Jaraguaenses lidam com dificuldades impostas por movimento dos caminhoneiros

Por: Claudio Costa

29/05/2018 - 09:05 - Atualizada em: 30/05/2018 - 09:58

O trânsito tranquilo e o pouco movimento de pessoas na região central de Jaraguá do Sul ficaram claramente perceptíveis no primeiro dia da segunda semana de protestos dos caminhoneiros em todo o país.

Nesta segunda-feira (28), com poucos ônibus circulando, o clima era de tranquilidade, mas muita gente temia pelos reflexos da falta de abastecimento de alimentos e combustível.

Uma mensagem que corre pelos grupos de Whatsapp conclama a população para fechar as principais ruas da cidade na manhã desta terça-feira. O texto pede que a população feche os principais entroncamentos do município para pedir a renúncia do presidente Michel Temer.

A cozinheira Maria José Alves, 47 anos, não está trabalhando na cozinha de uma grande indústria do vestuário pela falta de alimentos. Ela conta que o horário fracionado de ônibus dificulta ainda mais o deslocamento do bairro Nereu Ramos.

Agora, ela tem que usar o tempo vago para levar o filho que mora com uma das irmãs para a escola. “Hoje ele já não foi porque não tinha o ônibus escolar. Eu tenho que ir até a casa da minha filha para pegar ele, levar e buscar na escola”, conta Maria.

Marilza Aparecida Ribeiro, 41 anos, é diarista e depende do marido para ir até os clientes. Com o carro sem combustível, precisou sair de casa às 6h para pegar um ônibus e ir para o trabalho porque o carro estava com pouca gasolina.

Marilza vai perder um dia de trabalho para ficar com as filhas em casa | Foto: Eduardo Montecino/OCP

Antes de ir para o trabalho a pé, o marido levou as duas filhas para a escola de carro, mas não vai poder levar nesta terça porque o veículo está sem gasolina.

“A escola é longe e não dá para levar as crianças a pé. Eu não tenho como largar as duas sozinhas. Então, vou ter que parar de trabalhar um dia para cuidar delas”, lamenta.

Quem ainda tem combustível tenta economizar

Parado no ponto durante a tarde, o taxista Nelson Nande Scarpato reclama que o movimento de passageiros foi pequeno nesta segunda. Na parte da manhã, ele conta que fez quatro corridas pequenas e, no período da tarde, ainda não havia feito nenhuma.

“Era para ficar em casa porque estou com pouca gasolina. Eu não gosto de entrar em filas e tinham muitas a sexta. Não gosto de fila nem para me confessar”, brinca. “Eu até tenho o gás no veículo, mas no inverno ele precisa que esteja com o motor quente. Muitas vezes, nem vale a pena”, completa.

O metalúrgico Rodrigo Alves Ribeiro, 39 anos, está tentando dividir as tarefas do trabalho com os deveres de pai. Como havia abastecido o carro na quarta-feira (23), não havia mais combustível no sábado.

O filho de Rodrigo vem para a creche de van, mas o combustível do veículo de uso coletivo pode ter acabado ainda nesta segunda. “Eu vou ter que negociar com a empresa para ficar com ele em casa. Ainda acredito que a própria empresa vai dispensar os funcionários porque está começando a faltar matéria-prima”, analisa.

A operadora de máquinas Tassiane Montibeler, 22 anos, conseguiu levar o filho para a creche nesta segunda, vai novamente na terça, mas não tem certeza de que o carro terá combustível para levá-lo na quarta.

Ela e o marido abasteceram o carro na sexta-feira, mas parece que não foi o suficiente. “Ele trabalha com o carro. Eu vou pegar o ônibus e, quando retorno do trabalho, vou pegar o nosso filho. Não sabemos como vamos abastecer novamente”, destaca.

Ela conta, ainda, que a vida está complicada por causa da falta de produtos nos supermercados, por exemplo.

Marta já não encontra diversos itens nas gôndolas dos mercados | Foto: Eduardo Montecino/OCP

A aposentada Marta Regina Neiverth, 54 anos, apoia a greve dos caminhoneiros e acha que o governo precisa ver que o povo não aguenta mais tanta corrupção. Ela conta que já estava precavida sobre o combustível e que abasteceu um pouco mais quando teve uma oportunidade.

Ela afirma que já falta diversos itens nas gôndolas dos estabelecimentos em toda a cidade. “Não estou conseguindo encontrar o que eu quero. Não tem café nem ovos. Fui em três mercados e falta farinha. Não tem mais pão no mercado. Está bem complicado”, observa.

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