Uma mistura de cenários e clima. Assim é o bairro João Pessoa. Cortado por sua rua principal, a Manoel Francisco da Costa, o jaraguaense João Pessoa é uma mistura entre o urbano e o rural, entre o moderno e o bucólico.
Ao mesmo tempo em que ostenta um grande movimento devido ao vasto comércio quase que unido à escola e unidade de saúde, o bairro também tem sua área mais rural, com grandes propriedades que alteram o cenário diante dos olhos mais atentos que se dirigem em direção ao limite com Schroeder e Joinville.
A análise dele é compartilhada pelo comerciante Maicon Ricardo Prust, 28. Com um comércio praticamente dividindo muro com a EMEB Machado de Assis, a percepção dele é favorecida pelo acompanhamento de entrada e saída de alunos diariamente.
Além disso, a conversa com os clientes também dá um panorama do cenário escolar do bairro. “A escola é muito boa. Só ouço elogios quando o assunto é qualidade de ensino, mas a estrutura deixa a desejar.
Ela não tem mais capacidade para atender o número de alunos. Está lotada. Além disso, tem a creche. Nós temos aqui no bairro, mas não supre a necessidade”, afirma.
Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Educação afirmou ter conhecimento da situação do bairro e do aumento de demanda na escola e na creche municipal. Ainda de acordo com a pasta, o secretário Rogério Jung esteve nesta semana na Escola Machado de Assis com o objetivo de avaliar a possibilidade de ampliação da unidade.
“De acordo com ele, a intenção é construir mais seis salas de aula no terreno da escola, preparando o prédio para fazer mais um piso futuramente, conforme a necessidade. Agora, os técnicos farão o estudo de viabilidade para que a obra possa ser feita no ano que vem.
Com a ampliação da Machado de Assis, as turmas de pré que funcionam atualmente no CMEI Cecília Karsten podem ser deslocadas para a EMEB, abrindo mais vagas para crianças no maternal e berçário. A EMEB Machado de Assis atende atualmente 916 estudantes”, afirma a nota
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Em franco desenvolvimento comercial e com uma explosão populacional, o bairro divide a opinião dos moradores que, embora não façam qualquer menção em trocá-lo por outro, admitem que alguns pontos necessitam de melhoria e atenção, especialmente do poder público. A construção de grandes prédios e conjuntos habitacionais na região fez com que a comunidade tivesse um incremento nos últimos tempos. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2010 o João Pessoa tinha 4.534 habitantes. Já seria um número expressivo, mas nestes últimos sete anos o sentimento de quem cresceu ou vive há muito tempo no bairro é de que esse total é bastante superior atualmente, muito pela presença maciça de grandes investimentos imobiliários.
Em 2010 o João Pessoa tinha 4.534 habitantes | Foto Ilustração
Crescimento gera expectativa
E justamente esse crescimento populacional causa uma mistura de sentimentos nos moradores do bairro, que avaliam como positiva essa presença, mas lembram que a quantidade expressiva de pessoas também acarreta alguns problemas relacionados à infraestrutura. Para o professor Paulo César Peters, 32 anos, que coordena o projeto da escolinha de futebol Bom de Bola, o bairro tem crescido tanto em relação ao número de habitantes quanto em relação a investimentos comerciais e imobiliários, mas a estrutura de serviços básicos e públicos não tem acompanhado o mesmo ritmo. Entre as principais estruturas e serviços que, para ele, são deficitárias hoje, estão às unidades escolares e de locais destinados ao lazer. “Hoje, pela quantidade de população, a estrutura é deficiente. Pelo crescimento que o bairro registrou nos últimos cinco anos, nós percebemos que a estrutura estagnou”, avalia.Escolas não comportam número de alunos
O crescimento populacional acarreta o aumento na demanda de serviços básicos como educação e saúde. Segundo alguns moradores do bairro João Pessoa, a conta não está fechando e as escolas do bairro não estão conseguindo suprir o aumento da demanda. Os resultados possíveis são dois: superlotação ou inexistência de vagas. Professor e coordenador de projeto esportivo no bairro, Paulo César Peters observa que os serviços prestados não estão suportando o aumento populacional. “A estrutura da escola está pequena para o bairro”, analisa.
Qualidade de ensino da Escola Machado de Assis é elogiada. Unidade deve passar por ampliação | Foto Eduardo Montecino/OCP

Maicon Ricardo Prust, comerciante | Foto Eduardo Montecino/OCP
População pede mais áreas de lazer
O projeto do qual Paulo César Peters é coordenador atende em média cem garotos e, para ele, que é professor, a educação e a recreação precisam andar lado a lado para que o desenvolvimento da criança seja total. E é neste ponto que Paulo vê o bairro deixar a desejar. Para ele, não existem opções de lazer e entretenimento suficientes para atender especialmente crianças e adolescentes que moram no João Pessoa.
Na tradicional Sociedade João Pessoa, uma centena de meninos aprendem futebol | Foto Eduardo Montecino/OCP

Nova unidade de saúde amplia atendimento

Unidade de saúde do bairro João Pessoa, que em breve ganhará nova sede | Foto Eduardo Montecino/OCP
Falta de limpeza preocupa moradores
A feira de adoção está marcada para o dia 10 de março, mas em agropecuárias do bairro João Pessoa é possível encontrar cães disponíveis para adoção o ano todo. Bom para quem procura por um companheiro de quatro patas. Péssimo para os cães. A feira de adoção do próximo dia 10 é resultado de uma prática comum no bairro: o abandono de animais. Segundo o comerciante Maicon Ricardo Prust, que trabalha diretamente com animais em sua agropecuária, o abandono é um problema grave e corriqueiro no João Pessoa. Ele é um dos responsáveis por promover a feira e também recebe animais diariamente para cuidado e exposição, buscando assim promover o encontro dos cães com seus futuros tutores. “Tem muito abandono. Graças a Deus a gente consegue organizar essas feiras em parceria com a comunidade e com alguns fornecedores e o pessoal realmente adota. O problema é que muitas pessoas tem o animalzinho e não vacinam, não castram e acabam abandonando eles e os filhotes”, diz. Além dos animais abandonados, outro problema visível é a falta de limpeza, especialmente em ruas secundárias do bairro. Os terrenos com vegetação alta e acúmulo de lixo destoam em um ambiente de expansão imobiliária. O problema é agravado também pelo óbvio descaso dos moradores que descartam irregularmente seu lixo. A operadora de caixa Franciele Ferreira de Souza defende que é necessário que o poder público olhe para o bairro não apenas como um local de expansão e como uma possibilidade para aumento populacional, mas que enxergue que as mudanças precisam acompanhar este crescimento. “As coisas andam muito devagar. O bairro está crescendo mas as coisas continuam iguais”, finaliza.
Franciele de Souza pede atenção do poder público para aumento populacional | Foto Eduardo Montecino/OCP