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Pai presente: jaraguaenses reforçam a importância da paternidade ativa na quarentena e fora dela

Por: Natália Trentini

09/08/2020 - 05:08

O período de quarentena estreitou a convivência familiar para muita gente. Trabalho dentro de casa e suspensão da rotina na escola.

Almoçar, fazer as tarefas da escola com os filhos, lanchar, pausar para uma brincadeira, relaxar, dormir. Tudo isso no mesmo ambiente.

A rotina caseira trouxe a oportunidade para muitos homens estarem mais conectados com a vida dos filhos e também exigiu mais presença – algo que, para os pais ouvidos pela reportagem, deve se tornar uma constante para quem é pai.

Equilíbrio dentro de casa

O momento que o analista de projetos e professor universitário Maurício Ruviaro, 37 anos, viu o pequeno Augusto pela primeira vez, no momento do nascimento, está gravado na memória.

Ele lembra da alegria e sentimento de responsabilidade ao sair da sala de parto, isso fazem 2 anos.

Maurício e Augusto | Foto Arquivo Pessoal

Desde então, Maurício assume a paternidade com plenitude. Para ele, só assim, dividindo as tarefas, ele e a esposa Carina podem ter equilíbrio entre as responsabilidades familiares e compromissos de trabalho e sociais.

“Você passa a dedicar boa parte de seus momentos aos cuidados, educação e orientação de seu filho. Sua vida modifica-se a partir daquele momento, porém muito de seus outros compromissos permanecem. Dessa forma, acredito que a busca pelo equilíbrio entre os nossos diversos papéis esteja associada aos nossos maiores desafios como pais”, reflete.

A quarentena trouxe novas demandas para casa. Augusto antes passava manhã e tarde na escola e, diante do recesso, Maurício mudou de horário para o segundo turno e a esposa passou a atuar em home-office.

Rotina na pandemia requer divisão das tarefas | Foto Arquivo Pessoal

Assim, ele cuida do pequeno pela manhã, dá conta das atividades domésticas e prepara o almoço. No início da tarde, vai para o trabalho e Carina assume os cuidados até a noite.

“Agora, perdi o privilégio de dar o banho dele e de colocar ele para dormir durante a semana, porém continuo fazendo isso no fim de semana”, conta.

“Apesar das dificuldades e de todas as mudanças em nossas vidas, este momento de pandemia proporcionou um período mais intenso de convivência com o Augusto”, comemora.

Foto Arquivo Pessoal

Maurício diz que a possibilidade de estar mais tempo com o filho fará falta quando as rotinas voltarem ao normal.

Especialmente as brincadeiras que se intensificaram com Augusto estando 24 horas por dia em casa, o que abriu as portas para relembrar a própria infância.

Incentivo à paternidade ativa

O pai que ajuda a mãe. Para Ruan Hillesheim, 27 anos, há algo muito errado nesse conceito. Cuidar da Laura, de 4 anos, é parte da obrigação de quem decidiu ter filhos.

Por isso, ele decidiu falar do assunto nas redes sociais através do perfil no Instagram “Vamos Paternar”.

“Decidi mostrar para as pessoas que o pai de verdade deve sim fazer o mesmo que uma mãe, que não existe mais essa questão de que tal atividade é de mãe ou tal atividade é de pai, quando você tem um filho ou filha, as atividades relacionadas a criança são de competência de ambos”, ressalta.

Rua e a pequena Laura | Foto Arquivo Pessoal/Zuanazzi Photographers

Ruan sonhava em ser pai e percebe nesse papel algo muito além do que a maioria as pessoas está habituada a ver: precisa haver consciência, presença, responsabilidade em criar, educar e ensinar.

Para o assistente administrativo, inúmeros motivos levam homens não exercerem essa função plenamente.

“Na maioria das vezes é por uma questão de estereótipos formados para a figura paterna, onde durante muitas décadas o pai era o provedor da família, e também porque ele tinha que ter a cara fechada e não poder se demonstrar frágil diante dos filhos, e isso acaba refletindo em alguns pais da atualidade”, comenta.

Foto Arquivo Pessoal/Zuanazzi Photographers

“Outro fato comum é que o homem não é ensinado desde criança a cuidar dos filhos, e acabam crescendo ouvindo e se sentindo incapazes de cumprir tal função”, reflete.

Falar sobre o assunto foi a forma que ele encontrou de passar essa forma ativa de paternidade e durante a quarentena.

Ter a filha em casa e as exigências maiores para ele a esposa Pamela ressaltaram ainda mais a relevância da presença na rotina de Laura.

Casas separadas, rotinas conjuntas

Tiago Rodrigo de Souza, 30 anos, não vive diariamente com o filho Santiago, 8 anos, desde que se divorciou, mas isso nunca o impediu de ser presença ativa na vida do menino.

“Não consigo imaginar como muitos homens estando separados não dão ou não querem saber de seus filhos, não querem assumir ou se envolver na educação e criação. Acham que pagar a pensão e pegar o filho de vez em quando é ser pai”, reflete.

“Para mim, o meu filho é tudo”, completa.

Parceria com o filho Santiago | Foto Arquivo Pessoal

A paralisação das aulas na quarentena, tanto as de Tiago, quanto as de Santiago, trouxe a possibilidade de acompanhar a rotina escolar do filho – por ter mais tempo disponível e acesso às plataformas virtuais.

O pai explica que o filho foi diagnosticado com hiperatividade e deficit de atenção, o que exige um engajamento ainda maior. Tiago fica satisfeito de poder interagir com as atividades escolares do filho.

Foto Arquivo Pessoal

“Posso olhar e acompanhar diariamente o conteúdo didático e poder exercer meu papel de pai que é ajudar na realização e entendimento dos conteúdos, bem como cobrar para manter as atividades em dias e ver se ele está adquirindo o conhecimento a ser passado”, diz.

Assumidamente um pai presente, Tiago, que atua profissionalmente na área comercial, conta que tenta passar adiante a educação que recebeu, ensinando responsabilidade e independência com consciência.

“Como meu pai um dia me ensinou quando eu tinha a idade do meu filho: ‘se você é homem de errar seja mais homem se assumir seu erro e arcar com as consequências do mesmo’ eu tento passar isso para meu filho crescer um adulto consciente e que siga pelo caminho certo”, comenta.

Foto Arquivo Pessoal

Além disso, ele relata o prazer nas atividades cotidianas como brincar, assistir desenhos, jogar.

O resultado é gratificante. “Poder ver a alegria estampada no rosto dele só por estarem fazendo algo juntos”, orgulha-se.

 

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Natália Trentini

Jornalista em busca de histórias e fatos de impacto positivo para a comunidade.