Pensar o futuro passa por pensar no aqui e agora. De que forma ações, atitudes, ideias desenvolvidas hoje vão impactar a realidade local – e do mundo – lá mais para frente?
Uma equipe de 10 alunos da rede pública de ensino de Jaraguá do Sul, com idades entre 9 e 14 anos, parece já estar bem consciente disso.
Motivados pela competição de robótica First Lego League (FLL) -, o grupo desenvolveu um aplicativo de caronas para o transporte de materiais descartáveis ao Ponto de Entrega Voluntária (PEV).
Desde fevereiro do ano passado, o PEV funciona de segunda-feira a sábado recebendo descartes que não são recolhidos pela coleta de lixo convencional, nem pela coleta seletiva – que recolhe resíduos recicláveis.
Ao PEV são destinados materiais como móveis velhos, lixo eletrônico, lâmpadas, óleo de cozinha, entre outros.
Mas, apesar da cidade contar com um local próprio para esse tipo de descarte, os alunos descobriram, por meio de uma pesquisa, que o PEV acaba sendo usado bem menos do que poderia.
E o motivo não é apenas falta de conhecimento do local pela população, mas principalmente a dificuldade no transporte até o PEV. É o que mostrou a pesquisa dos alunos.
Transporte e falta de tempo
Segundo o levantamento, feito em agosto do ano passado, entre os entrevistados que consideram o PEV pouco utilizado, 36,9% acreditam que o motivo é a falta de tempo e 49,2% – quase a metade – acha que o motivo é o transporte dos materiais.
A competição do FLL todo ano traz um tema que direciona o trabalho que os alunos devem apresentar. Nesta edição, o tema foi city shaper, que busca soluções inovadoras para problemas da comunidade.
Então, para o problema encontrado em Jaraguá do Sul, o grupo – batizado de Imhotep -, desenvolveu uma solução colaborativa e que tem tudo a ver com a cidade.
Pelo aplicativo Trashride, usuários podem oferecer caronas ao PEV e também procurar por caronas agendadas, aproveitando uma mesma viagem, principalmente quem não tem veículo próprio ou por alguma outra impossibilidade.
O projeto do grupo demonstra como a tecnologia pode estar a favor da comunidade.
“A gente espera muito que, mais como consequência (do aplicativo), a cidade acabe ficando um pouco mais limpa, mais agradável, mas também que a comunidade vai acabar se reunindo, vai acabar se juntando, isso vai movimentar bastante a comunidade”, diz o estudante e membro do Imhotep, Maicon Antoniolli, de 13 anos.

Maicon Antoniolli acredita que aplicativo vai incentivar ainda mais o voluntariado jaraguaense | Foto Dielin da Silva/OCP News
“É aumentar o voluntariado da cidade, que já é grande”, complementa André Muller, de 10 anos, também membro do grupo e participante da competição.
A vocação voluntária de Jaraguá do Sul foi comentada com os alunos pelo presidente da Fujama (Fundação Jaraguaense do Meio Ambiente) Normando Zitta Junior.
O grupo entrevistou o presidente e apresentou a ideia do aplicativo, já que o PEV foi criado em foi criado em parceria com a Prefeitura, Fujama e Samae.
App de caronas precisa de apoio
Para desenvolver o aplicativo, o grupo encontrou algumas dificuldades.
Para contornar o problema, a sugestão da aluna Kely Badaz foi de contratar uma empresa desenvolvedora, que se interessou pela ideia e ainda ofereceu um valor mais acessível pelo trabalho.
Com a parceria, o grupo conseguiu finalizar o projeto, que está em fase de testes. A professora de robótica e técnica da equipe, Tulipa Silva, conta que o grupo vai disponibilizar o aplicativo para download em site próprio.
A ideia, diz Tulipa, é que a ferramenta seja usada massivamente, para ser testada e fornecer dados estatísticos.

Professora Tulipa Silva incentiva alunos no projeto | Foto Dielin da Silva/OCP News
O período de testes vai até o dia 8 de fevereiro. “E o que já está agendado (de caronas) lá, é real, já está funcionando”, destaca a professora.
Mas, após o período de testes, o grupo encerra a parceria com o desenvolvedor.
Para que a ideia não caia no esquecimento e o aplicativo continue ativo e crescendo, o grupo depende de apoio de alguma empresa que possa ceder espaço em seu servidor para hospedar a ferramenta ou financie os custos de manutenção do aplicativo.
“A gente até viu questão de valores, os servidores mais baratinhos dá uns R$ 50 por mês, mas aí você tem o custo da manutenção, e a parte da programação já está num nível que as crianças ainda não conseguem complementar, em colocar no próprio servidor, e configurar, é bem complexo ainda para a gente”, explica a professora.

Equipe Imhotep encontra solução colaborativa para problema de Jaraguá do Sul | Foto Dielin da Silva/OCP News
O grupo tem uma conta no Instagram e também um site. Quem tiver interesse em apoiar o projeto pode entrar em contato por esses canais.
“Estamos na expectativa, se tudo der certo o aplicativo vai ter vida longa”, espera a professora.
Saiba mais
A Equipe Imhotep é composta pelos alunos Paulo André, Cauan Alcantara, Rafael Savallisch, Mateus Savallisch, Gustavo Petry, Maicon Antoniolli, Vitória Nora, Kely Badaz, André Müller e Kirian Farias.
As escolas que eles representam são a EMEB Gertrudes S. Milbratz, EMEB Antônio E. Ayroso, EMEB Helmuth Guilherme Duwe, EMEB Ricieri Marcatto.
Também fazem parte da equipe dois técnicos, a professora de robótica Tulipa Silva e o TI Rafael Weber Martins.
Além da Imhotep, outras três equipes da rede municipal de Jaraguá do Sul participam da competição, com outros projetos: J4R4, RobôLotam, Robots’ Squad.
Os grupos que participam da competição fazem parte do programa Robótica na Escola, da Secretaria Municipal de Educação.
Baixe o app
Como o aplicativo está hospedado em um servidor provisório, ainda não é possível encontrar o Trash Ride em lojas tradicionais como o GooglePlay e Apple Store.
Você pode baixar a aplicação aqui. Lembre-se de autorizar a instalação no seu aparelho.
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