Guaramirim registrou no dia 5 de abril o primeiro caso de Covid-19. Quase três meses depois, no dia 2 de julho, houve a primeira morte registrada. A pandemia vem evoluindo em número de casos gradativamente no segundo maior município da região, o que tem exigido esforço contínuo na conscientização da população.
A preparação para encarar a proliferação do vírus começou já em março, quando o governo do Estado decretou a quarentena.
A Secretaria Municipal de Saúde rapidamente criou um comitê de enfrentamento a doença, trazendo Associação Empresarial de Guaramirim (Aciag), Bombeiros Voluntários, Polícia Militar, Hospital Santo Antônio e Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) para os debates.
A secretária Cheila Patricia Rohweder comenta que foram sendo tomadas medidas prevendo os padrões de proliferação do vírus vistos ao redor do mundo.
Foram reforçados os estoques de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), credenciados laboratórios do município para a realização de exames, foram comprados 3 mil testes rápidos e estruturados protocolos de atendimentos na atenção básica.
Também foram abertos dois Centros de Triagem, que no final de junho acabaram sendo centralizados no AME (Ambulatório Municipal de Especialidades), no Centro. Atualmente a unidade funciona das 7 às 19h recebendo os casos suspeitos. O município também contratou três novos médicos.
Cheila destaca que o reforço no atendimento tem o objetivo de estimular a população a buscar atendimento conforme surgirem os primeiros sintomas – quando já é adotado um tratamento.
“Quanto mais tempo, mais se agrava a situação e mais se precisa de leitos de UTI, o que torna a situação mais difícil”, comenta.
Casos monitorados
A secretária de Saúde comenta que o município também tem monitorado a cada 48 horas as pessoas que tiveram resultado positivo para Covid-19. A equipe faz o telefonema para monitorar os sintomas e dar orientações.
No entanto, foram registrados casos onde a população não seguiu as orientações e a Secretaria precisou ir presencialmente, inclusive com apoio da Polícia Militar. O número de denúncias de pessoas com a doença circulando pela cidade também foi alto, revela Cheila.
“A gente sempre parte do princípio que a Prefeitura e Secretaria de Saúde tem sua responsabilidade sim, cumpre essa responsabilidade ao máximo possível, e aqui falamos de saúde no geral, mas a população também tem uma responsabilidade, que às vezes é falha”, avalia.
Conscientização popular
Além de todas as ações de preparação, o prefeito de Guaramirim Luís Antônio Chiodini aponta a importância de ter sido adotada uma comunicação transparente com a população.
“Fomos interlocutores, porque os fakes foram muito explorados, isso ao nível nacional e internacional, e aquela piadinha que faziam no começo sobre o Covid- 19 enquanto não tinha chegado no Brasil, no Sul do Brasil, em Santa Catarina e na Amvali, foi o que levou a população a não levar a sério”, avalia Chiodini. “O que deixou isso tão sério no nosso país foi a brincadeira”.
Várias formas de comunicação foram adotadas para alertar os moradores. Inclusive o tradicional carro de som que emite as informações sobre os cuidados necessários para evitar a doença.
A secretária de Saúde comenta que a população já adotou uma postura mais consciente, mas houve muitos relatos de festas, aglomerações e conversas de porta de casa sem máscara ou distanciamento.
“E o cuidado em casa, porque a gente vê que se um da família pega, quase sempre todos pegam”, comenta Cheila. “É importante a população se conscientizar que o Covid tem uma transmissão enorme e mata sim”.
A tendência, acredita ela, é que os números tenham um sobe e desce entre restrições e liberações em serviços como transporte público, locais de alimentação, supermercados, entre outros.
Cheila ressalta que a postura de cuidados precisa ser constante para a população até que exista uma vacina eficaz e que esteja amplamente disponível.
Hospital mais preparado
No Hospital Municipal Santo Antônio, de Guaramirim, a quarentena em março representou tempo de preparação para ter condições de atender os eventuais casos mais graves, que começaram a chegar a partir de junho.
“O decreto do poder público municipal e estadual possibilitou que freasse a doença e que a gente tivesse preparado. Isso nos possibilitou preparar pessoal, treinar, e receber alguns equipamentos que demoraram a chegar, mas chegaram”, comenta o diretor da unidade, Valmor Busnello.
Com tempo e apoio da comunidade, o hospital conseguiu melhorar a estrutura para encarar a nova doença, implantando protocolos, treinando profissionais e trazendo um infectologista para acompanhar semanalmente os protocolos e evolução dos pacientes.
“Conseguimos dar respostas boas para quem precisou dar atendimento”, revela.
A unidade também foi toda replanejada para dar conta dos atendimentos. Foram criadas duas portas de entrada, uma para pacientes com suspeita de infecção pelo coronavírus e outra para atendimentos gerais. A unidade foi praticamente dividida ao meio.
“São duas estruturas, com médicos, equipe e equipamentos próprios”, comenta, revelando que o município seguiu padrões internacionais de atendimento.
Investimentos da comunidade
Recursos para equipar o hospital vieram do Fundo Solidário de Enfrentamento à Covid-19, criado no final de março pelo comitê municipal
Foram destinados R$ 300 mil pela Grupo WEG destinados à compra de dois respiradores e três monitores cardíacos, além de EPIs. Além do valor em espécie, a WEG Tintas, doou 15 bombas de infusão e mais de 38 mil máscaras cirúrgicas.
Com isso, o setor de combate ao Covid conseguiu ter possui espaço possui dois leitos equipados com respirador, ventilador e bombas de infusão, monitor e demais equipamentos necessários, e mais 13 leitos para internação clínica.
O presidente da Aciag, Gilberto Ronchi, comenta que as entidades viram já no começo da pandemia no Brasil, dado o cenário mundial, que seria fundamental equipar o hospital para atender os casos mais graves.
“A razão de ser de qualquer entidade o interesse da comunidade, a existência esta intimamente ligada em servir a comunidade mesmo. A gente viu a dificuldade em primeiro momento, do próprio hospital que tem os seus recursos escassos como em qualquer município, no estado” comenta.
O prefeito Luís Chiodini comenta que ter essa possibilidade de atendimento emergencial mais adequado é importante dado que em muitos momentos o Hospital São José, referência regional, chegou a estar com a capacidade comprometida.
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