Comparando o conceito de uma roda d’água com o mundo é possível chegar à conclusão de que ambos são movidos pela mesma substância: a água. Enquanto a roda gira com o impulso causado por ela, as atividades cotidianas, o desenvolvimento econômico, a produção de alimentos e tantas outras ações dependem da água para acontecer.
Para ter uma ideia, segundo a organização internacional Water Footprint (Pegada Hídrica da Água), uma xícara de café, por exemplo, consome 132 litros de água, desde a produção até a decomposição na natureza. Um quilo de carne bovina consome, em média, 11 mil litros de água, e um carro, mais de 400 mil litros.
Em relação ao consumo geral, de acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o setor agropecuário utilizou cerca de 70% dos recursos hídricos em 2006, enquanto 20% foram destinados para o setor industrial e 10% para as residências. Na região banhada pela bacia hidrográfica do rio Itapocu, 52% da água é utilizada para a agricultura.
No Brasil, conforme dados divulgados pelo Sistema Nacional de Informações Sobre Saneamento, do Ministério das Cidades, cada pessoa consome aproximadamente 154 litros de água por dia. O número é 44 litros maior do que a quantidade que a Organização das Nações Unidas (ONU) considera necessária para uma pessoa, um total de 110 litros ao dia. Por ano, o consumo médio dos brasileiros está na casa dos 56.210 litros.
O país também exporta 112 trilhões de litros de água doce por ano, conforme a Unesco. Esse número coloca o Brasil entre os maiores exportadores da chamada “água virtual”, um conceito que mede a quantidade de água utilizada e absorvida na produção de commodities agrícolas voltadas para a exportação. Entre os produtos exportados que mais utilizam água, a soja se destaca.

O país também exporta 112 trilhões de litros de água doce por ano | Foto: Eduardo Montecino/OCP
Participando do 8º Fórum Mundial da Água, que ocorre em Brasília até o dia 23, o presidente do Samae, Ademir Izidoro, destaca sobre a importância da população se conscientizar sobre como está sendo tratado esse “alimento”. “Não adianta só economizar, ter que cuidar dos rios desde a nascente, da mata ciliar, e não vejo esse cuidado por parte das pessoas”, aponta Izidoro.
De fato, ele está certo, pois a cada ação de limpeza promovida nos rios da região, em especial o Jaraguá e o Itapocu, a quantidade de entulhos retirada dos leitos dos rios costuma chegar a uma tonelada com facilidade. São embalagens plásticas, pneus, sofás, geladeiras e uma variedade incrível de objetos descartados incorretamente.
Izidoro participa do fórum junto com cerca de 40 mil, vindas de mais de cem países diferentes. “Aqui a gente percebe esse envolvimento com o meio ambiente, é uma forma de difundir a questão da falta de água e demonstrar a importância dela para a sociedade”, completa.
O fórum é considerado o maior evento global sobre o tema água. Organizado pelo Conselho Mundial da Água, instituição internacional que reúne interessados no assunto, tem como missão “promover a conscientização, construir compromissos políticos e provocar ações em temas críticos relacionados à água para facilitar sua conservação, proteção, desenvolvimento, planejamento, gestão e uso eficiente, em todas as dimensões, com base na sustentabilidade ambiental, para o benefício de toda a vida na terra”.
Riqueza hídrica também incentiva turismo
O Brasil é o maior detentor das reservas de água doce do mundo, com 12% da quantia total no mundo. Em Jaraguá do Sul, a riqueza hídrica também está iminente nas paisagens naturais. A cidade, assim como os outros municípios pertencentes ao Vale do Itapocu, está inclusa na Bacia Hidrográfica do Rio Itapocu.
A bacia nasce em São Bento do Sul e tem sua foz localizada na lagoa do município de Barra Velha. O principal rio do sistema é o Itapocu. O curso médio das águas da bacia se caracteriza por rios que possuem certa declividade, apresentam corredeiras de menor velocidade e ocasionalmente ilhas no meio do rio, pedras a areia grossa em seu leito.

O esplendor da força da água nas cachoeiras da região: consumo consciente preservará esta paisagem | Foto: Eduardo Montecino/OCP
Eles contam com extensas planícies que vão desde os 100 metros de altitude até o nível do mar. Na maior parte das planícies há prática de rizicultura e urbanização. Próximo à foz do rio Itapocu, o ponto forte é a pesca artesanal e a mineração de areia para construção civil.
Essa riqueza hídrica, segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo de Jaraguá do Sul, Domingos Zancanaro, deve ser aproveitada com alternativas sustentáveis. “Explorar e preservar tais recursos naturais é uma preocupação das autoridades municipais. A região tem potencial para desenvolvimento econômico, investindo em lazer, locais de contemplação dos rios, esportes radicais e cicloturismo, por exemplo”, explica o secretário.
Ele enfatiza que a grande quantidade de água facilita a fabricação de produtos artesanais diferenciados e com maior qualidade gastronômica. Melhorar as condições do turismo rural e incentivar a pesca são outras frentes que a secretaria assumiu para a gestão. “Agregando valor ao turismo rural, conseguimos fortalecer a agricultura familiar”, avalia Zancanaro.
Uso das águas da bacia do Rio Itapocu:
- 52 % para agricultura
- 24% abastecimento público
- 12% aquicultura
- 8% industrial
- 4% mineração
Para cuidar da água é preciso atitude
A cada ano a água doce no mundo diminui para o consumo humano. Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) mostram que o problema da escassez de água potável é devido ações de desperdício e atitudes equivocadas das pessoas. Estudos feitos anualmente por organizações mundiais apontam que a cada minuto, sete pessoas morrem no planeta por ingerir água insalubre, aproximadamente de 11% da população mundial ainda consome água retirada diretamente de leitos de rios e que crianças nascidas em países industrializados tendem a utilizar de 30 a 50 vezes mais água que as de países de terceiro mundo.
Apesar de 70% da superfície terrestre ser coberta por água, apenas 1% deste total é potável. Isso mostra que é preciso que tenhamos atitudes corretas em relação ao cuidado com a água. Um dado preocupante é que em pleno século 21 ainda existem um bilhão de pessoas que não têm acesso à água potável no planeta e dois milhões de pessoas morrem anualmente pela ingestão de água insalubre, falta de saneamento básico ou falta de higiene.
De fato é preciso mudar, educacional e culturalmente se quisermos ter água potável para o consumo. Nada adianta ter o abaste – cimento universalizado se corremos o risco não termos água para o tratamento. Atitudes conscientes são mais que necessárias. Vivemos um momento crucial no mundo e para que não haja a falta de água seja no planeta, no país, no Estado ou município é preciso agir corretamente. Entenda que cinco minutos é o tempo necessário para se tomar banho, fechar a torneira enquanto se escova os dentes e enxaguar a boca com um copo de água, pode-se economizar por volta de 11,5 litros.
Ao lavar a louça, retirar todo o resto de comida dos utensílios antes de molhá-los; fechar a torneira ao ensaboá-los e abrir o registro para o enxágue. Junte bastante roupa suja antes de ligar a máquina ou usar o tanque. Não lave uma peça por vez. Adotar o hábito de usar a vassoura, e não a mangueira, para limpar a calçada e o pátio da sua casa, bem como usar regador para molhar as plantas ao invés de utilizar a mangueira, entre outras pequenas atitudes podem fazer uma diferença enorme no cuidado com a água.
É preciso ter um olhar mais atento para este recurso natural, pois se faltar é a nossa saúde que irá sentir as consequências da falta de cuidado com a água.