Luiz Carlos Prates – Tudo que é demais aborrece

Por: Luiz Carlos Prates

01/04/2017 - 13:04 - Atualizada em: 06/04/2017 - 13:44

Qual é a dose certa? Sim, você tem razão, depende. Para tudo na vida existe a dose certa, o diacho é acertar essa dose. Qual é para você, por exemplo, a dose certa de dinheiro que você deve ganhar por mês ou ter no banco, dinheiro já garantido? Cada um de nós vai dar uma resposta e, provavelmente, uma resposta errada.
Esta conversa não vem de graça. Há uma razão. E a razão é a lista dos “infelizes” que tenho diante dos meus olhos. Lista com nomes, fotos, endereços, tudo, eles não conseguem passar anônimos. Sabe quem são esses infelizes? Os dez homens mais ricos do mundo. Sim, infelizes, muito infelizes, ainda que eles possam pensar que são felizes.
Antes de ir adiante, deixe-me dar um exemplo bizarro, bizarro mas a mais santa verdade. Imaginemos um menino bem pobre. Um pirulito de framboesa para esse menino é um pedaço do paraíso na Terra. O menino sonha com um pirulito desse tipo… Agora, imaginemos esse mesmo menino dentro de uma fábrica de pirulitos, 130 milhões de pirulitos, todos dele, dados para ele, o menino pobre. Sabes o que aconteceria? O guri perderia completamente o gosto por aquele pirulito inicial, o que ele desejava e não tinha. No momento em que ele tem todos os pirulitos do mundo, acaba-se o gosto, o desejo, o sonho, tudo. Pirulitos para o menino viram nojo ou quase isso.
O mesmo acontece com um sujeito que tem, como o Bill Gates, fundador da Microsoft, 87 bilhões de dólares como patrimônio. Imagine, 1 bilhão equivale a 1000 vezes 1 milhão. O cara tem 87 bilhões, não de reais, de dólares. O que fazer com isso? Nem rasgando dinheiro o dia todo ele ficaria pobre. E aí, entra a consciência da finitude, do contar das horas que sobram para morrer… E o dinheiro vai ficar. Warren Buffet, o segundo mais rico, tem 75 bilhões de dólares, e o mais “pobre” da lista dos 10 tem “só” 47 bilhões, o pobretão…
O que quero dizer é que todos nós precisamos de ter “apenas” o bastante, isto é, o que nos basta ou bastaria para viver. Isso depende de pessoa para pessoa, mas ninguém precisa de muito mais do que já tem. Muito mais é encrenca e desespero, o sujeito sabe que vai morrer e o dinheirão ficar. Isso enlouquece. Melhor é ser pobre? Às vezes, sim, muitas vezes sim…

Excessos

Alguém me pode chamar de louco, mas… Quem já não ouviu dizer que “tudo o que é demais aborrece”, e não é verdade? Um beijinho, dois, três, muitos beijinhos na mulher amada, Santo Deus, que paraíso, mas… Chega um momento em que ela vai dizer, – Ah, espere, deixe-me respirar! Vale para tudo, tudo o que é demais aborrece. Dinheiro também. Alguns vão dizer que enlouqueci ou que devo estar nadando em dinheiro para dizer o que digo… Não é preciso, vejo famílias se entredevorando por uma herança ridícula, irmãos se matando, praguejando uns contra os outros, tudo pelo dinheirinho do idiota do papai…

Falta dizer

E digo mais, lembrando Salomão, o filho de Davi, – “No muito saber está a angústia”. Até saber demais, ter conhecimentos avançadíssimos faz mal à saúde. No bastante/suficiente está a paz, a saúde e a felicidade. Credo!