Projeto ‘Mãos que falam’ da lição de inclusão e cidadania

Juntos, Jeílson dos Passos (E) e seus amigos descobrem a Língua Brasileira de Sinais e conseguem se comunicar, melhoram o aprendizado e a convivência escolar - Foto: Eduardo Montecino/OCP Online

Por: OCP News Jaraguá do Sul

05/04/2016 - 04:04 - Atualizada em: 06/04/2016 - 09:07

A vontade de fazer com que o aluno surdo aprenda e seja compreendido por seus colegas e professores é o que motivou o nascimento do projeto “Mãos que Falam”, na Escola Municipal de Ensino Fundamental Santo Estevão, no bairro Garibaldi, em Jaraguá do Sul. Colocando em prática a inclusão e mostrando que todos são capazes, as crianças da turma vespertina do terceiro ano começaram a ter aulas de Libras. O objetivo é que pequeno Jeílson dos Passos, de oito anos, que é surdo profundo, se comunique com todos os coleguinhas.

O jeito tímido e o olhar brilhante, refletem, à sua maneira, a felicidade a cada nova palavra aprendida. Mesmo sem saber se expressar totalmente ainda em Libras, Jeílson já apresenta uma mudança desde que começou o processo de letramento. No início do ano letivo, ele e os colegas de sala de aula começaram a aprender a se comunicar através da Língua Brasileira de Sinais, como forma de compreender o mundo no qual o menino surdo está inserido e melhorar a convivência entre as crianças. Uma vez por semana, eles tem um horário dedicado a essa aprendizagem, porém ao longo da semana a professora intérprete, Clery Dreher, faz inserções da língua de sinais de acordo com os conteúdos passados pelo professor Mário Orzechvicz.

A professora intérprete, que acompanha o menino na escola desde o final de 2014, explica que ele chegou apenas se comunicando através de sinais caseiros. Desde que iniciaram o processo, a criança apresentou mudanças no comportamento e está descobrindo um novo mundo. “Haviam conflitos entre as crianças pela falta de entendimento entre eles, já que as crianças falavam e ele não compreendia, nem era compreendido. Quando começamos a ensinar Libras para eles, as coisas mudaram. Jeílson também tinha necessidade de aprender para desenvolver a sua própria língua”, explica Clery. Além da Libras e Língua Portuguesa, o menino também está aprendendo a Língua Inglesa. A professora ensina as palavras que são repassadas a ele pela intérprete.

Mário Orzechvicz comenta que as mudanças estão sendo positivas para toda a turma. “Pensamos nesse projeto para que ele e todos nós conseguíssemos nos comunicar e estamos conseguindo isso. Ele é um aluno muito calmo, mas melhorou sua conduta. É algo pensado para o desenvolvimento dele e seu futuro escolar”, enfatiza. Há planos de expandir o projeto para toda a unidade escolar.

Para os amigos Henrique dos Santos, Ruan Keiser e Lucas Weilez, todos de oito anos, aprender Libras está sendo divertido e importante para melhorar a amizade com Jeílson. “Agora está fácil para nos entendermos”, fala Henrique. Sempre curioso, ele procura a professora em busca de novas palavras. Um dos grandes ganhos desse aprendizado, segundo eles, é poder ajudar o amigo nas atividades escolares e o convidar para jogar futebol, um de seus esportes preferidos.

Família acompanha e aprende junto
O projeto “Mãos que Falam” acabou não ficando apenas restrito ao aluno surdo e seus colegas de classe. A família do menino, que também não tinha contato com a Língua Brasileira de Sinais, está aprendendo junto. “Todos os dias ele (Jeílson) leva para casa um caderno com atividades de Libras para toda a família fazer. É um trabalho de formiguinha onde família e escola estão juntas para melhorar o desenvolvimento dessa criança”, enfatiza a professora Clery Dreher. Um dos fatos também celebrados por eles é que em todas as homenagens na escola estão sendo inseridas atividades em Libras. Na última, os alunos apresentaram uma música através da língua de sinais.