Mutação pode estar tornando coronavírus mais infeccioso, mas menos perigoso

Por: Pedro Leal

19/08/2020 - 09:08 - Atualizada em: 19/08/2020 - 09:16

Uma mutação do novo coronavírus, cada vez mais comum em toda a Europa e detectada recentemente na Malásia, pode ser mais infecciosa, mas parece menos fatal, de acordo como o especialista em doenças infecciosas Paul Tambyah.

Tambyah é Consultor sênior da Universidade Nacional de Cingapura e presidente eleito da Sociedade Internacional de Doenças Infecciosas, com sede nos Estados Unidos. Segundo o cientista, a mutação D614G também foi encontrada em Cingapura.

O Ministério da Saúde da cidade-Estado não respondeu de imediato a um pedido de comentário.

O especialista afirmou que há indícios de que a proliferação da mutação na Europa coincidiu com uma queda nos índices de mortalidade, o que sugere que ela é menos letal.

“A mutação dificilmente causará impacto na eficiência de uma vacina em potencial, apesar dos alertas contrários de outros especialistas em saúde”, acrescentou.

“Talvez seja uma coisa boa ter um vírus que é mais infeccioso, mas menos fatal”, disse Tambyah à Reuters. O comentário pode parecer paradoxal: como poderia ser positivo que a doença se torne mais contagiosa?

Tambyah explica: a maioria dos vírus tende a se tornar menos potente ao passar por mutações, e caso as análises estejam corretas, o SarsCov-2 pode estar seguindo no mesmo caminho:: mais comum, mas menos perigoso.

“É do interesse do vírus infectar mais pessoas, mas não matá-las, porque ele depende do hospedeiro para ter alimento e abrigo”, explicou.

Cientistas descobriram a mutação ainda em fevereiro, e ela circula na Europa e nas Américas, disse a Organização Mundial da Saúde

(OMS), que também informou que não existem sinais de que a mutação cause uma doença mais grave.

No domingo (16), o diretor-geral de Saúde da Malásia, Noor Hisham Abdullah, pediu uma vigilância pública maior porque as autoridades detectaram o que acreditam ser a mutação D614G do novo coronavírus em dois focos recentes.

Noor Hisham afirmou que a nova linhagem é dez vezes mais infecciosa e que as vacinas atualmente em desenvolvimento podem não ser eficientes contra essa mutação.

Para Paul Tambyah, essas mutações provavelmente não mudarão o vírus a ponto de tornar as vacinas em potencial menos eficazes. “O mutante afeta o elo do peplômero (proteína que desempenha a função de mediar a interação vírus-célula), e não necessariamente o reconhecimento da proteína por parte do sistema imunológico, o que seria preparado pela vacina”.

Da agência Reuters

 

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