Manutenção precária e vandalismo comprometem a segurança de pedestres e motoristas na SC-418

Por: Windson Prado

27/02/2018 - 08:02 - Atualizada em: 28/02/2018 - 11:46

Cerca de 50 quilômetros separam Joinville de Campo Alegre. A primeira, no Litoral Norte, está ao nível do mar, já Campo Alegre fica no Planalto Norte, 870 metros acima de Joinville. Entre as duas cidades uma serra de encantos e perigos, rasgada pela SC-418. Se por um lado as belezas naturais da mata atlântica encantam, por outro, curvas sinuosas aliadas a falta de conservação da rodovia e sinalização deficitária fazem o subir e descer da Serra Dona Francisca uma tarefa complicada, até mesmo para os motoristas mais habilidosos.

Mato alto deixa cobre placas e compromete a segurança | Foto Windson Prado/Jornal de Joinville

Quer receber as notícias do Jornal de Joinville no whatsApp? Basta clicar aqui

Na semana passada, a equipe de reportagem do Jornal de Joinville subiu a Serra Dona Francisca e pode constatar uma série de problemas que trazem riscos aos motoristas. O principal é a precariedade na sinalização vertical. Importantes placas que orientam a respeito da velocidade máxima permitida e curvas sinuosas estão bloqueadas pelo mato. Em algumas, a vegetação cresceu tanto que a placa estava completamente coberta. O mato é tamanho que caminhões chegam a bater na vegetação, entre uma curva e outra.

O mato é tamanho que caminhões chegam a bater na vegetação, entre uma curva e outra | Foto Windson Prado/Jornal de Joinville

A maioria das curvas também estão sem guard-rail – que são aquelas barras de ferro que, na teoria, impede que o motorista passe direto pela curva. Em alguns pontos, guard-rail retorcidos mostram que após serem danificados em acidentes, os equipamentos não foram substituídos pelo Deinfra (Departamento Estadual de Infraestrutura).

Equipamentos danificados aumentam os ricos em caso de acidentes | Foto Windson Prado

O mirante, que fica bem no meio da Serra Dona Francisca, também sofre com a falta de manutenção. Há anos o espaço não passa por melhorias. Foi lá que, na última sexta-feira (23), encontramos a família Delpubel. Eles são de Francisco Beltrão, no Paraná, e desciam a serra em direção ao litoral. “Estamos indo para Itapema. Sempre que passamos por aqui, temos que dar aquela paradinha no mirante para contemplar as belezas desta serra encantadora”, disse a engenheira ambiental Márcia Delpubel, 46 anos.

As paranaenses Marcia e Maiana Delpubel passaram pela Serra Dona Francisca na última sexta-feira (23). Elas seguiam de Francisco Beltrão a Itapema | Foto Windson Prado/Jornal de Joinville

A turista aponta a falta de manutenção na sinalização como principal problema na serra. “Percebemos que a conservação da rodovia está um pouco precária. A mata já ofusca a sinalização. Postes de iluminação a gente quase não enxerga. Mesmo assim, em relação as estradas do Paraná, Santa Catarina está melhor. Só precisa de um cuidado extra com a sinalização para evitar acidentes”, completa a visitante paranaense.

Vandalismo

Outro problema registrado com frequência na Serra Dona Francisca é a ação de vândalos. Foram eles que destruíram parte da estrutura de madeira que ficava no mirante. O que restou precisou ser retirado pelo Deinfra. Algumas placas de trânsito estão pintadas por pichadores, mas o prejuízo maior é em relação à iluminação pública.

Nos últimos dois anos o Deinfra fez manutenção da rede elétrica, mas a fiação foi furtada por vândalos | Foto Divulgação/ADR Joinville

A Serra Dona Francisca está às escuras, o que representa um risco enorme de acidentes, e contribui até para assaltos. O motivo, é mais uma vez a ação de vândalos. Nos últimos anos o Governo do Estado revitalizou toda a iluminação pública na serra, por duas vezes, mas poucos dias depois do serviço ser concluído, vândalos roubaram boa parte da fiação elétrica. “Este trabalho de revitalização foi feito por duas vezes nos últimos dois anos, mas a população acabou furtando todo o cabeamento. É preciso mais consciência de que aquilo é da comunidade, e a ação de vândalos prejudica muita gente”, comenta o superintendente do Deinfra no Norte do Estado, Ademir Vicente Machado.

Perímetro urbano

Cerca de 300 famílias vivem às margens da SC-418, entre o trevo da BR-101, e a região do alto da serra. Elas precisam cruzar ou acessar a rodovia constantemente, seja de carro, moto, bicicleta e a pé, e também sofrem com a falta de manutenção da estrada, conforme o subprefeito de Pirabeiraba Sidney Sabel. “O maior problema ali é a velocidade. Há mais de cinco anos temos cobrado do Deinfra a reativação das lombadas eletrônicas que há tempos estão desativadas. Pedimos até que, se não for possível a reativação, que seja feita a lombada física, mesmo. É uma medida simples que ajuda muito a coibir o excesso de velocidade e dá mais segurança os moradores da região”, explica Sabel.

Ele também cita a falta de faixas de pedestres e a ausência de passarelas, as precariedades do acostamento e cabeceiras de pontes como problemas cruciais a serem resolvidos. “Temos um trânsito muito intenso na rodovia. Apesar de ser uma área rural, o local tem características urbana. A estrada também é rota de ciclistas, que muitas vezes, precisam andar na rodovia, porque o acostamento está intransitável. A população da região sofre e há muito tempo clama por melhorias”, finaliza Sidney Sabel.

 

Saiba mais: |Serra de contrastes: de belezas naturais e perigos

Segunda-feira (26): Os 160 anos da estrada da princesa Francisca Carolina

Terça-feira (27): Falta manutenção e ação de vândalos prejudicam a conservação da Serra Dona Francisca

Quarta-feira (28): Porque a SC-418 está se tornando a rodovia da morte

Quinta-feira (1º): Reforma completa da Serra Dona Francisca custaria 1 milhão, segundo Deinfra