público falar sobre o caso da última semana. Ainda preferindo manter o sigilo por conta das ameaças que sofreu, ele enviou mensagem para a organização do evento manifestando alegria. “Fiquei e sigo com medo, mas depois de saber e ver que tantas pessoas estão do meu lado, isso só me deixa mais feliz e forte para seguir em frente”, falou.