Merenda escolar: cardápio elaborado por nutricionistas tem 182 itens

Foto Eduardo Montecino/OCP

Por: Elissandro Sutil

01/11/2017 - 10:11 - Atualizada em: 03/11/2017 - 00:54

Mais de 20.100 alunos fazem pelo menos uma refeição ao dia em uma das 60 unidades da rede municipal de ensino, entre centros de educação infantil e escolas de educação básica. O cardápio é colorido por frutas, verduras, arroz, feijão, carnes, aipim e outros alimentos que ajudam as crianças e adolescentes a se desenvolverem com saúde. No total, a merenda escolar jaraguaense conta com 182 itens.

Por volta das 9h20, as turmas da educação infantil são as primeiras a serem liberadas para o recreio na Escola Municipal Marcos Emílio Verbinnen, no bairro Estrada Nova. Apesar da pouca idade, as crianças formam filas e servem sozinhas seus pratos com os alimentos do dia: polenta, frango e brócolis.

Minutos depois, a merenda é liberada para as séries do ensino fundamental, que repetem a mesma cena. Segundo a diretora da escola, Rosangela Kleine, a maioria dos alunos não traz lanche de casa e consome o que é oferecido na escola. “Às vezes tem alguém que não gosta de um alimento específico no cardápio do dia, mas é raro”, conta a diretora.

A consciência de saber servir o prato apenas com a quantidade necessária é cultivada desde o primeiro ano e pode ser observada entre as turmas finais. Assim, de acordo com Rosangela, a unidade consegue evitar o desperdício de comida.

Contrariando quem acha que a preferência dos adolescentes é pelos industrializados, Emily Laís Gonçalves, 14 anos, relata que as merendas que mais gosta são as refeições. “É mais saboroso e nos dá energia para estudar depois. As frutas e verduras também são boas”, comenta.

Pequenos alunos do CEI Rodolfo Hufenuessler comem hambúrguer saudável com alface | Foto Eduardo Montecino/OCP

Cardápios bem preparados e equilíbrio entre nutrientes

Os cardápios da rede municipal, conforme a coordenadora de Alimentação Escolar, Ionara Laís Camargo, são elaborados por quatro nutricionistas, utilizando produtos alimentícios básicos, respeitando as referências nutricionais, hábitos, cultura alimentar, sustentabilidade, sazonalidade e diversificação agrícola da região.

As refeições são planejadas e devem atender as necessidades de cada faixa etária atendida, conforme o tempo de permanência da criança na unidade de ensino. Segundo Ionara, os alunos com doenças celíacas, diabetes, hipertensão, anemia, alergias ou intolerâncias também recebem atenção especial neste planejamento.

Os profissionais calculam o valor nutricional dos cardápios de acordo como que estabelecido pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), sendo reduzido em gordura saturada, gorduras totais, sódio e açúcar. Ele deve ser rico em vitaminas, minerais e fibras. No geral, a merenda precisa resgatar a utilização de alimentos básicos, com oferecimento de frutas em média duas vezes por semana e verduras e legumes de duas a três vezes por semana. Nos centros de educação infantil, as frutas e verduras são diárias.

“Alimentos industrializados e artificiais são evitados ao máximo. A merenda durante a semana conta com mais refeições salgadas do que lanches, porque é rica em proteínas, carboidratos e outros nutrientes”, comenta a nutricionista responsável técnica pela Alimentação Escolar, Elza Maria Vieira. Nas escolas, as preparações salgadas são feitas quatro vezes por semana e a de doces uma vez. As unidades escolares que atuam em período integral devem atender, no mínimo, 70% das necessidades nutricionais diárias das crianças e adolescentes, distribuídas em pelo menos três refeições.

Prioridade à produção local de alimentos

Conforme lei, 30% do valor repassado às instituições de ensino deve ser destinado à compra direta de produtos da agricultura familiar. Em Jaraguá do Sul, o índice neste ano está em 38,71%. Os alunos matriculados na rede municipal consomem frutas, verduras, arroz, batata, feijão, filé de tilápia, banana, mel, melado, sucos integrais e outros produtos cultivados nas propriedades rurais da cidade. A legislação visa estimular o desenvolvimento econômico e sustentável do município.

O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) oferece alimentação escolar e ações de educação alimentar e nutricional a estudantes de todas as etapas da educação básica pública. O governo federal repassa pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), a Estados, municípios e escolas federais, valores financeiros de caráter suplementar efetuados em dez parcelas mensais (de fevereiro a novembro) para a cobertura de 200 dias letivos, conforme o número de matriculados em cada rede de ensino.

Atualmente, o valor repassado pela União a Estados e municípios por dia letivo para cada aluno é definido de acordo com a etapa e modalidade de ensino. Os números variam bastante: os mais altos são para escolas de ensino médio integral (R$ 2) e creches (R$ 1), educação de jovens e adultos (R$ 0,32) e ensino fundamental e médio (R$ 0,36) estão na outra ponta.

De acordo com a coordenadora de alimentação escolar, Ionara Laís Camargo, o valor não é suficiente para atender à demanda e o município é responsável por uma contrapartida. Nesse ano, a alimentação nas escolas custou R$ 4,2 milhões, R$ 2,4 milhões vieram pelo FNDE e outro R$ 1,7 milhão foi custeado pelo poder público. O município ainda entra com mais o investimento em utensílios para as cozinhas e o próprio pagamento dos profissionais envolvidos.

Repasse do governo federal por aluno por dia letivo:

Creches: R$ 1,07

Pré-escola: R$ 0,53

Escolas indígenas e quilombolas: R$ 0,64

Ensino fundamental e médio: R$ 0,36

Educação de jovens e adultos: R$ 0,32

Ensino integral: R$ 1,07

Programa de Fomento às Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral: R$ 2,00

Alunos que frequentam o Atendimento Educacional Especializado no contraturno: R$ 0,53

*Valores recebem complemento do município ou Estado.

LEIA MAIS: 

Pão de abóbora e hambúrguer de couve-flor criado por merendeira faz sucesso entre crianças