Fungo gigante é encontrado no Oeste de Santa Catarina

Foto: Divulgação/Unochapecó

Por: Elissandro Sutil

25/05/2021 - 13:05 - Atualizada em: 25/05/2021 - 13:47

Era um dia normal na chácara do médico Evandro Nicola, localizada na Linha Primavera Alta, interior do município de Maravilha. Um funcionário do local estava realizando o plantio de árvores, no último fim de semana, quando se assustou ao ver o que para ele era uma ‘cachopa de abelhas’. Ao analisar com cuidado e limpar a vegetação ao redor, descobriu ser, na verdade, um fungo gigante, com a estrutura de cogumelo.

“Coisas que só a mãe natureza é capaz de nos proporcionar”, conta o médico.

Foto: Reprodução/Unochapecó.

 

O fungo encontrado faz parte do gênero Macrocybe, mas só será possível descobrir qual espécie após a análise de um especialista da área. Porém, é impossível não ficar impressionado com seu tamanho: 62 centímetros de comprimento e 18,2 quilos. Por isso, Evandro não teve dúvidas de que precisava compartilhar o achado com especialistas da área e entrou em contato com o curso de Ciências Biológicas da Unochapecó.

“Fiz a doação do mesmo à instituição e fiquei muito feliz em ver o interesse e comprometimento deles com a descoberta”, diz.

O trabalho de retirada dos fungos do local foi realizado pela equipe do Museu de Ciências Naturais da universidade. Agora, entra em ação o trabalho dos profissionais do Museu para a conservação do achado, que deve seguir uma série de procedimentos padrões, para que depois ele integre o acervo.

“Esse é um tipo de fungo com muita água, pouco resistente, por isso, certamente no processo de conservação, ele não vai ficar como foi encontrado. Ele vai ser desidratado, e nisso vai perder 80% do volume e a partir daí ele vai poder ser conservado. Isso se faz com fungos de modo geral, sempre com perda da qualidade visual. A dificuldade é que ele é muito espesso, muito grande, então vamos ter que cortar ele em fatias, pois não tem como desidratar inteiro. Se tentar desidratar ele em partes muito grandes, ele mofa. E isso é o maior inimigo de coleções científicas”, explica o professor de Ciências Biológicas da Unochapecó, Adriano Dias de Oliveira.

Agora, após o fungo passar pelo processo de conservação, ele estará disponível para visitação no Museu da Unochapecó, junto ao acervo com demais exemplares nativos da nossa região. Uma oportunidade única para conhecer e entender melhor tudo o que integra a nossa biodiversidade do Oeste catarinense.

“Para a instituição, é um elemento incomum no acervo que nós temos, por isso só já se justifica, e o museu e o curso ficam muito agradecidos ao médico Evandro ter tido o interesse em disponibilizar esse material para a gente, pois certamente aqui ele tem um valor muito grande, e talvez lá ele se decompusesse e perdêssemos essa referência tão incomum”, completa Adriano.

Foto: Reprodução/Unochapecó.

Importância dos fungos

O professor destaca que os fungos formam essa estrutura de cogumelo quando vão fazer uma parte do ciclo de vida deles, que é a reprodução sexuada. Não ter o cogumelo não significa que o fungo não esteja no ambiente, pois ele pode estar misturado com a matéria orgânica morta, por exemplo, mas no formato de hifas, de micélio, que são parecidos com os mofos que costumamos ver em frutas e outros alimentos.

“Então, ele está misturado com o material que consome e visualmente a gente não sabe que ele está ali. Não sabemos até que ponto esse fungo não está mais presente nas regiões em que ele é encontrado, mas ele não é visto, pois dificilmente forma o cogumelo. São encontros ocasionais, por isso é muito interessante termos achado ele aqui na região”.

Além de estarem em praticamente todos os lugares, a toda hora, os fungos também prestam serviços ecológicos importantíssimos, como por exemplo, a decomposição da matéria orgânica e ajudar as plantas a obterem nutrientes como fósforo.

“Claro que temos também os fungos comestíveis e é possível que esse fungo encontrado seja comestível, mas ainda não é possível afirmar isso. Mas também existem muitos fungos que são problemáticos, causam apodrecimento de produtos que nos interessam, como os alimentos, podem produzir toxinas e podem causar doenças para diferentes seres vivos, plantas, humanos e outros animais”, relata Adriano.

 

 

*Com informações de Unochapecó.

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