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O futuro das tradições nas mãos dos jovens que dão sequência ao tiro esportivo

Por: OCP News Jaraguá do Sul

13/10/2017 - 06:10 - Atualizada em: 14/10/2017 - 15:32

A partir desta semana, o O Correio do Povo veicula uma série de reportagens, sempre nas sextas-feiras, para falar sobre a relação dos jovens com os costumes alemães trazidos para a região e que norteiam a Schützenfest. A série inicia com o tiro esportivo, prática que dá nome à festa e movimenta anualmente as sociedades:

A curiosidade em conhecer o tiro esportivo e o desafio de exercitar a paciência, uma de suas maiores virtudes, foi o que fez Agatha Rebelatto, de 13 anos, convidar os pais para praticarem a modalidade. Apesar de não ser de uma família de descendência alemã, a menina insistiu para conhecer a prática, afinal, Agatha tem um apreço pela cultura germânica. A adolescente faz parte do grupo responsável por dar sequência a esse costume. É nos participantes a partir de sete anos até os 16 que as sociedades apostam as fichas para que haja a renovação do esporte, que há mais de 120 faz parte da história da cidade.

A garota integra há dois anos a equipe do Clube Atlético Baependi e é motivada pelo desafio. “Cada tiro aqui é um desafio e gosto também da cultura alemã, de ajudar a preservar”, conta. Durante quatro anos, ela fez dança típica alemã, mas deixou a atividade de lado e hoje se dedica ao tiro esportivo.

Para a mãe, Sônia Rebelatto, foi uma surpresa quando Agatha convidou toda a família para conhecer a modalidade. “Há uns três anos viemos conhecer, mas só começamos a praticar direto mesmo há dois. Ela insistiu para virmos, é algo que exige paciência e ela tem de sobra, e agora todos nós (pais e filha) praticamos”, revela. A mãe conta ainda que antes, a única ligação da família com o tiro foi através da Schützenfest. “Ela gostou desde o primeiro dia e é algo que faz bem para ela, é feliz com isso, por isso a gente incentiva e participa junto”, diz.

De acordo com o diretor de tiro do Baependi, Cristian Vota, é muito comum que os filhos convidem os pais para conhecerem a prática. “Aqui temos uma realidade diferente de outras sociedades de interior, por exemplo. Nelas é comum as famílias irem e os filhos acompanharem, aqui acontece muito de o filho trazer os pais”, enfatiza. O clube conta com cerca de 15 crianças e adolescentes, com idade de sete a 16 anos, que participam dos treinos semanais. Na equipe que compete com outras sociedades, são cinco. “A juventude é a matéria-prima mais importante do tiro porque conforme você vai ficando mais velho, você treme mais, começa a ter problemas na visão e já não tem mais o mesmo fôlego e firmeza. Essas são coisas que é preciso treinar desde cedo para chegar bem quando ficar mais velho”, comenta.

Vota conta que a principal dificuldade para as sociedades de tiro é manter os jovens na modalidade, já que há muita oferta de atividades para eles. “Em média, hoje as sociedades têm cinco a seis juvenis. Claro que algumas se destacam e conseguem mais, mas no geral é ainda baixa essa participação. Entre as principais dificuldades estão o tempo dos pais para trazerem os filhos e também os estudos que ficam mais intensos conforme forem ficando mais velhos”, afirma.

Uma das formas de atrair jovens para essa prática está na própria Festa dos Atiradores. É nela que muitas pessoas conhecem a modalidade, as que se destacam recebem um convite das sociedades para visitar os treinos. “A festa é uma oportunidade para demonstrar o tiro e também desmistificar, pois é um esporte seguro e saudável”, esclarece. Conforme Vota, para se dar bem na prática é preciso ter a empolgação, se desafiar a sempre atirar melhor e conseguir uma série concentrada. “É o desafio de conseguir repetir, de buscar pelo tiro perfeito. A partir do momento que gosta disso, a tendência é se firmar no esporte e progredir”, defende.

Novidade para integrar a família

Há cerca de três semanas, José Amilton Pereira e os filhos, José Eduardo, de 10 anos, e Bruna Eduarda, de 15, descobriram o tiro como uma nova modalidade para a diversão da família. Como frequentam o clube para levar o filho mais novo, Vitor, de cinco anos, para fazer natação, eles decidiram iniciar uma atividade todos juntos. “Sempre gostei do tiro, aí quando soubemos que aqui tinha tivemos a curiosidade de conhecer. Atiramos no primeiro dia e gostamos, a Bruna só começou na semana passada, mas está sendo uma atividade muito legal”, conta o pai.

Há cerca de três semanas, José Amilton Pereira e os filhos José Eduardo e Bruna começaram a treinar o tiro esportivo | Foto Eduardo Montecino/OCP

Além de um passatempo para todos, o pai conta que o tiro esportivo está servindo para dar mais disciplina a José Eduardo. “Ele gostou muito, passa a semana toda ansioso para vir. E como ele não andou se comportando bem, conversamos que para ele continuar participando precisa melhorar o comportamento e notas na escola”, afirma.

Para o pequeno, a troca está valendo a pena. “Estou gostando bastante e agora a gente, eu, pai e a mana, até competimos para ver quem faz o melhor tiro da noite”, conta. Além da prática esportiva, agora a família está curiosa para conhecer mais sobre os costumes locais. “Não tínhamos muita noção da história do tiro e do peso dessa tradição para a região “, diz o pai. Os três esperam ansiosos pela Schützen para treinar a mira nos estandes da festa.

Sociedade projeta criação de escola de tiro gratuita

Pensando na renovação dos talentos do tiro e para dar mais oportunidades para quem planeja a modalidade, a Sociedade Vieirense planeja para o próximo ano uma novidade. A ideia, segundo o auxiliar administrativo da Sociedade, João Amazonas Pickicius, é abrir um local para que seja ensinado o tiro esportivo para crianças de 10 a 14 anos de maneira gratuita. “Normalmente quem quer atirar precisa entrar de sócio no clube, nesse caso não será necessário. Somente depois que ele completar 15 anos e se quiser continuar, aí precisará se associar”, diz. O projeto deve ser colocado em prática no início de março, portanto os interessados devem procurar a sociedade no início de 2018.

 

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Publicação da Rede OCP de Comunicação