A proliferação do coronavírus em Jaraguá do Sul, que chegou nesta quarta-feira (2) a 8.621 infectados, tem avançado entre as faixas etárias mais expressivas da população.
Além de fazer parte da população economicamente ativa, pessoas entre 20 e 39 anos também representam o maior índice populacional, conforme dados do Censo do IBGE de 2010.
Conforme dados coletados até o último domingo (29), pessoas entre 30 e 39 anos representavam 27,5% dos casos, enquanto de 20 a 29 anos ficavam em 21,6% – juntas, um total de 49%, praticamente metade dos casos registrados.
O mesmo perfil foi visto em território nacional.
Segundo informações de um estudo publicado pela USP (Universidade de São Paulo), o contágio em todo país tem sido mais expressivo entre pessoas de 20 a 39, uma faixa etária mais jovem do que vista nos casos no exterior.
Ainda segundo esse estudo, esse perfil de proliferação teria feito a taxa de hospitalização no Brasil ser menor que o que a média internacional.
O secretário de Saúde, Alceu Moretti, afirma que as pessoas das faixas etárias mais afetadas registram menor tendência a ter complicações por conta da doença, o que é ajuda no controle das estruturas hospitalares, mas existe o risco de contágio que precisa ser considerado.
“No convívio com pai, mães e avós, é aí que está o complicador. Estar transmitindo em casa para quem está em casa [em isolamento]”, comenta Moretti.
Como alertavam os especialistas desde o início da alerta para pandemia, a doença tem potencial de letalidade muito maior entre idosos e pessoas com doenças crônicas.
Apesar de os registros da doença serem menores entre essa faixa etária em Jaraguá do Sul, o número de mortes é mais expressivo entre pessoas de 50 a 69 anos – com 30 casos dos 57 óbitos registrados -, entre maiores de 80 anos, com 11 casos, e entre 70 a 79 anos, com 10 óbitos.
Porcentagem da população infectada
Ao observar a porcentagem de pessoas infectadas em relação à população por faixa etária, com dados do Censo de 2010 do IBGE, o público entre 30 e 39 anos também está no topo dos mais afetados.
Cerca de 8,6% da população dessa faixa teria contraído o coronavírus.
Na sequência, vem a faixa entre 60 e 69 anos, com 8% da população estimada tendo sido diagnosticada, seguida pela faixa entre 40 a 49 anos (7,9%) e 50 a 59 anos (7,8%).
Os menores índices estão de 0 a 9 anos (0,91%) e 10 a 19 anos (1,7%), em que a maior parte desse perfil estão às crianças e adolescentes que foram isolados com a interrupção das aulas.
Frequentemente esse público também é citado em estudos por muitas vezes não apresentar sintomas, mas ser vetor da doença.
Mais mulheres com o vírus
Entre os 8.102 casos de Covid-19 que foram diagnosticados até o último domingo (29), dados que servem de base para essa análise, mais de 4,2 mil foram entre mulheres – o que representa 52,6% dos casos, número superior a dos homens, que fica em 47,4%.
Em índice populacional, os homens representavam ligeira maioria conforme dados do Censo de 2010. Na época, a população era composta em 49,8% por mulheres (71.322 habitantes) e 50,2% por homens (71.801 habitantes).
Com relação ao número de óbitos, dos 57 registrados, 29 foram homens e 28 foram mulheres.
Em uma opinião pessoal, já que não existe um estudo sobre essa proliferação, o secretário de Saúde acredita que o número maior de mulheres contaminadas pode estar relacionado ao fato de que muitas exercem profissões de maior contato com o público.
Entretanto, ele destaca: o vírus se prolifera sem distinção e os cuidados precisam ser redobrados pela alta transmissibilidade do vírus.
Convivência consciente
O secretário de Saúde pontua que a população deve permanecer utilizando os itens de proteção e praticando condutas de higiene, uso dos EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) e distanciamento social – até mesmo dentro de casa.
Com os números de novos casos escalonando diariamente desde o começo novembro, esse é o momento mais crítico da pandemia, pondera o secretário.
Secretário de Saúde Alceu Moretti. Foto Eduardo Montecino/PMJS
“O percentual [de infectados em relação à população total] é pequeno, mas precisa estar dentro da capacidade de atendimento a nível hospitalar”, reflete o secretário.
Ele aponta que em média 900 pessoas tem buscado atendimento preventivo por dia, o que preocupa diariamente o sistema de saúde diante da possibilidade de crescimento nas internações e pelo número de profissionais de saúde infectados – o que pode comprometer o atendimento.
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