Novo surto de Covid-19 faz a população esvaziar os supermercados em Wuhan

Por: Elissandro Sutil

03/08/2021 - 17:08 - Atualizada em: 03/08/2021 - 17:19

Nesta segunda-feira (2) foram confirmados sete casos de Covid-19 em Wuhan, na China, local onde surgiram os primeiros casos do novo coronavírus em dezembro de 2019. Não havia registro de novos casos desde junho de 2020, mas com esses contágios os moradores já se preocuparam e foram aos supermercados em busca de mantimentos.

A agência de notícias AFP publicou algumas fotos na segunda-feira (2) que mostram grandes filas em estabelecimentos, carrinhos de compras lotados e prateleiras vazias. A cena é bastante parecida com as do início da pandemia da Covid-19.

Foto: Reprodução/AFP.

Nesta terça-feira (3) foram notificados mais três novos casos da doença e o governo já anunciou que pretende testar toda a população da cidade de 12 milhões de habitantes. As autoridades já proibiram a organização de grandes reuniões para evitar aglomerações, as aulas presenciais estão suspensas, os moradores foram recomendados que evitem sair da cidade e um complexo residencial foi posto em quarentena.

Mesmo com a alta taxa de vacinação e medidas restritivas, nas duas últimas semanas mais de 400 pessoas foram infectadas com a variante Delta em 18 das 22 províncias da China. Somente nesta segunda-feira houveram 61 novos casos de transmissão local do coronavírus, seis a mais que no dia anterior, as informações são da Comissão Nacional de Saúde.

Testes na população

A variante Delta surgiu em julho, após nove funcionários da equipe de limpeza do aeroporto de Nanquim, no Leste do país, testarem positivo para a variante mais contagiosa depois de higienizarem um avião que veio de Moscou, capital da Rússia.

Nanquim é o município mais afetado pelo novo surto, são 220 casos. Na segunda-feira (2), seu distrito de Jiangning, onde fica o aeroporto, está quarentena parcial. Os shoppings e muitas lojas vão precisar fechar suas portas a partir desta terça-feira (3).

A cidade vizinha, Yangzhou, contabilizou sozinha 40 dos 61 casos registrados no país na segunda-feira, o surto iniciou de uma idosa de Nanquim que viajou para a cidad e visitou diversos centros de mahjong (jogo de tabuleiro) e testou positivo para a Covid-19 na última quarta-feira (25).

O jornal South China Morning Post informou que a polícia de Yangzhou está investigando se a senhora burlou as regras sanitárias. Até o momento, são 94 casos na cidade, os 1,3 milhões de moradores dos complexos residenciais estão sob quarentena.

Foto: Reprodução/AFP.

Em Xangai, centro econômico da China, foram realizados teste em mais de 50 mil viajantes e funcionários do Aeroporto Internacional Pudong somente na segunda-feira (2), e um taxista que estava na cidade há mais de 14 dias testou positivo. Todo o complexo residencial onde o homem mora foi considerado uma área de risco médio e as 52 pessoas que ele teve contato estão sob quarentena.

Em pouco tempo, foram registrados casos na Ilha de Hainan a 1,9 mil quilômetros de Nanquim, além de ZhuZhou e Zhangjiajie, pontos turísticos na província de Hunan, onde mais de 2 milhões de pessoas foram postas em quarentena.

Ainda não foram registradas mortes desde esse novo surto, mas a China trata esse surto como o maior desafio desde o surgimento do coronavírus em Wuhan. As medidas restritivas adotadas pelo país já combateram mais de 30 surtos desde janeiro de 2020.

O maior surto desde o controle total da região de Wuhan ocorreu há sete meses, na ocasião mais de duas mil pessoas foram infectadas na província de Hebei, no Nordeste do país. Mas os casos não se disseminaram ao restante do país.

Vacinação na China

Mais de 1,6 bilhão de doses de vacinas contra a Covid-19 foram aplicadas até domingo (1º), isso representa cerca de 60% da população.

A China possui uma das maiores taxas de imunização do mundo, mas ainda falta muito para vacinar totalmente a população de 1,4 bilhão. Além disso não se sabe se as vacinas aplicadas no país podem retardar a disseminação da variante Delta.

A taxa de imunização do país é uma das mais altas do mundo, mas ainda está muito longe de atingir a barreira de imunidade para a população de 1,4 bilhão, e também não se sabe ainda se as vacinas nacionais podem retardar a propagação da Delta.