Jaraguá do Sul contou com duas grandes manifestações nesta terça-feira (29). Bandeiras do Brasil, camisas com as cores do país, apitos e gritos de “vem pra rua” e “o povo unido jamais será vencido” marcaram a primeira manifestação em apoio à paralisação dos caminhoneiros.
O ato teve concentração na praça Ângelo Piazera, no Centro, e percorreu ruas centrais da cidade. O ato terminou por volta das 10h30 em frente à Associação Jaraguaense de Artistas Plásticos, onde os manifestantes deram as mãos e entoaram o Hino Nacional.
No início da noite, por volta das 6h30, um segundo grupo, de aproximadamente 500 pessoas, se reuniu para novamente protestar na avenida Prefeito Waldemar Grubba, na frente da empresa Weg. Ao som do Hino Nacional, o grupo interrompeu o trânsito e seguiu até a frente do posto Zandoná, local de um dos piquetes dos motoristas.
Os pedidos, embora externados de maneira particular, culminam em um mesmo ponto: a queda do presidente Michel Temer e a busca por “um país melhor”.
No meio da principal entrada da cidade, os manifestantes deliberaram sobre a possibilidade de liberação da vinda de gás de cozinha e de combustível para Jaraguá do Sul.

Dezenas de manifestantes percorreram as ruas centrais de Jaraguá do Sul na manhã de terça-feira | Foto Eduardo Montecino/OCP
Uma das pessoas, que se identificou como um representante junto a um grupo que envolve a 5ª RPM (Região de Polícia Militar), perguntou se o grupo queria ou não a vinda dos combustíveis.
Em um forte coro, o grupo disse que não. Mas deixou para decidir junto com os caminhoneiros ao fim da caminhada, no posto Zandoná.
Opinião sobre transtornos
O comerciante Sirineu Oleksy, 30 anos, destaca que as pessoas precisam sair da casa para protestar, ao invés de ficar em casa. Para ele, as pessoas precisam tomar uma atitude para mudar o país. Oleksy ressalta que os transtornos causados pela paralisação dos motoristas do transporte de cargas são reflexo de tudo o que os governantes não fazem pelo povo.
“Eu pago muito imposto e os outros comerciantes vão concordar comigo quando eu falo isso. O Brasil que eu quero é esse aqui: o povo na rua para melhorar”, avalia.
Trazendo a família para o protesto, o professor Maurelio Witkoski, 43 anos, o ato é importante justamente para mostrar o que a população quer. Para ele, esse é um dos direitos da população.
De acordo com ele, todas as dificuldades impostas pela greve dos caminhoneiros podem ser superadas, pois “tudo é momentâneo”. Witkoski espera que o movimento que está agitando o país esteja valendo a pena.
A costureira Maria Santana, de 58 anos, foi uma das pessoa que participou doa manifestação da manhã. Ela aponta que a paralisação só pode terminar quando “o Temer cair”. Ela alega que a população ainda não se deu conta do caos vivido no país antes mesmo do movimento.
“O povo de Jaraguá do Sul e do país ainda não acordou, talvez seja tarde demais. Os caminhoneiros estão lá há nove dias em greve, mas o país já afundou há muito tempo.
Nós temos que tirar o Temer e vamos fazer manifestação quantas vezes forem necessárias”, destacou. Maria, que não apenas apóia como pede a continuação da paralisação, afirma que os brasileiros não podem permitir a escassez de emprego e consequente queda na qualidade de vida, o que, para ela, são marcas do governo. “Só podemos parar depois que ele [Temer] cair”, ressaltou.
Aos 31 anos e acompanhada da filha, a costureira Darília Tomazelli foi às ruas demonstrar apoio aos caminhoneiros que, para ela, estão lutando não apenas por uma classe, mas por todos os brasileiros. Ela conta que o marido é caminhoneiro e participa da mobilização em Goiânia. “Não é pelo diesel, é por tudo, é por todos nós. Diminuir 46 centavos? Isso não é acordo.
Não é só pelo diesel”, enfatizou enquanto percorria as ruas de Jaraguá do Sul. Para Darília, a situação tornou-se insustentável em um país que tem taxas crescentes de desemprego e trata sua população com descaso.
“Toda noite o Temer vai para frente das câmeras propor um acordo. Ele tem medo, medo de cair e não tem nenhuma credibilidade”, disse.
Por um país melhor
O estudante André da Silva Corrêa, de 24 anos, vestiu a camisa amarela e foi às ruas “lutar por um Brasil melhor”. Para ele, a alta carga tributária, a desvalorização da Petrobras e do mercado interno brasileiro são apenas algumas das inúmeras demonstrações de total desgoverno do presidente Michel Temer.
“Acredito que todos querem a saída dele, eu quero a saída dele e, neste momento, sou sim favorável a uma intervenção militar porque parece não existir outra opção para tira-lo de lá”, afirmou.
Apesar disso, ele avaliou que o presidente está “muito despreocupado” com uma possível queda, mas o estudante ressaltou o apoio aos caminhoneiros que seguem em paralisação. “Nós não podemos parar enquanto o Temer não cair”, finalizou Maria.
Corupá reúne manifestantes na BR-280
Em Corupá, uma manifestação com cerca de 2 mil pessoas no começo da tarde tomou conta do acesso à cidade, na BR-280. com organização da Aciac (Associação Empresarial de Corupá). O comércio fechou as portas para apoiar a mobilização.
Com a presença de máquinas agrícolas, o chamado tratoraço durou das 14h às 15h30. Na pauta estavam pedidos pela reforma política, reforma tributária, redução do preço dos combustíveis e fim da corrupção.
O executivo da Aciac ressaltou que o evento teve nenhuma conotação política. ” Agente convidou os associados e ficamos surpresos com a mobilização”, destacou.
“Quem iniciou esse movimento todo foi os caminhoneiros e a gente, enquanto entidade, torce para que isso se resolva de uma vez por todas, porque toda a sociedade está sentindo. A gente torce para que entre em acordo”, Jean Carlo Chilomer, executivo da Aciac.